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18/11/21

História Arqueologia - O Supersaurus pode ser, afinal, o dinossauro mais comprido que já viveu na Terra.



«Supersaurus pode ter sido o dinossauro mais comprido que viveu na Terra

O Supersaurus pode ser, afinal, o dinossauro mais comprido que já viveu na Terra. Uma nova investigação mostra que poderá ter ultrapassado os 39 metros de comprimento.

O Supersaurus era um diplodocídeo – um saurópode de pescoço longo e com cauda em forma de chicote – e sempre foi visto como um dos dinossauros mais compridos que andaram pela Terra. Mas agora, uma nova pesquisa mostra que pode ter sido mesmo o maior de todos.

Quando ainda estava vivo, há cerca de 150 milhões de anos, este dinossauro poderá ter ultrapassado os 39 metros de comprimento ou mesmo ter chegado aos 42 metros, descobriu a investigação a cargo de Brian Curtice, paleontólogo do Museu de História Natural do Arizona.

A pesquisa, que ainda não foi oficialmente publicada numa revista científica, foi apresentada na conferência anual da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, no passado dia 5 de novembro.

Em declarações ao site Live Science, Curtice explicou que ele e a sua equipa chegaram a esta conclusão depois de terem tido finalmente acesso a um “esqueleto decente”, já que os outros fósseis disponíveis estavam divididos em fragmentos, sendo mais difícil estimar com precisão os comprimentos dos espécimes em causa.

Uma “salada de ossos”

Na verdade, esta é uma descoberta que já está a ser trabalhada há quase 50 anos. Tudo começou em 1972, quando o primeiro exemplar do Supersaurus foi encontrado naquilo a que o paleontólogo chama de uma “salada de ossos” em Dry Mesa Quarry, nos Estados Unidos. Portanto, não foi claro na altura quais eram os ossos que realmente lhe pertenceram.

Esta “salada de ossos” foi escavada por Jim Jensen, que descobriu um escapulocoracóide (dois ossos que constituem a cintura escapular dos dinossauros adultos) e outros ossos que o investigador pensou pertencerem a dois outros saurópodes, que anos mais tarde batizou de Ultrasauros e Dystylosaurus.

Em 1985, Jensen publicou mesmo um estudo científico no qual anunciava a descoberta de três novos saurópodes na pedreira. No entanto, como explica o mesmo site, o investigador não era um paleontólogo treinado e cometeu alguns erros na sua análise. Tanto que ao longo dos anos os paleontólogos têm debatido se o Ultrasauros e o Dystylosaurus são géneros válidos, ou se (como Curtice acredita), na verdade, os seus ossos foram identificados incorretamente e pertencem sim a um único Supersaurus.

Esta reclassificação de três dinossauros como sendo apenas um dá aos cientistas o espécime de Supersaurus mais completo de sempre, o que é útil para estimar o seu comprimento. Mas como é que se pode fazê-lo?

Tornar três dinossauros em apenas um

Para isso, Curtice tem tentado explicar estes erros do passado. Por exemplo, um dos escapulocoracóides da pedreira seria cerca de 25 centímetros mais longo do que o outro, o que levou muitos cientistas a acreditar que pertencia a outro género de dinossauro.

Mas, na sua análise, o paleontólogo descobriu que o osso mais longo estava apenas distorcido por causa de algumas fendas e que se se juntar todas as fissuras, ambos são basicamente do mesmo tamanho.

O cientista também encontrou deformidades, feitas por forças ambientais, em ossos que tinham sido atribuídos ao Dystylosaurus e a outros géneros e mostrou que estes ossos, na verdade, pertencem ao Supersaurus.

Além disso, desde a sua descoberta original, outros paleontólogos descobriram esqueletos parciais que se pensam ser também de Supersaurus – incluindo um que foi apelidado de Jimbo e outro de Golias, embora ainda falte a revisão por pares deste último.

E o próprio Curtice “vasculhou” os muitos fósseis encontrados na pedreira que nunca chegaram a ser estudados. O paleontólogo identificou cinco novas vértebras do pescoço, uma nova vértebra das costas, duas novas vértebras da cauda e um púbis esquerdo.

Foram estes ossos recém-identificados que o ajudaram a obter uma estimativa mais precisa dos novos comprimentos do Supersaurus, incluindo as que mostram que o seu pescoço tinha mais de 15 metros e a sua cauda mais de 18 metros.

Em declarações ao mesmo site, Matt Lamanna, paleontólogo que não esteve envolvido na pesquisa, considera que a teoria de Curtice terá mais força assim que o tal Golias seja formalmente identificado como um Supersaurus. “Acho que será muito emocionante quando isso acontecer” porque “acho que ele está muito provavelmente correto.”

Resta-nos esperar para ver.» in https://zap.aeiou.pt/supersaurus-dinossauro-mais-comprido-444697

08/11/21

História Arqueologia - De acordo com o site Live Science, quando o corpo foi descoberto em 2010, num cemitério na região chinesa de Ningxia, acima de uma sepultura construída muitos anos antes de o homem em questão ter morrido, cientistas questionaram se teria sido um ladrão de túmulos.


«“Esconder uma folha na floresta”. Arqueólogos descobriram um homicídio com 1300 anos

Arqueólogos descobriram que o homem descoberto num poço que levava a uma sepultura antiga, na China, não estava a tentar roubar, como se pensava. Afinal, terá sido assassinado.

De acordo com o site Live Science, quando o corpo foi descoberto em 2010, num cemitério na região chinesa de Ningxia, acima de uma sepultura construída muitos anos antes de o homem em questão ter morrido, cientistas questionaram se teria sido um ladrão de túmulos.

Mas um novo estudo revela que, afinal, o homem poderá ter sido assassinado e que o autor do crime terá colocado o cadáver naquele local para tentar esconder o crime que acabara de cometer.

Recorrendo à datação por radiocarbono, os investigadores mostraram que o homem assassinado viveu durante o século VII, enquanto as pessoas enterradas na sepultura viveram há dois mil anos. A equipa também encontrou ferimentos que sugerem que foi golpeado várias vezes na parte da frente e de trás e, além disso, uma espada foi descoberta perto do corpo (ou seja, possivelmente a arma do crime).

