30/12/11

Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Era uma vez..."



"Era uma vez...

A tarde toda o avô contava histórias.
Aturdidos, ensonados, na infância dos sonhos,
devorávamos o mel à narrativa, que sempre concluía:
Ainda além vai a raposa, a correr a sete pés.
O avô apontava para um longe.
Meus olhos arregalavam-se
para o mais pra lá da abrasada varanda:
Eram montes sobre montes,
insolados, quentes, graves dorsos,
arrasando-os maravilhada aridez."

(Ângelo Ochôa, Poeta)




Ângelo Ochôa - "Era uma vez..."

2 comentários:

  1. ...amigo, 'isto' era por 1951. ainda não havia nem net nem tv. avô era o legendário contador de histórias que netos adoravam ouvir...era todo um cadinho de humanidade veneração respeito que a nós chegava dos ancestrais. e a história era simples, raposa matreira e lobo esfaimado comece-te meei-te acabei-te e raposa devora cordeiro que lobo já só sustém pelo rabiço. puxa puxa e dá um bate cu pra trás. vai no encalço da raposa que a sete pés galga monte dando às de vila diogo. quando avô aponta o monte diz que ela ainda lá vai. e nós espantomo-nos da maravilha trás-os-montes. Abraço Amigo.

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  2. Num tempo em que os anciãos eram tratados com a dignidade e respeito que mereciam, contavam as histórias de outros tempos, eram o garante da passagem das tradições milenares, de geração em geração...
    Todas as grandes civilizações tinham os anciãos, como fontes de saber e poder de decisão, nas situações mais complicadas da tribo... e assim o Mundo sempre foi rolando... e nós que isolamos e ignoramos os idosos, o que nos caberá, o que nos espera...
    Vale Amigo Poeta, Ângelo Ochôa, que nos trouxe uma recordação mágica!

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