«Vamos experimentar a serra, que protege o povo e a literatura com as suas fragas e penhascos
Aviso: o arranque deste texto é inesperado - exige perseverança, é imprevisível e providencia acontecimentos que acabam num festival literário com mais de 30 escritores a partilharem as suas viagens.
Diz a lenda que há muitos anos, em Idanha-a-Velha, vivia um homem viúvo muito rico, com a mulher e uma filha do primeiro casamento. As duas não se davam e vai na volta pegavam-se. Certo dia, depois de a madrasta ter batido no cão da menina com um pau, esta decide fugir de casa. Agarra em algumas fatias de pão, queijo e chouriço, põe um xaile aos ombros e chama o cão, e juntos saem de casa em direção a uma serra que parece o lugar ideal para se abrigarem. Chegados ao cimo, a menina repara nuns grandes penedos onde há uma gruta onde os dois podem ficar.
De manhã, a menina é acordada por uma senhora vestida de branco - "Eu sou a Nossa Senhora!" - que sorri e lhe diz que desça imediatamente à povoação e diga ao seu pai e a todos os de Idanha para abandonarem as suas casas e subirem à serra, que os mouros estão a chegar. O pai desconfia, o povo acredita, e em pouco tempo rumam à serra. Do alto veem os mouros chegar, entrar nas suas casas e ninguém encontrar. Procuram os de Idanha, batem-se contra eles, saem derrotados, porque a serra, com as suas fragas e penhascos, protege o povo. Depois deste episódio, começou a chamar-se à serra "Gardunha", que significa: "Guardou os de Idanha".
A Serra da Gardunha, no concelho do Fundão (distrito de Castelo Branco), é também conhecida por Guardunha, palavra árabe que significa "refúgio". Refúgio para os de Idanha e refúgio para os que subirem ao Fundão para ouvir falar de literatura de viagem no Festival Literário da Gardunha, primeira edição, que ali decorre durante este fim de semana.
Hélia Correia, Teolinda Gersão, Luandino Vieira, Miguel Real, Carlos Vaz Marques, Fernando Alvim, José Mário Silva, Pedro Mexia são alguns dos nomes confirmados para este festival. Vão falar sobre as suas viagens literárias. Primeiro no Auditório da Moagem (cidade do Fundão), e depois em Alpedrinha e depois em Castelo Novo, lugares que a literatura entretanto imortalizou (Saramago um dia escreveu: "Castelo Novo é uma das mais comovedoras lembranças do viajante"), num movimento que faz jus ao tema do festival, e tem como cenário a Serra da Gardunha.
Além da participação dos escritores Alexandra Lucas e Coelho e Tiago Salazar, e do fotógrafo Pedro Loureiro, que estão desde segunda-feira passada em residência artística em vários locais do Fundão, o festival recebe ainda Cristina Branco e João Paulo Esteves da Silva para um concerto esta sexta-feira.
A iniciativa é promovida pela Câmara Municipal do Fundão em parceria com a A23 Edições e a Grande Turismo.
A pedido do Expresso, e porque o grande tema do festival é a viagem, Catarina Nunes de Almeida, autora de livros de poesia e vencedora, em 2006, do Prémio Internacional de Poesia Castello di Duino, partilha cinco itinerários especiais: Praça da Alegria - Castelo de São Jorge, Serra de Sintra - Serra do Açor, Ocidente - Oriente, e o itinerário que se faz dum poema a outro poema, e do "Lugar Filha" ao "Lugar Mãe". O texto pode ser lido aqui.» in http://expresso.sapo.pt/vamos-experimentar-a-serra-que-protege-o-povo-e-a-literatura-com-as-suas-fragas-e-penhascos=f890849#ixzz3EQ2qFJe6
(IDANHA A VELHA - ALDEIA HISTÓRICA)
(Idanha-a-Velha - a Egitânia doutrora)
(IDANHA-A-VELHA)
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