“Este caso indica que a estratégia de descartar os corpos das vítimas em sepulturas ou cemitérios, algo como ‘esconder uma folha na floresta’, tem vindo a ser praticada desde a antiguidade”, escreveu a equipa no artigo publicado, a 16 de outubro, na revista científica Archaeological and Anthropological Sciences.» in https://zap.aeiou.pt/arqueologos-descobriram-homicidio-1300-anos-442697

03/09/21

História Arqueologia - Uma estátua-menir antropomórfica, que se julga ser da Idade do Bronze, foi descoberta recentemente numa herdade agrícola em Arronches, no distrito de Portalegre, e vai ser estudada por especialistas, anunciou hoje o município.



«Estátua-menir da Idade do Bronze encontrada numa herdade em Arronches

Uma estátua-menir antropomórfica, que se julga ser da Idade do Bronze, foi descoberta recentemente numa herdade agrícola em Arronches, no distrito de Portalegre, e vai ser estudada por especialistas, anunciou hoje o município.

Num comunicado publicado na sua página na Internet, a Câmara de Arronches explica que a peça arqueológica foi encontrada no Monte do Rebôlo, pelos respetivos proprietários, que contactaram depois a autarquia.

O vestígio em pedra, “após uma primeira observação efetuada por um arqueólogo especializado no assunto”, deverá “ser da Idade do Bronze”, assinala o município.

Os proprietários do Monte do Rebôlo manifestaram interesse em doar o artefacto à autarquia, existindo da parte da câmara “todo o interesse” em colocar a peça em exposição num dos núcleos museológicos do concelho.

O município “está naturalmente satisfeito com mais esta descoberta efetuada na área do concelho, ciente de que trará ainda mais notoriedade a esta região e já encetou contactos com uma instituição de ensino superior, tendo em vista o estudo do objeto agora encontrado”, pode ler-se no comunicado.

Ao longo dos anos, têm sido descobertos neste concelho alentejano “valiosos artefactos com milhares de anos de existência”, lembra a câmara, evocando a descoberta de uma lápide votiva do século I antes de Cristo (a.C.), no Monte do Coelho.

Esta descoberta no Monte do Coelho juntou-se “ao património existente na freguesia de Esperança, com destaque para as pinturas rupestres visitáveis na Lapa dos Gaivões ou para os diversos povoados, grutas, igrejas, antas ou abrigos constantes naquele terreno, no qual foi encontrada pelo arqueólogo Henri Breuil a estela antropomórfica de Nossa Senhora de Esperança, em 1917”.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/estatua-menir-da-idade-do-bronze-encontrada-numa-herdade-em-arronches


#história    #arqueologia    #estátua-menir    #antropomórfica    #idadebronze

25/03/21

História Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos encontrou os restos mortais excecionalmente bem preservados de dois homens que morreram carbonizados durante a erupção do Monte Vesúvio, que destruiu a antiga cidade romana de Pompeia em 79.



«Encontrados os corpos de um amo e o seu servo em Pompeia. Fugiam à erupção do Vesúvio

Uma equipa de arqueólogos encontrou os restos mortais excecionalmente bem preservados de dois homens que morreram carbonizados durante a erupção do Monte Vesúvio, que destruiu a antiga cidade romana de Pompeia em 79.

De acordo com a CNN, que cita o Ministério da Cultura italiano, um dos corpos pertencia provavelmente a um homem de grande estatuto, com idade entre 30 e 40 anos, que ainda trazia vestígios de uma capa de lã sob o pescoço. O segundo era um homem com entre 18 e 23 anos,  vestia uma túnica e apresentava várias vértebras esmagadas, indicando que tinha sido um escravo que fazia trabalhos pesados.

Os restos mortais foram encontrados em Civita Giuliana, 700 metros a noroeste do centro da antiga Pompeia, numa câmara subterrânea na área de uma grande vila que estava a ser escavada.

Os dentes e os ossos dos homens estavam preservados e os vazios deixados pelos seus tecidos moles foram preenchidos com gesso que foi deixado para endurecer e depois escavado para mostrar o contorno dos seus corpos.

Os dois homens, deitados próximos um do outro, teriam escapado da fase inicial da erupção, quando a cidade foi coberta por cinzas vulcânicas e pedra-pomes. Porém, terão sido mortos por uma explosão que aconteceu no dia seguinte.

“Essas duas vítimas talvez estivessem a procurar refúgio quando foram arrastadas pela corrente piroclástica por volta das 9 da manhã”, disse Massimo Osanna, diretor do sítio arqueológico. “É uma morte por choque térmico, como também demonstram os seus pés e mãos fechadas.”

Em comunicado, o ministro da Cultura, Dario Franceschini, disse que a descoberta ressalta o estatuto de Pompeia como “um lugar incrível para pesquisa e estudo”.

Esta é a última de uma série de descobertas fascinantes que as escavações em Pompeia produziram nos últimos anos. Os corpos de duas mulheres e três crianças foram descobertos amontoados no quarto de uma villa na área Regio V em outubro de 2018. Uma semana antes, a mesma villa revelou uma inscrição de carvão que sugeria que o Vesúvio entrou em erupção em outubro de 79 – e não em agosto como se pensava anteriormente.

Os restos mortais de um homem, que também se acredita ter sobrevivido à primeira parte da explosão, foram encontrados em maio de 2018. Os arqueólogos acreditam que foi morto pelos gases letais das fases posteriores da erupção.

Pompeia, 23 quilómetros a sudeste de Nápoles, era lar de cerca de 13 mil pessoas quando a erupção a enterrou sob as cinzas, pedras-pomes e poeira, congelando-a no tempo. Os vestígios não foram descobertos até o século XVI e as escavações organizadas começaram por volta de 1750.» in https://zap.aeiou.pt/encontrados-os-corpos-preservados-um-amo-servo-361304

(AS VÍTIMAS DO VULCÃO VESÚVIO QUE VIRARAM PEDRA E A ASSUSTADORA CIDADE DE POMPEIA NA ITÁLIA | Ep. 150)


14/05/20

História e Arqueologia - Um novo estudo confirma a ideia de que alguns templos e túmulos egípcios estavam, de facto, orientados para certas regiões do céu.



«Pirâmides egípcias estavam mesmo alinhadas com os pontos da bússola

Um novo estudo confirma a ideia de que alguns templos e túmulos egípcios estavam, de facto, orientados para certas regiões do céu.

