«Líder também na Europa
Líder é, em rigor, o termo, vocábulo que acompanha o F.C. Porto a cada tentativa de caracterização, uma espécie de sinónimo com aplicação alargada e indiferente a limites ou fronteiras. Líder é a palavra mais vezes associada ao Dragão, conquistando minúcia crescente a cada utilização, como se um e outro fossem, em essência, a mesma coisa. Seja na Liga ou na Europa, seja fora ou em casa. Líder do campeonato, a equipa de Jesualdo Ferreira é também líder na UEFA Champions League. É repetitivo, já sabemos, mas são os azuis e brancos que não permitem a escolha de outra expressão, deixando, quando muito, a hegemonia como alternativa ou género assemelhado.
Em boa verdade, a vitória sobre o Marselha chegou com duas semanas de atraso, permitindo ao F.C. Porto rectificar o desfecho imerecido e pernicioso do encontro do Stade Vélodrome, que já então deveria ter feito justiça ao bicampeão europeu. Renitente por vezes, a liderança fez-se aguardar também no Dragão, esperando pelos momentos finais e por Lisandro, já muito depois de parecer ter-se rendido à imprevisível magia de Tarik.
Soberbo, portento de coragem, assombro de técnica e velocidade, o golo de Tarik quebrou o gelo de uma resistência peculiar e de um encontro de feições pouco claras, inesperadamente marcado pela frequência de um contra-ataque marselhês indefinido por uma vontade superior à aptidão, capaz de confundir o campeão português por longos minutos.
Tarik é que não se deixou enganar. Recolheu a bola no meio-campo defendido pelo F.C. Porto e ultrapassou, sucessivamente, três adversários, entre arranques, dribles e simulações. Ousou, inclusive, passar pelo meio dos dois últimos, a porta para a baliza de Mandanda, o guarda-redes que contornou com mestria antes de encomendar o encontro da bola e das redes. Desferiu com o pé esquerdo o toque definitivo, que poderia ter sido o de misericórdia.
O final do jogo poderia ter chegado ainda antes do intervalo, mas, clemente, o alemão Stark perdoou o penalty cometido sobre Ricardo Quaresma. Para lá de outros erros. Em vez disso, surgiu o empate, pouco depois do recomeço, apontado por Niang, o avançado que deu oportunidades de sobra ao árbitro do jogo de Marselha para ser expulso antes e depois do golo apontado no Vélodrome, o que seria razão de sobra para impedir a sua utilização no Dragão.
Recompôs-se o F.C. Porto, enquanto o Liverpool goleava o Besiktas em Anfield. E persistiu, experimentando uma variada gama de soluções. Lisandro precisou apenas de um ensaio, que fez embater na trave. Sete minutos depois dos preparativos, novamente assistido por Quaresma e outra vez desde a direita, o argentino voltou a cabecear e a acertar na trave. Mas, agora, a bola percorria só parte do percurso para o golo, que, cada um na sua vez, Postiga e Fucile também poderiam ter feito. Os Dragões estão na frente, com os oitavos-de-final à vista e duas etapas para os alcançar: Liverpool e Besiktas, em casa.
FICHA DE JOGO
UEFA Champions League, 4ª jornada
6 de Novembro de 2007
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 42.217 espectadores
Árbitro: Wolfgang Stark (Alemanha)
Assistentes: Jan-Hendrik Salver e Mike Pickel
4º árbitro: Marc Seemann
F.C. PORTO: Helton, Bosingwa, Stepanov, Bruno Alves «cap» e Fucile; Raul Meireles, Paulo Assunção e Cech; Tarik, Lisandro e Quaresma
Substituições: Cech por Hélder Postiga (59m), Raul Meireles por Bolatti (68m) e Tarik por Mariano (87m)
Não utilizados: Nuno, Pedro Emanuel, Leandro Lima e Adriano
Treinador: Jesualdo Ferreira
MARSELHA: Mandanda; Bonnart, Rodriguez, Givet e Taiwoo; Cana «cap» e M’Bami; Valbuena, Nasri e Ayew; Niang
Substituições: Niang por Cissé (63m), Ayew por Arrache (77m) e M’Bami por Cheyrou (84m)
Não utilizados: Hamel, Oruma, Zenden e Zubar
Treinador: Erik Gerets
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Tarik (27m), Niang (47m), Lisandro (78m)
Disciplina: cartão amarelo a Helton (90m) e Fucile (90m)» in site F.C. Porto.
-------------------------------------------------------------------------------
Pois é, o F.C. do Porto continua a ser a equipa portuguesa com maior relevância internacional e nacional. Eu sei que para os defensores da capital, capitalista, dever doer muito, saber que um clube ao qual denominam de regional, ter toda esta dimensão internacional. Afinal, lideramos o Grupo A, da Liga dos Campeões. E ademais, ainda puderam constatar que a tradicional benevolência dos árbitros nacionais, vide o exemplo do jogo de Paços de Ferreira, não é seguida pelos juízes internacionais, que não tiveram contemplações em expulsar um jogador, depois de mais uma entrada assassina, que em Portugal, na nossa permissiva liga, distribui porrada em todos os jogos, imune a qualquer repreensão ou penalização, verbal ou efectiva. Mas isso nem nos interessa nada. Mesmo com as exibições muito aquém do esperado, continuamos a ser a melhor equipa portuguesa, ainda que isso doa muito à imprensa sulista, elitista, centralista e macrocefalista, mais entretida em patrocinar filmes ficcionais sem assinatura! Ou antes, filmes cujos realizadores, não tem coragem para assinar a autoria! Neste jogo ressalta o grande golo de Tarik, e o enorme centro de Quaresma para o 2.º golo. Mas, foi por demais evidente a falta do nosso comandante, Lucho Gonzalez, o nosso patrão!
Vídeo com os momentos mais importantes, de mais uma magnifica jornada europeia por parte do F.C. Porto!
Sem comentários:
Enviar um comentário