Biblioteca Municipal Dr. Albano Sardoeira!
«Convento de São Gonçalo de Amarante
Integrada no complexo monástico dominicano dos séculos XVI/XVII, integra a Igreja de São Gonçalo, implantada no centro histórico de Amarante, junto à ponte sobre o Rio Tâmega, de arquitetura maneirista, mandada erguer no reinado de D. João III (1540).
A Igreja é em cruz latina, de transepto inscrito, com cruzeiro coberto por abóbada, e naves com capelas colaterais precedidas por galilé, tendo um claustro quadrado de dois pisos na ala norte.
O pórtico apresenta uma decoração rica, tipo retábulo, e é aberto na fachada lateral virada a sul. Quanto ao retábulo-mor, tem características barrocas, de estilo joanino. A torre, de três andares, é rematada por arcos balaustrados e por pirâmides de recorte oriental.
A Varanda dos Reis, aberta ao nível do último andar do pórtico, é de cinco arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, junto das quais se inserem as estátuas dos quatro monarcas que patrocinaram a construção do edifício (D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e Filipe I).
Na cornija, por cima da galeria, sobressaem seis pirâmides, assentes em pedestais, e no paramento à esquerda do pórtico abre-se o janelão setecentista que ilumina o transepto.
No interior, as seis capelas têm arcos de volta perfeita, assentes em pilastras de grosseiros capitéis jónicos.
O teto da nave é de abóbada rebocada, e de caixotões nas capelas. Destas, merece particular destaque a de Santa Rita Cássia, com retábulo de talha dourada.
No transepto, destacam-se os altares de Santa Luzia, do Coração de Maria e do Santíssimo. Um assinalável arco triunfal ergue-se junto às estátuas de São Pedro e São Paulo, com ligação à capela-mor. O claustro, formado por dois pisos, é constituído por alas com cinco arcos plenos. A edificação do mosteiro dominicano foi lançada em 1543, tendo a obra ficado a cargo de frei Julião Romero. Quando Portugal perdeu a independência (1580), as obras, então sob a tutela de frei António dos Santos, decorriam em bom ritmo.
No ano seguinte, teve início a construção da nova igreja. Em 1585, os dominicanos solicitaram a Filipe I de Portugal que lhes desse autorização para fazerem uma colecta em prol das obras. Cinco anos mais tarde, o monarca escreve ao arcebispo de Braga a inteirar-se do andamento da construção e da verba gasta. No início do século XVII, João Lopes Amorim celebra contrato (1606) para construir uma escada no claustro e um chafariz. Conclui-se depois a edificação do segundo claustro.
Em 1641, Domingos de Freitas é contratado para a construção das abóbadas do transepto. No final do século XVII, conclui-se a torre sineira. Já em 1733, têm início obras na capela-mor, a cargo de mestre António Gomes, para que se incluísse uma nova tribuna no altar.
No século XIX, parte do conjunto monumental passa a servir de cenário às sessões camarárias (1838). Outras parcelas do mosteiro são utilizadas como mercado, prisão, quartel, escola e liceu. Em 1852, o edifício é cedido à Câmara Municipal de Amarante, que ali se instala definitivamente em 1867.» In Portugal Eterno.
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Esta terra, a Cidade de Amarante, de uma beleza incomensurável, nunca, mas mesmo nunca, nos deixa indiferentes. A qualidade que faz de uma terra, de uma mulher, de uma obra de arte, entre muitas outras coisas da vida, realmente belas, consiste na capacidade de nos interpelar, de sempre nos darem um novo olhar. Estes caminhos, entre o Convento de Santa Clara e o Convento de S. Gonçalo, plenos de história e de estórias, têm sempre novas leituras, conforme os dias, as estações do ano, a nossa disponibilidade. É assim, às vezes temos o belo muito perto de nós, até em nós, basta é querer vê-lo e senti-lo!
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