A ideia de que muitas estruturas antigas foram intencionalmente construídas de forma a estarem alinhadas com objetos celestes não é novidade. No entanto, o autor deste novo estudo, Fabio Silva, considera que a maioria destas investigações sobre esse fenómeno não é confiável, porque não usam testes estatísticos para entender a probabilidade de que os supostos padrões sejam coincidências.

Como tal, o cientista desenvolveu um método estatístico que permite identificar padrões genuínos e não meras obras do acaso, escreve a New Scientist. O estudo será publicado na edição de junho da revista científica Journal of Archaeological Science.

“Existem muitas estruturas antigas que foram consideradas alinhadas com objetos celestes, como o Stonehenge, mas devemos verificar a hipótese dessas atribuições“, disse Fabio Silva, da Universidade de Bournemouth, citado pela Agenzia Italia. “A maioria dos estudos baseia-se no mapeamento de múltiplas estruturas criadas por uma cultura, ou seja, na procura por padrões que possam estar relacionados com as posições das estrelas ou do planeta num determinado período”.

O método da equipa liderada por Fabio Silva considera os fatores de erro que afetam tanto o solo como o céu. Um estudo de 2009 identificou sete locais relacionados com a posição das estrelas, mas com o método estatístico do novo estudo, apenas dois desses locais foram confirmados.

Muitas pirâmides foram construídas para serem alinhadas com os quatro pontos cardeais, tanto por razões religiosas como culturais.

“Os antigos egípcios, por exemplo, acreditavam que o norte era ‘o lugar da ascensão da alma’. Por esse motivo, estruturas como a Grande Pirâmide de Gizé tinham entradas viradas para o norte”, explica Bernadette Brady, cientista da Trinity Saint David University, no País de Gales, que não esteve envolvida no estudo.

Também estruturas como o Templo de Karnak estão voltadas para o amanhecer do solstício de dezembro, que era considerado um evento astronómico relevante em diferentes culturas.

“Algumas investigações são baseadas na ideia de que os construtores reproduziam o padrão de estrelas ou corpos celestes ao observar o céu do centro das estruturas, mas o objetivo e os métodos de trabalho poderiam ter sido diferentes. A principal dificuldade nesse tipo de especulação é que é bastante simples partir de preconceitos inconscientes”, conclui Silva.» in https://zap.aeiou.pt/piramides-egipcias-alinhadas-bussola-323824


(PIRÂMIDES DO EGITO - COMO ELAS FORAM CONSTRUÍDAS ?)

27/04/20

História Arqueologia - Os arqueólogos envolvidos nestas escavações, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), perceberam que o painel tinha mais de seis metros de comprimento, quando escavavam os sedimentos.




«Arqueólogos descobrem no Vale do Côa a maior gravura rupestre do mundo

“Encontramos, durante as escavações, a figura de um auroque com a dimensão de 3,5 metros, que é neste momento a maior [gravura] do mundo, dentro do seu género, encontrada ao ar livre, datada do período do Paleolítico Superior, com cerca de 23 mil anos”, explicou o arqueólogo da Fundação Côa Parque, Thierry Aubry.

Os arqueólogos envolvidos nestas escavações, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), perceberam que o painel tinha mais de seis metros de comprimento, quando escavavam os sedimentos.

“Verificou-se que o traço que se observava à superfície fazia parte da garupa de um grande auroque, com mais de 3,5 metros de comprimento. Trata-se da maior figura da arte do Os arqueólogos envolvidos nestas escavações, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), perceberam que o painel tinha mais de seis metros de comprimento, quando escavavam os sedimentos. e do mundo, apenas comparável com os auroques da gruta de Lascaux”, em França, indicou o também responsável técnico-científico do Museu do Côa (MC) e do PAVC.

No interior desta rocha, os arqueólogos identificaram outros animais gravados por picotagem e abrasão: uma fêmea de veado, uma cabra e uma fêmea de auroque, seguida pelo seu vitelo.

“No setor direito do painel identificou-se um outro conjunto de gravuras, contendo várias representações de auroques, veados e cavalos, todos sobrepostos, que se encontram ainda parcialmente sob sedimentos. As figuras parecem fazer parte da fase mais antiga da arte do Côa, datada de há mais de 23.000 anos”, vincou Thierry Aubry.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa foi criado em agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade pela UNESCO.» in https://greensavers.sapo.pt/arqueologos-descobrem-no-vale-do-coa-a-maior-gravura-rupestre-do-mundo/


(Parque arqueológico do Vale do Côa, visita ás gravuras rupestres)



29/03/20

História e Arqueologia - As primeiras moedas da história apareceram há cerca de 2.700 anos, foram cunhadas no próspero reino de Lídia, na Ásia Menor, com uma liga de ouro e prata clamada electro e com apoio do Estado.


UMA CASA ARGENTÁRIA Os prestamistas e os seus clientes figuram no interior deste estabelecimento bancário romano. Pormenor de estela funerária. Século II d.C. Museu Romano, Treveris.


«As primeiras moedas da história

As primeiras moedas da história apareceram há cerca de 2.700 anos. Foram cunhadas no próspero reino de Lídia, na Ásia Menor, com uma liga de ouro e prata clamada electro e com apoio do Estado.

Esqueci-me do mais delicioso: quando entro em casa com o salário, todos correm para abraçar-me, atraídos pelo aroma do dinheiro; de seguida, a milha filha lava-me, perfuma-me os pés e inclina-se sobre mim para me beijar; chama-me “papá querido” e pesca com a língua a moeda de três óbolos que levo na boca. Depois, a minha mulher, cheia de mimos e bajulações, apresenta-me um belo bolo, senta-se a meu lado e diz-me carinhosamente: “Come isto, prova aquilo”.» 

O autor destas palavras é Filocleon, o protagonista de As Vespas, comédia que o ateniense Aristófanes estreou em 422 a.C. E os três óbolos que menciona é o salário que a cidade de Atenas pagava aos juízes. Quando Aristófanes escreveu esta obra tinham passado apenas três séculos desde que apareceram as primeiras moedas, mas elas já faziam parte do quotidiano.

Antes da invenção da moeda, já há mil anos que os metais preciosos eram usados como «pré-moeda» no Próximo Oriente. Na Mesopotâmia, usava-se a prata: o rei Shinkashid, que governou Uruk no século XIX a.C., deixou-nos a primeira lista de preços conhecida, onde figura a quantidade de mercadoria que se podia obter com um shekel, uma quantidade fixa de prata. Nos códigos legais mesopotâmicos, aparecem as multas a pagar pelos delitos, expressas igualmente em shekels. Nessa altura, porém, era mais comum satisfazer dívidas e impostos em quantidades de cereal equivalentes à sua taxa em shekels.




