27/12/22

Amarante Literatura - O primeiro livro que Pascoaes publicou na sua estadia nas capital foi Jesus Cristo em Lisboa de colaboração com Raul Brandão.


«O primeiro livro que Pascoaes publicou na sua estadia nas capital foi Jesus Cristo em Lisboa de colaboração com Raul Brandão. O Raul tinha dito ao Pascoaes: «Não quero morrer sem escrever um livro com o seu nome ligado ao meu.» Foi uma obra que deu que falar. Só foi bem aceite pelos Franciscanos. Mexeu muito com a sensibilidade das pessoas mais católicas que cristãs. Católico não custa ser, mas cristão é um caso muito sério. O Padre Crespo, numa conferência que fez na igreja do SS. Sacramento, falou somente sobre Jesus Cristo em Lisboa e disse: «Tenho pena de não ter dinheiro para mandar fazer oito edições e não tinha medo de ficar sem as vender.»

A primeira vez que Raul Brandão e Pascoaes entraram na Brasileira, depois da publicação do livro, viram um sorriso em toda a gente. Pascoaes, que não era para questões nem barulhos, disse para o Raul: «Vamos embora. Isto é connosco.» «Não isso não. Vamos primeiro tomar o nosso café.» Sentaram-se e reparam numa quadra, escrita a encarnado, na sua mesa. Olharam à volta e viram que todas as mesas tinham a mesma quadra somente a cores diferentes:


"Jesus morreu na Judeia

Entre o bom e o mau ladrão

Agora morre em Lisboa

Entre Pascoaes e Brandão"


O livro não tinha nada que magoasse. Pascoaes era incapaz de o fazer. O que ele queria era a purificação da doutrina de Cristo; quando escreveu o D. Carlos, fê-lo sem intenção política alguma. Apesar de ser republicano toda a sua vida, a sua alma teve de cantar ante este drama, porque antes de ser republicano era poeta. Metido na sua lura de manhã à noite, debruçado sobre o papel, com a caneta na mão, pensava lá o que de política se passava cá fora!» in Olhando para trás vejo Pascoaes, de Maria da Glória teixeira de Vasconcellos.


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