A primeira vez que Raul Brandão e Pascoaes entraram na Brasileira, depois da publicação do livro, viram um sorriso em toda a gente. Pascoaes, que não era para questões nem barulhos, disse para o Raul: «Vamos embora. Isto é connosco.» «Não isso não. Vamos primeiro tomar o nosso café.» Sentaram-se e reparam numa quadra, escrita a encarnado, na sua mesa. Olharam à volta e viram que todas as mesas tinham a mesma quadra somente a cores diferentes:
"Jesus morreu na Judeia
Entre o bom e o mau ladrão
Agora morre em Lisboa
Entre Pascoaes e Brandão"
O livro não tinha nada que magoasse. Pascoaes era incapaz de o fazer. O que ele queria era a purificação da doutrina de Cristo; quando escreveu o D. Carlos, fê-lo sem intenção política alguma. Apesar de ser republicano toda a sua vida, a sua alma teve de cantar ante este drama, porque antes de ser republicano era poeta. Metido na sua lura de manhã à noite, debruçado sobre o papel, com a caneta na mão, pensava lá o que de política se passava cá fora!» in Olhando para trás vejo Pascoaes, de Maria da Glória teixeira de Vasconcellos.
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