A circulação de prata em lingotes ou barras como pré-moeda era limitada. Os mercadores cortavam esses blocos em pedaços pequenos, que pesavam numa balança para qualquer pagamento. Várias tabuinhas provenientes da cidade de Mari permitem intuir que os mercadores que usavam lingotes e fragmentos de metal se conheciam e confiavam nas respectivas reputações.

Assim, pelo Próximo Oriente e pelo Egito, circularam pré-moedas metálicas e «anónimas», metais preciosos sem apoio explícito de um poder político. 

Em terras de Lídia

A prata e o ouro gozavam de múltiplas virtudes. Eram valiosos, podiam ser valorizados e trocados por outros bens e, ao contrário do cereal, não se deterioravam. A sua aceitação generalizada transformava-os num meio efetivo para fazer pagamentos. E embora o abastecimento de ouro e prata fosse limitado, era isto mesmo que lhes conferia valor.

As regiões que dispunham de uma fonte de prata ou de ouro gozavam de uma vantagem económica extraordinária. Era o caso do reino de Lídia, a oeste da Ásia Menor (na actual Turquia), onde vieram à luz do dia as primeiras moedas da história. Eram metálicas e, ao contrário das pré-moedas, tinham o apoio de um Estado: o reino lídio. Eram feitas de electro, uma liga de ouro e prata que se encontrava em estado natural no monte Tmolo; o rio Pactolo, que nascia nessa montanha e que corria por Sardes, a capital de Lídia, transportava muitas pepitas e grãos de electro. 

A lendária riqueza deste curso de água e dos soberanos lídios está reflectida no mito de Midas, rei de Frigia que se banhou nas suas águas para se desfazer da maldição que transformava em ouro tudo em que tocava; o poder nefasto passou do seu corpo para o rio, cuja corrente arrastou desde essa altura as pepitas áureas.

Os reis lídios emitiram as primeiras moedas aproximadamente no século VII a.C.
Cunhadas e não fundidas, têm o aspecto de pequenas pepitas ou grãos, e o electro de que são compostas era conhecido no Oriente como «ouro brilhante» ou «ouro branco», o leukos chrysos de que falava o historiador grego Heródoto.


A CIDADE DAS MOEDAS Em Éfeso, destacava-se o santuário de Artemisa, uma das Sete Maravilhas da Antiguidade. As moedas mais antigas apareceram no local onde este se erguia

Face e reverso

Chamamos electro a esse ouro branco por influência de Roma. Os romanos designavam com esta palavra tanto a liga de prata e ouro como o âmbar, uma resina fóssil que possui a propriedade de se electrizar, razão pela qual o electro romano e o moderno vocábulo eletricidade partilham a sua raiz. As moedas de electro mostram habitualmente uma aparência áspera e não se diferenciam particularmente dos fragmentos de lingote mesopotâmicos ou do cereal que se guardava nos armazéns dos palácios e templos, uma semelhança conscientemente requerida. 

A face destas pepitas estampadas por um selo oficial, redondas ou achatadas, adotou inicialmente uma superfície irregular. Os reversos, em contrapartida, eram marcados com um, dois ou três golpes ou impressões. Isto sucedia para mostrar a qualidade do metal, tanto na superfície como no interior da pepita estampada. Com o tempo, determinadas imagens substituíram as estrias. As figuras que apareceram com maior frequência foram de animais: selvagens e domésticos, reais e mitológicos, mas também objectos inanimados e motivos florais e geométricos. 

Não se pode afirmar que essa variedade de motivos correspondesse a numerosos locais de fabrico ou cunhagem. Não há dúvida de que as primeiras moedas de electro foram cunhadas na Ásia Menor Ocidental e nas ilhas vizinhas. Os principais achados arqueológicos neste campo resultaram de uma missão britânica que, entre 1904 e 1905, escavou o templo de Artemisa em Éfeso, onde encontrou 93 moedas entre os depósitos de fundição – as oferendas que se faziam no início de uma obra. Uma expedição austríaca que ali trabalhou entre 1986 e 1994 fez novas descobertas. Estes achados geraram intenso debate sobre a data em que apareceram as primeiras moedas na Ásia Menor: perto de 675 a.C. para uns e em 600 a.C. para outros.

As moedas de electro mais antigas caracterizam-se pela precisão no peso e na liga de ouro e prata. Agregada ao suporte oficial simbolizado pela figura nelas impressa, pretendia conferir à moeda um valor fixo e superior ao do metal que continha. Por outras palavras, a moeda estava sobrevalorizada. Muitos peritos acreditam que a moeda teve origem na vontade de fazer circular lingotes ou fragmentos de ouro desvalorizado (branco ou com prata), criando a ilusão de uso de ouro puro (vermelho, sem prata).

As primeiras cidades-estado gregas que cunharam moeda foram as da Jónia, na costa ocidental da Ásia Menor, com as quais Lídia mantinha estreitas relações. De facto, as cidades gregas conseguiram obter benefícios ao cunhar moeda, fazendo-a circular no seu território com um valor superior ao valor do metal nela contido. Talvez isso explique que tantas cidades tenham cunhado moeda e que, no final do século VI a.C., a cunhagem de moedas de prata se disseminasse facilmente. Em troca da imposição da sua moeda no território, a polis encarregava-se da produção e cunhagem, apoio expresso nas figuras que apareciam sobre a superfície de metal.


(CONHEÇA A CIDADE DE ÉFESO)


23/03/20

História Arqueologia - A opulenta Casa dos Repuxos da cidade romana de Conímbriga continha este mosaico excepcional, com uma alegoria ao labirinto do minotauro.


Fotografia: Hugo Marques


«O mosaico do Minotauro de Conímbriga

A rica mitologia dos gregos foi adotada em muitos casos pela civilização romana. A opulenta Casa dos Repuxos da cidade romana de Conímbriga continha este mosaico excepcional, com uma alegoria ao labirinto do minotauro.

Na cidade romana de Conímbriga, um espetacular mosaico evoca a mitologia grega e a sua persistência no imaginário da civilização que lhe sucedeu e que expandiu extraordinariamente os limites do controlo territorial na Europa, em África e na Ásia. 

