Ilídio Sardoeira, Escritor e Poeta de Canadelo, Amarante!
"A MINHA ALDEIA
A minha aldeia fica entre montanhas
De gigantesco porte desolado,
Que ciclópicas mãos,
Em primitivas eras, modelaram
Com fragaredos nus e terra negra!
Há montes que do caos dimanaram,
Em louca desfilada,
E ficaram suspensos do infinito
Como tomados de íntimo pavor!
O derradeiro gesto eternizou-se...
que no mundo só fica e permanece
A tragédia das coisas e dos homens.
Nela se cruzam ventos rumorosos,
Que, nos pinhais noviços,
Ensaiam, altas horas da noitinha,
Bailados demoníacos.
Ó vento rugidor! Remoto espectro
Do mar camoneano e tormentoso!
Tu recitas estrofes escabrosas
De algum velho poema indecifrável
Do tempo dos titans!
A minha aldeia é cheia de carreiros,
Que vão de monte a monte...
E, pelas tardes êrmas,
Meus olhos vão enchê-los de figuras,
Apagadas na noite de além-mundo,
E que à força de sulcos e pègadas,
Os abriram à vida!
São delidas imagens que perpassam
Nos caminhos desertos...
Mendigos de olhos fundos, encovados,
Sacos vazios no ombro...
Lenhadores hercúleos carreando
Molhos de tojo e de urze reflorida...
Pobrezinhas crianças andrajosas
Anémicas e tristes,
E loucos que arremessam grandes pedras
Aos demónios da sua fantasia
E que fôram, talvez, os seres primeiros,
Que, nas vertentes rudes,
Abriram os caminhos tortuosos,
A passos de loucura!
E, nos carreiros êrmos, lá vão eles,
Lá vão êles, também,
Os meus passos, já dados, que não voltam!
E lá vou eu, agora, a repetir,
Nos torcidos atalhos da memória,
As pègadas que dei, uma por uma,
Nos caminhos do mundo!
(...)
"A MINHA ALDEIA
A minha aldeia fica entre montanhas
De gigantesco porte desolado,
Que ciclópicas mãos,
Em primitivas eras, modelaram
Com fragaredos nus e terra negra!
Há montes que do caos dimanaram,
Em louca desfilada,
E ficaram suspensos do infinito
Como tomados de íntimo pavor!
O derradeiro gesto eternizou-se...
que no mundo só fica e permanece
A tragédia das coisas e dos homens.
Nela se cruzam ventos rumorosos,
Que, nos pinhais noviços,
Ensaiam, altas horas da noitinha,
Bailados demoníacos.
Ó vento rugidor! Remoto espectro
Do mar camoneano e tormentoso!
Tu recitas estrofes escabrosas
De algum velho poema indecifrável
Do tempo dos titans!
A minha aldeia é cheia de carreiros,
Que vão de monte a monte...
E, pelas tardes êrmas,
Meus olhos vão enchê-los de figuras,
Apagadas na noite de além-mundo,
E que à força de sulcos e pègadas,
Os abriram à vida!
São delidas imagens que perpassam
Nos caminhos desertos...
Mendigos de olhos fundos, encovados,
Sacos vazios no ombro...
Lenhadores hercúleos carreando
Molhos de tojo e de urze reflorida...
Pobrezinhas crianças andrajosas
Anémicas e tristes,
E loucos que arremessam grandes pedras
Aos demónios da sua fantasia
E que fôram, talvez, os seres primeiros,
Que, nas vertentes rudes,
Abriram os caminhos tortuosos,
A passos de loucura!
E, nos carreiros êrmos, lá vão eles,
Lá vão êles, também,
Os meus passos, já dados, que não voltam!
E lá vou eu, agora, a repetir,
Nos torcidos atalhos da memória,
As pègadas que dei, uma por uma,
Nos caminhos do mundo!
(...)
Ilídio Sardoeira, Excerto do Poema A Minha Aldeia, 1940"
«Poeta, professor, escritor e conferencista Ilídio Ribeiro Covelo Sardoeira, escritor, poeta e conferencista, nasceu na freguesia de Canadelo em 12 de Novembro de 1915. Licenciado em Ciências Biológicas, exerceu a docência, foi director da "Voz do Marão" e "Alma Nova" e colaborador de muitas publicações, entre as quais as revistas "Vértice", "Seara Nova", "Labor", "Lusíada" e "Átomo".De entre os escritos que publicou, referem-se, de forma aleatória: "A minha Aldeia", "Pascoaes - um Poeta de sempre", "Provas", "História do Sangue"", "Nota à margem de dois livros" , "Influências do Principio da Incerteza no Pensamento de Pascoaes", "A Origem da Vida", "Poemas".»
----------------------------------------------------------------------------------------------------Foi com enorme alegria que recebi da minha ex-colega, Dra. Regina Sardoeira, um excerto do poema, "A minha terra", escrito pelo seu tio, o ilustre Professor, Dr. Ilídio Sardoeira, um Poeta de Amarante e de Canadelo, terra que tanto adoro!
A lindíssima aldeia de Canadelo, que tanto inspirou Ilídio Sardoeira!
Podem visitar o site de Regina Sardoeira, em:
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