«REVOLUÇÃO OPERADA NO BANCO
Ponto prévio: desconfie dos números, aparentemente excessivos num enfoque exclusivo à primeira parte e manifestamente curtos na análise restrita à segunda, porque com Moutinho, James e Kléber foi diferente. Mais do que isso, porque é com intérpretes que se conta a história de um jogo, ainda que desenhado por altos e baixos. Mesmo assim, aos soluços, o campeão goleou (3-0).
À entrada audaz do Paços de Ferreira, que accionou bem cedo uma estratégia especialmente talhada para a exploração do contra-ataque rápido, o FC Porto respondeu com um domínio progressivo e crescente, mas alternando no processo o bom e o sofrível com demasiada frequência. À ameaça azul e branca faltavam, sobretudo, movimentos de ruptura e momentos de desequilíbrio.
Todos os indicadores de jogo sublinhavam a superioridade portista, que, no entanto, carecia da confirmação pelo golo, ao qual Belluschi fez a primeira e a melhor aproximação, numa variante improvável: de cabeça, a cruzamento de Alvaro (numa das suas melhores exibições da época). Pouco depois, já na transformação de um livre, o argentino convenceu momentaneamente a plateia de que o mais difícil estava feito, enquanto a bola rodopiava no lado errado das redes: o de fora.
Entre a réplica pacense, a apelar repetidamente à velocidade, Varela quase surpreendeu Cássio, que evitou a vantagem portista numa tentativa de chapéu, que chegou a esbarrar na trave. O assédio oscilante do campeão, ainda em busca da dinâmica perfeita, multiplicou as situações aflitivas na área adversária, ao ponto de Melgarejo, por ironia cedido pelo Benfica, introduzir a bola na baliza que então defendia.
O intervalo chegou logo a seguir e a segunda parte trouxe Moutinho. Com a entrada, não muito tempo depois, de James e a de Kléber, que o precedeu, o FC Porto recuperou energia e acutilância ofensiva, com a curiosidade (ou talvez não) de os três jogadores terem elaborado o lance que deu origem ao segundo golo: com um passe atrasado, o português preparou o remate do colombiano, que acertou no poste, e o brasileiro rectificou a trajectória na recarga.
Os espaços, até então raros e geridos ao centímetro, cresceram com a vantagem, conquistando metros e ampliando a dimensão do ataque portista e a lista de tarefas de Cássio, que pouco ou nada pôde fazer para evitar o 3-0, num remate de João Moutinho, "teleguiado" ao canto inferior direito.
De concepção difícil e até curiosa, pela carga de insólito que o primeiro golo carrega, a vitória que mantém os Dragões na liderança da Liga acaba por parecer escassa, sobretudo se analisada à luz do número de oportunidades de golo criadas, em particular na segunda parte.
FICHA DE JOGO
FC Porto-Paços de Ferreira
Liga 2011/12, nona jornada
28 de Outubro de 2011
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 30.318 espectadores
Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)
Assistentes: Nuno Roque e Hernâni Fernandes
Quarto árbitro: José Quitério Almeida
FC PORTO: Helton «cap.»; Sapunaru, Rolando, Mangala e Alvaro; Fernando, Belluschi e Defour; Hulk, Walter e Varela
Substituições: Defour por João Moutinho (46m), Walter por Kléber (56m) e Hulk por James (59m)
Não utilizados: Bracalli, Maicon, Guarín e Djalma
Treinador: Vítor Pereira
PAÇOS DE FERREIRA: Cássio; Filipe Anunciação, Cohene, Eridson e Luisinho; André Leão, Luiz Carlos e Josué; Manuel José, William e Melgarejo
Substituições: William por Michel (54m), Josué por Caetano (74m) e Manuel José por Vítor (83m)
Não utilizados: António Filipe, Fábio Faria, Lugo e Bacar
Treinador: Luís Miguel
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Melgarejo (45m, auto-golo), Kléber (64m) e João Moutinho (84m)
Disciplina: cartão amarelo a Kléber (62m) e Josué (62m)» in http://www.fcporto.pt/Noticias/Futebol/noticiafutebol_futfcppferreiracro_281011_64828.asp
FC Porto 3-0 FC P. Ferreira
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