No principado de Augusto, no quadro da criação da província da Lusitânia, a malha urbana desta cidade, implantada na zona centro de Portugal, renovou-se. Teve então início a construção de um conjunto de grandes obras públicas, onde se incluiu o fórum, as termas, o aqueduto e uma muralha com mais de dois quilómetros.

A famosa Casa dos Repuxos, de onde provém o mosaico, foi edificada na época dos imperadores Cláudio e Nero, em meados do séc. I d.C., e remodelada, ganhando o aspeto que atualmente se lhe conhece, na época de Adriano, na primeira metade do século II.

O labirinto do minotauro faz parte de um conjunto notável de mosaicos que decoram o peristilo desta magnífica domus. Descoberta acidentalmente em 1907, só nos anos 1930 foi alvo de uma primeira intervenção arqueológica que a revelou num período recorde de três meses.

O tema do minotauro foi replicado em todo o Império Romano. Este motivo decorativo tinha outros significados para além do embelezamento de uma residência privada. Numa sociedade fortemente simbólica, poderá ter tido a função de proteger a propriedade do mau-olhado. A sua localização numa área íntima da casa e a proximidade do mosaico com a figura de Perseu segurando a cabeça da Medusa reforçam esta hipótese. 

O labirinto representado na Casa dos Repuxos apresenta características muito particulares. Em vez das muralhas com torres, foi emoldurado com uma trança de duas pontas e a cabeça do minotauro ao centro. Na mitologia grega, o minotauro nasceu da relação contranatura mantida por Pasífae, mulher de Minos, com um touro enviado a este rei por Posídon. Da união entre os dois, nasceu o monstro, uma figura humana com cabeça de touro que viria a ser aprisionada num labirinto. No mito, o minotauro foi depois morto por Teseu, filho do rei de Atenas. Munido de um novelo de lã oferecido por Ariadne, filha de Minos, por quem se apaixonou, Teseu encontrou a saída do labirinto.» in https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/actualidade/2120-o-mosaico-do-minotauro-de-conimbriga


(Casa dos Repuxos em Conímbriga, Portugal)


(À descoberta das ruínas da Conímbriga Romana - 2012)


(Ruínas de CONIMBRIGA - Coimbra - Portugal)


História e Arqueologia - Um estudo realizado em Pueblo Bonito, no estado norte-americano do Novo México, concluiu que o seu famoso pinheiro não é nativo e foi trazido de fora.




«Lendária “árvore da vida” do Novo México pode não ser o que se pensava

Um estudo realizado em Pueblo Bonito, no estado norte-americano do Novo México, concluiu que o seu famoso pinheiro não é nativo e foi trazido de fora.

Pueblo Bonito, localizado no Parque Nacional Histórico da Cultura Chaco (Chaco Canyon), no estado norte-americano do Novo México, é considerado o centro cultural dos índios pueblo. De acordo com uma escavação realizada em 1924, este local foi fundado há mais de mil anos e abandonado por volta do ano 1126.

Quando o abandonaram, os locais deixaram um grande legado de edifícios e artefactos como, por exemplo, cerâmica, instrumentos musicais e ferramentas para rituais. Entre estes destacou-se também o tronco de um pinheiro solitário — Pinus ponderosa —, com seis metros de comprimento.

As descrições vívidas em torno do pinheiro criaram, então, a ideia de que seria uma espécie de “árvore da vida” ou “árvore do mundo”, símbolo do “nascimento” e “vida” deste povo. Mas, agora, uma nova investigação sugere que esta pode não ser o que se pensava, avança o site Science Alert.

A equipa de arqueólogos da Universidade do Arizona, liderada pelo especialista em anéis de árvores Christopher Guiterman, examinou o complexo habitacional e chegou à conclusão de que o pinheiro não é nativo.

“O pinheiro não cresceu em Pueblo Bonito, nem mesmo nas proximidades do Chaco Canyon“, escreveram os autores do estudo publicado, no passado dia 13 de março, na revista científica American Antiquity.

Os investigadores concluíram que o majestoso pinheiro viveu cerca de 250 anos (até ao início dos anos 1100) nas Montanhas Chuska, a cerca de 50 quilómetros do que é agora o Parque Nacional Histórico da Cultura Chaco.

Em algum momento — é difícil saber ao certo quando —, a árvore morreu por causas naturais ou por ter sido derrubada. De seguida, foi transportada para Pueblo Bonito, onde os cientistas dizem que poderá ter sido destinada para lenha, usada como banco ou erguida como um poste.

“Se é um marcador de alguma coisa, a árvore de Pueblo Bonito reflete a fluorescência ou declínio final desta povoação, e não o seu início”, concluem os arqueólogos.» in https://zap.aeiou.pt/arvore-da-vida-novo-mexico-314935


28/08/19

História Arqueologia - Investigadores descobriram na Etiópia um fóssil de um crânio de um antepassado do Homem com 3,8 milhões de anos, mais antigo do que o popular fóssil "Lucy", encontrado na década de 1970 no mesmo local, foi hoje divulgado.



«Descoberto fóssil de crânio de antepassado do Homem com 3,8 milhões de anos

Investigadores descobriram na Etiópia um fóssil de um crânio de um antepassado do Homem com 3,8 milhões de anos, mais antigo do que o popular fóssil "Lucy", encontrado na década de 1970 no mesmo local, foi hoje divulgado.

O crânio completo fossilizado dá novas informações sobre a morfologia crânio-encefálica do ‘Australopithecus anamensis’, a espécie de hominídeo do género dos australopitecos (‘Australopithecus’) mais antiga, que vinha sendo datada entre 4,2 e 3,9 milhões de anos.

A equipa de especialistas que analisou o fóssil, descoberto em fevereiro de 2016 na região de Afar, na Etiópia, admite que o ‘Australopithecus anamensis’ terá coexistido durante cerca de 100 mil anos com uma outra espécie de australopiteco, que a sucedeu, a ‘Australopithecus afarensis’, da qual foi encontrado em 1974, na mesma região, o fóssil "Lucy", com 3,2 milhões de anos.

Ambos os fósseis foram descobertos por peritos do Museu de História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos, que divulga em comunicado os resultados do estudo do fóssil do crânio, também publicados na revista científica Nature.

