«ETA anuncia fim de 43 anos de luta armada
"Uma decisão clara, firme e definitiva". Foi assim que a organização terrorista ETA anunciou hoje o fim da luta armada pela independência do País Basco.
O anúncio foi feito através de um comunicado escrito e em vídeo publicado nas edições digitais dos diários bascos Gara e Berria.
Os três encapuzados que comparecem em nome da organização terrorista apelaram aos governos de Espanha e França para "abrir um espaço de diálogo direto", destinado a solucionar "as consequências do conflito".
"É tempo de olhar para o futuro com esperança. É tempo de atuar com responsabilidade e valentia", sublinha um dos etarras no comunicado.
Os três encapuzados que comparecem em nome da organização terrorista apelaram aos governos de Espanha e França para "abrir um espaço de diálogo direto", destinado a solucionar "as consequências do conflito".
"É tempo de olhar para o futuro com esperança. É tempo de atuar com responsabilidade e valentia", sublinha um dos etarras no comunicado.
Entretanto, o primeiro-ministro espanhol já reagiu à notícia do cessar-fogo da ETA. "Haverá uma democracia sem terror, mas não sem memória", disse, esta tarde, no Palácio de Moncloa, o primeiro-ministro José Luís Zapatero.
Visivelmente emocionado, o dirigente político dirigiu-se ao povo espanhol dizendo-se "consciente da importância transcendental do anúncio", sublinhando a sua "confiança" e a dos espanhóis na "democracia e liberdade de Espanha".
"Durante muitos, demasiados anos, sofremos e combatemos o terror até conseguirmos finalmente que a razão democrátia abrisse caminho. E isto só é possível graças à determinação de todos os governos democráticos e seus presidentes", referiu.
Anúncio do cessar-fogo chega depois de conferência de paz
O anúncio do cessar-fogo acontece três dias depois da Conferência de Paz de San Sebastián, em que os vários representante internacionais instaram ao fim da violência numa declaração de cinco pontos produzida durante o congresso. Globalmente, o comunicado sugeria o início de conversações entre os governos francês e espanhol com a organização terrorista.
Durante muitos, demasiados anos, sofremos e combatemos o terror até conseguirmos finalmente que a razão democrátia abrisse caminho José Luís Zapatero, primeiro-ministro espanhol
A ETA diz que está a começar "um novo tempo político". A violência da luta, explicam, levou-lhes muitos companheiros e muitos continuam presos. "Não foi um caminho fácil", escrevem no comunicado, sem nunca fazer referência aos milhares de vítimas que fizeram ao longo dos anos.
No documento, a ETA refere-se diretamente à conferência internacional que decorreu segunda-feira no País Basco, onde estiveram, entre outros, Kofi Annan e Gerry Adams, que considerou "uma iniciativa de grande transcendência política.
"A resolução reúne os ingredientes para uma solução integral do conflito e conta com o apoio de amplos setores da sociedade basca e da comunidade internacional", afirmam.
O Batasuna, o partido político que para muitos é o braço político da organização, mas que no início do ano se demarcou da atuação da ETA ao pedir publicamente um cessar-fogo definitivo, ainda não se procunciou sobre a decisão da organização.
829 vítimas mortais em 43 anos
O grupo separatista basco foi fundado em 1959 e enveredou pela luta armada em 1968. A Euskadi Ta Askatasuna tinha como objetivo a formação de um estado independente - a Euskadi.
Cinco décadas após a sua formação, a organização estava agora debilitada por uma forte operação policial e judicial lançada sobre si nos últimos dois anos.
Durante os 43 anos de vigência, a ETA anunciou vários cessar-fogos. Primeiro em 1989, depois em 1996 e 1998, mais tarde em 2006 e agora em 2011. Porém, a organização terrorista regressou sempre com ataques mortais.
O grupo separatista basco matou 829 pessoas, fez milhares de feridos e sequestrou centenas de civis.
@ Vera Moutinho e Nuno de Noronha» in http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1195445.html
(ETA em fim de percurso)
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