Segundo o comunicado do museu, o crânio fossilizado, o primeiro da espécie ‘Australopithecus anamensis’ descoberto, está datado no intervalo de tempo entre 4,1 e 3,6 milhões de anos, em que os fósseis dos antepassados humanos são "extremamente raros", especialmente fora da jazida paleontológica de Woranso-Mille, na região etíope de Afar.

A idade do fóssil do crânio do ‘Australopithecus anamensis’ - 3,8 milhões de anos - foi calculada por uma equipa da universidade norte-americana Case Western Reserve, em Cleveland, que datou os minerais das camadas rochosas vulcânicas nas proximidades do local onde o fóssil foi encontrado.

O crânio fossilizado partilha características com a espécie ‘Australopithecus afarensis’, mas também com outras mais antigas, como as dos géneros de hominídeos ‘Sahelanthropus’ e ‘Ardipithecus’.

O fóssil tem traços distintos em relação a um fragmento de um crânio fossilizado que foi descoberto em 1981 no sítio paleontológico de Belohdelie, igualmente da região etíope de Afar, e que os especialistas datam de 3,9 milhões de anos e como pertencendo à mesma espécie de "Lucy".

Tal significa, segundo os autores do estudo, que o ‘Australopithecus anamensis’ terá coexistido cerca de 100 mil anos com o ‘Australopithecus afarensis’.

De acordo com uma das coautoras da investigação, Naomi Levi, da Universidade de Michigan, também nos Estados Unidos, o antepassado de "Lucy" terá vivido perto de um grande lago que estava a maioria das vezes seco.

"Estamos ávidos por realizar mais pesquisas sobre estes depósitos para compreender as condições ambientais do espécime de 'Australopithecus anamensis', a relação com as alterações climáticas e de que forma ou não afetaram a evolução humana", afirmou, citada no mesmo comunicado.» in https://24.sapo.pt/vida/artigos/descoberto-fossil-de-cranio-de-antepassado-do-homem-com-38-milhoes-de-anos


06/03/19

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos liderados por Guillermo de Anda descobriu uma caverna cheia de relíquias antigas sob as ruínas da cidade maia de Chichén Itzá, no México.



«Chichén Itzá esconde cave de relíquias maia (e havia uma cobra venenosa a protegê-la)

Uma equipa de arqueólogos liderados por Guillermo de Anda descobriu uma caverna cheia de relíquias antigas sob as ruínas da cidade maia de Chichén Itzá, no México. A descoberta, que foi já rotulada como “incrível”, pode desvendar alguns segredos da civilização maia.

De Anda, citado pela agência de notícias AFP, disse em conferência de imprensa que os achados são um verdadeiro “tesouro científico”.

De acordo com o líder da expedição, a caverna com centenas de objetos foi encontrada a cerca de dois quilómetros do templo de Kukulkan, a 24 metros de profundidade.

A caverna tem várias câmaras conectadas por passagem extremamente estreitas que obrigaram os investigadores a rastejar através delas. A sua extensão é, para já, desconhecida, tendo os arqueólogos conseguido explorar cerca de 460 metro até então.

Tal como explico De Anda, a caverna foi já descoberta há mais de 50 anos por moradores locais. Na época, foi enviado um arqueólogo até ao local, que decidiu por razões desconhecidas selar a entrada com pedras e apresentar um breve relato.

No ano passado, o líder da expedição voltou a encontrar esta caverna, trazendo agora à luz todas as suas relíquias. Entre as centenas de objetos encontrados, contabilizam-se sete queimadores de incenso sob a forma de Chaac, uma importante divindade maia associada à chuva. Estima-se que os maiores queimadores deste tipo date, de 700 a 1000 anos d.C.

“O que descobrimos foi incrível e completamente intocado”, acrescentou.

Os cientistas acreditam que os moradores de Chichén Itzá consideram a caverna como “as entranhas dos deuses“. Além disso, a equipa sublinhou ainda que a o tesouro subterrâneo ajudará os cientistas a entender melhor as origens, a vida e as crenças dos moradores de Chichén Itzá.

A AFP adinta ainda que os indígenas maias que habitam a área atualmente deixaram um alerta à equipa: uma cobra coral venenosa protegia o local. E, na verdade, os cientistas encontraram essa espécie, que bloqueou o acesso à caverna durante quatro dias, tal como revelou o líder da expedição. A pedido dos moradores, a equipa passou também por uma ritual de purificação de seis horas antes de entrar na caverna.

De Anda e a sua equipa planeiam continuar a explorar a caverna e os seus artefactos, não querendo contudo remover os objetos encontrados, mas antes estudá-los no local.» in https://zap.aeiou.pt/chichen-itza-esconde-cave-reliquias-maia-244339


(Hallazgo de Santuario en Chichén Itzá)

10/01/19

História Arqueologia - Até agora pensava-se que apenas os homens usavam folha de ouro e um pigmento azul extremamente raro e caro – lapis lazuli – para ilustrar escritos e livros medievais.



«Um pigmento azul encontrado nos dentes de uma mulher da Idade Média pode reescrever a História

Até agora pensava-se que apenas os homens usavam folha de ouro e um pigmento azul extremamente raro e caro – lapis lazuli – para ilustrar escritos e livros medievais. Mas uma nova descoberta diz que também as mulheres o faziam.

A descoberta de um pigmento azul raro na placa dentária do esqueleto de uma mulher medieval está a dar algumas luzes sobre um capítulo oculto da história.

Onze investigadores de várias universidades debruçaram-se sobre os restos mortais de um cemitério medieval ligado a um mosteiro de mulheres na Alemanha, onde acreditam ter existido uma comunidade de mulheres no século X e publicaram agora os resultados na revista Science Advances.

Há poucos documentos relacionados com o mosteiro, devido a um incêndio que o destruiu durante o séc. XIV, mas há registos do cemitério que datam de 1244.

Os cientistas estavam a estudar o esqueleto de uma mulher que teria entre 45 e 60 anos e que terá morrido entre 997 e 1162. A ossada não parecia ter nada de especial, não havia sinais visíveis de traumatismos ou infeções, mas tinha manchas azuis nos dentes.

As análises com recurso à espectrografia (utilização da fotografia para registar espectro luminosos) revelaram que a cor azul se devia a um pigmento raro feito de pedras lápis-lazúli trituradas. Este pigmento era luxuoso na altura, tão caro quanto o ouro e extraído de um único local no Afeganistão.

O pigmento azul, assim como as folhas de ouro, eram apenas utilizados para ilustrar manuscritos e livros de luxo de mosteiros e só os melhores e mais habilidosos artistas podiam usá-los devido ao seu elevado preço.




Encontrar livros com este pigmento azul junto a mosteiros Alemães não é surpreendente, já que era usual serem feitos. Mas não são atribuídas às mulheres as ilustrações destes obras luxuosas.

“Só aos escribas e aos artistas de grande qualidade era confiado este pigmento azul”, diz, em comunicado, um dos investigadores.

Dado que as obras muitas vezes não eram assinadas, como gesto de humildade, caso houvesse mulheres que as pintassem a História encarregar-se-ia de obliterar esta prática.

Os investigadores consideraram várias hipóteses sobre como a mulher pode ter entrado em contacto com o pigmento. Mas apenas uma lhes parece verdadeiramente viável.

“De acordo com a distribuição do pigmento azul na sua boca, concluímos que o cenário mais provável é que ela mesmo se tivesse pintado com o pigmento ao lamber a ponta do pincel enquanto pintava”, esclarece, em comunicado, a alemã Monica Tromp, co-autora do estudo.

“Esta mulher estava ligada a uma rede comercial global que se estendia das minas do Afeganistão até sua comunidade na Alemanha medieval”, explica outro investigador.

Segundo os autores, “temos provas diretas de que uma mulher não pintou apenas, mas fê-lo com um pigmento muito raro e caro e num lugar remoto”.» in http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2019-01-10-Um-pigmento-azul-encontrado-nos-dentes-de-uma-mulher-da-Idade-Media-pode-reescrever-a-Historia


22/11/18

História e Arqueologia - A baunilha pode ter sido usada em Israel antes da sua domesticação na Mesoamérica, segundo uma nova descoberta num túmulo da Idade do Bronze.



«Túmulo israelita com 3600 anos encontrado com uma surpresa doce

A baunilha pode ter sido usada em Israel antes da sua domesticação na Mesoamérica, segundo uma nova descoberta num túmulo da Idade do Bronze.

O monumental túmulo de pedra fica perto do palácio no qual os reis antigos governaram a cidade de Tel Megiddo, no atual norte de Israel. Mais tarde, os antigos gregos viriam a conhecer a cidade por outro nome: Armagedom.

A cidade de Tel Megiddo é um importante sítio arqueológico. Em 2016, Melissa Cradic, arqueóloga da Universidade da Califórnia, encontrou um túmulo com três mil a quatro mil anos de idade perto do palácio. Juntamente com os restos mortais de pelo menos nove pessoas, o túmulo continha decorações luxuosas e bens funerários, incluindo quatro pequenos jarros.

Quando a arqueóloga Vanessa Linares, da Universidade de Tel Aviv, analisou os resíduos orgânicos deixados no interior dos jarros, descobriu algo surpreendente: três dos quatro compostos orgânicos continham vanilina e 4-hidroxibenzaldeído, que são os principais compostos encontrados no extrato de baunilha. Os químicos encontrados são aqueles que dão sabor e aroma à baunilha.

Após Linares e os colegas descartaram outras possíveis fontes de contaminação, determinaram que o resíduo deixado nos jarros só poderia ter vindo das vagens de sementes da orquídea de baunilha.

“Isto é baseado na quantidade abundante de vanilina encontrada nos vasos que poderiam ter derivado apenas da abundante quantidade de vanilina produzida pelas vagens das orquídeas de baunilha”, escreveu Linares no resumo da sua apresentação na reunião anual da American Schools of Oriental Research.

A investigadora, de acordo com o Ars Technica, apontou três espécies como fontes mais prováveis: uma nativa da África Central, uma da Índia e uma do Sudeste Asiático.

Como uma especiaria cara e importada, os pequenos jarros de baunilha encaixam-se perfeitamente nos produtos funerários do túmulo, que incluem vasos de cerâmica e ossos decorados.

As três últimas pessoas enterradas – um homem, uma mulher e uma criança – usavam jóias ornadas em ouro, prata e bronze. O túmulo em si era um monumento de pedra numa parte elite da cidade, não muito longe do palácio. Se as pessoas enterradas dentro não eram da realeza, certamente eram ricas e importantes.

“Estes resultados lançaram uma nova luz sobre a primeira exploração conhecida de baunilha, usos locais, importância na prática mortuária e possíveis redes comerciais de longa distância no antigo Oriente Próximo durante o segundo milénio a.C”, escreveu Linares.

A descoberta mostra que Tel Megiddo tinha contacto comercial – mesmo que indireto – com locais distantes na África Oriental, na Índia ou no Sudeste Asiático, e que os antigos habitantes valorizavam tanto a baunilha que a consideravam uma oferta digna de funeral para as elites da cidade.

Por outro lado, não se sabe se a baunilha tinha um papel particular nas tradições funerárias ou se era apenas um luxo caro para incluir com jóias e cerâmicas trabalhadas. A presença de vanilina e 4-hidroxibenzaldeído também não é suficiente para revelar exatamente em que lugar do mundo a baunilha estava a ser colhida na época, como foi usada ou o que eventualmente aconteceu com a colheita.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/tumulo-3600-anos-surpresa-doce-227872


(Local da Batalha do Armagedom em Israel - O Vale de Tel Megido - [Filmagem Aérea] - Megiddo)

24/10/18

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos, cientistas e mergulhadores descobriu no mar Negro aquilo que se julga ser o navio intacto mais antigo alguma vez encontrado - uma embarcação comercial grega.



«Embarcação intacta com 2.400 anos descoberta por arqueológos no mar Negro

Uma equipa de arqueólogos, cientistas e mergulhadores descobriu no mar Negro aquilo que se julga ser o navio intacto mais antigo alguma vez encontrado - uma embarcação comercial grega.

Segundo os especialistas, citados pela Associated Press (AP), a embarcação é tão antiga que só era conhecida por desenhos em antigos potes de cerâmica.

Análises de carbono já realizadas estimam que a embarcação tenha cerca de 2.400 anos.

O grupo de pesquisadores adiantou que o navio naufragado foi localizado ao largo da costa da Bulgária, a uma profundidade de dois quilómetros, onde a falta de oxigénio ajudou a preservar o material.

O projeto arqueológico na zona demorou três anos na pesquisa e utilizou tecnologia de ponta usada pelas companhias de exploração petrolífera.

A indicativa permitiu localizar outras 60 embarcações, incluindo navios romanos que transportavam ânforas.

Uma exposição sobre o projeto será hoje exibida no Museu Britânico.» in https://24.sapo.pt/vida/artigos/embarcacao-intacta-com-2-400-anos-descoberta-por-arqueologos-no-mar-negro


(Arqueólogos encuentran en el mar Negro un barco INTACTO de 2.400 años)

22/09/18

História e Arqueologia - Uma equipa de arqueólogos da Câmara Municipal de Cascais, do Projeto Municipal da Carta Arqueológica Subaquática do Litoral, descobriu uma nau que terá naufragado entre 1575 e 1625, e que é considerada a “descoberta do século”, segundo o município.



«"A descoberta do século". Arqueólogos encontram nau naufragada no rio Tejo ao largo de Cascais

Uma equipa de arqueólogos da Câmara Municipal de Cascais, do Projeto Municipal da Carta Arqueológica Subaquática do Litoral, descobriu uma nau que terá naufragado entre 1575 e 1625, e que é considerada a “descoberta do século”, segundo o município.

A descoberta, feita num mergulho junto ao ilhéu do Bugio, no rio Tejo, no passado dia 03 de setembro, resultou do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais (ProCASC), aprovado pelo município em 2005, e que tem por objetivo recolher todo o tipo de informação histórica, numa campanha de investigação subaquática.

Em declarações à agência Lusa, o diretor científico do ProCASC, Jorge Freire, explicou que os vestígios da nau foram encontrados a uma profundidade média de 12 metros, junto ao Bugio, e abrangem uma área aproximada de 100 metros de comprimento por 50 metros de largura.

“Vê-se o escudo de Portugal, a esfera armilar, portanto, por aí, estamos seguramente a falar de um achado de desígnio nacional muito semelhante àquilo que foi a Nossa Senhora dos Mártires [uma nau portuguesa também do Caminho das Índias, descoberta em 1994], utilizada como motivo da Expo98, só com uma diferença, porque esta está em melhor estado de conservação, daquilo que nos é possível ver à superfície. A área também é muito maior do que foi exumado na Nossa Senhora dos Mártires”, afirmou o diretor e mergulhador do projeto.

Alguns dos artefactos, que estavam em perigo de ser perdidos, foram recolhidos e colocados em água nas reservas municipais, informou a autarquia. Entre eles é possível encontrar faiança, pimenta da Índia e uma tampa em bronze.

Segundo Jorge Freire, esta descoberta é “diferente das outras”, uma vez que foi feita em “ambiente científico”.

“A maior parte das descobertas no país foram feitas por achado fortuito, a maior parte das descobertas em Cascais, e esta em particular, foram feitas em ambiente científico. O que estamos a fazer neste momento é mapear todos os achados que estão à superfície, para termos um diagnóstico daquilo que está visível, para ver qual a evolução do sítio em termos de sedimentação, e perceber a própria dinâmica do sítio”, esclareceu.

Para o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), em declarações à agência Lusa, esta é “uma das descobertas arqueológicas mais significativas da última década”.

“O reconhecimento feito pela própria comunidade científica de que se trata da descoberta da década, do século, em termos de arqueologia marítima, é para nós uma grande satisfação. [Assim como] a possibilidade de a termos feito também em conjunto, num programa que não envolve só a Marinha Portuguesa como a Direção-Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Cascais e os técnicos da Câmara Municipal de Cascais, assim como a Universidade Nova de Lisboa”, afirmou Carlos Carreiras.

Segundo o diretor do ProCASC “brevemente” a nau irá transformar-se num campo-escola, para a formação académica de alunos das universidades.

“Temos uma ausência de campos para formar arqueólogos e ela [nau] vai ser transformada, nesse sentido [num campo-escola], porque está lá a nau e um conjunto de navios de outras cronologias muito perto deste sítio, que também necessitam de ser intervencionados, e vamos juntar-nos num planeamento. Temos um programa pré-definido para isto, que terá subjacente este campus universitário. Em breve estará em funcionamento”, acrescentou.

De acordo com Jorge Freire, o campo-escola será criado através da Cátedra UNESCO "O Património Cultural dos Oceanos", tutelada pelo Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com a Marinha Portuguesa e a Direção-Geral do Património Cultural.» in https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/descoberta-nau-da-carreira-da-india-naufragada-ao-largo-de-cascais

05/09/18

História e Arqueologia - Arqueólogos descobriram uma das aldeias mais antigas descobertas até hoje, no Delta do Nilo, no Egito.



«ARQUEÓLOGOS ACABAM DE DESENTERRAR UMA VILA EGÍPCIA MAIS ANTIGA DO QUE AS PIRÂMIDES DE GIZÉ

Arqueólogos descobriram uma das aldeias mais antigas descobertas até hoje, no Delta do Nilo, no Egito.

O Ministério do Antiguidade do país anunciou a descoberta da antiga vila, que remonta ao período neolítico, precedendo os faraós. De acordo com funcionários do ministério, as descobertas na vila datam de 5.000 a.C., cerca de 2.500 anos antes das famosas pirâmides de Gizé do país terem sido construídas.

A equipa de arqueólogos egípcios e franceses que lideram a escavação em Tell al-Samara, na província do norte do Egito, localizou vários silos de armazenamento cheios de ossos de animais e resíduos de plantas que datam de milhares de anos. Os arqueólogos também encontraram ferramentas de cerâmica e pedra, indicando técnicas agrícolas usadas pelas comunidades nas áreas húmidas do Delta.

A descoberta pode ajudar a fornecer aos investigadores novas informações sobre como era a vida das comunidades pré-históricas que viviam no Delta durante o quinto milénio a.C., ajudando a descobrir as origens da agricultura em todo o Egito.

Autoridades do Ministério disseram que os cientistas usarão os novos materiais e outros materiais orgânicos encontrados no local para estudar como as comunidades pré-históricas poderiam viver na área.

O anúncio vem depois de várias descobertas históricas no país no ano passado, incluindo o túmulo de uma antiga sacerdotisa e um dos primeiros pedaços de queijo sólidos conhecidos.» in https://viagens.sapo.pt/viajar/noticias-viajar/artigos/arqueologos-acabam-de-desenterrar-uma-vila-egipcia-mais-antiga-do-que-as-piramides-de-gize
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