«A HISTÓRIA
Situada na encosta entre as serras da Mendacha e a dos Almoinhos, a origem da fidalga e nobre vila de Avô perde-se na bruma do tempo e esvai-se no fumo da tradição. Porém, há historiadores que atribuem aos Túrdulos a sua fundação, no ano 500 A.C.. Assim o escreveu J. Nobre da Fonseca.
Sabe-se, porém, de fonte segura, tão numerosos e concludentes são os testemunhos, que os romanos se fixaram em Avô por onde fizeram passar a célebre Via Imperial, com 14 pés de largura. Saía de Lisboa, bifurcava em Conimbriga para a Guarda, Salamanca, etc.. Havia sido aberta pela V Legião Romana, quando Júlio César esteve na Península Ibérica pela segunda vez e atravessava o rio Alva próximo do castelo de Avô.
No caminho que se dirige a Anseriz, logo acima das últimas casas da vila, pode ver-se ainda um troço dessa estrada em regular estado de conservação; e um pouco além da Senhora do Mosteiro, no caminho para Aldeia das Dez, há também restos desta antiga calçada.
Em tempos mais recuados, Avô era designada por Avaao - denominação que ainda persistia em 1453. Esta palavra derivava de vau, pois era a vau que o rio Moura era transposto antes da construção da primeira ponte. De facto, apesar de muito mais antiga,a ponte sobre o Alva só muito mais tarde se transformou em realidade.
Nessa época, pelo seu fraco caudal, o rio Moura era a porta de entrada para a vila de Avô.
Os romanos substituíram a palavra bem portuguesa vau por ad vadum, o que significa a mesma coisa.
Não sabemos exactamente as razões que levaram os romanos a fixarem-se em Avô; mas é quase certo que tivesse sido o ouro e o chumbo que ao tempo abundavam nas margens do Alva.
No ano de 710, Avô foi dominada pelos árabes que desenvolveram intensa actividade agrícola em seus vales criamosos.
Em 1059 a nobre vila foi conquistada pelo rei D. Fernando de Castela que a povoou de cristãos e lhe deu por governador o conde D. Sisnando.
Posteriormente foi couto de D. Afonso Henriques, doado a sua filha natural D. Urraca Afonso, casada com D. Pedro Afonso, neta de Egas Moniz.
D. Afonso Henriques foi também o fundador da primitiva igreja de Avô, edificada exactamente no local onde presentemente se encontra a matriz. Ao que parece, foi Soeiro Formarigues quem em 1093 ampliou o templo e construiu o claustro.
A actual igreja de duas torres cimeiras foi edificada no sec. XVI e reedificada em 1764.
Em 1187, D. Sancho I cedeu a povoação de Avô e respectivo castelo a sua irmã natural D. Urraca Afonso, casada com D. Pedro Afonso Viegas, filho de Egas Moniz, em troca com a antiga vila de Aveiro.
Seguidamente, nomeou D. Pedro Afonso Viegas alcaide-mor de Avô - o primeiro a ocupar este alto cargo.
No mesmo ano em que o "Rei Povoador" dava a vila de Avô à sua Irmã, concedia-lhe também carta do foral e instituía o seu primeiro município. O foral tem a data de 1 de Maio.
Mais tarde este título foi atribuído aos bispos de Coimbra, que acumulavam também os de "Senhores de Coja e condes de Aranil", e aos quais entregou a vila, o castelo e domínios.
A 12 de Setembro de 1514, D. Manuel I outorgou novo foral à vila de Avô.
O município avoense devia ser importantíssimo, pois era governado por Juíz Ordinário de vara branca com atribuições do Crime e Órfãos. Tinha capitão-mor, sargento-mor e uma companhia de Ordenanças.
Foi Provedoria da Guarda e Corregedoria de Linhares.
Os titulos de "Alcaide-Mor" do castelo de Avô e de "Senhor" de Côja, como todos os titulos existentes à data da implantação do regime liberal, foram abolidos pelos decretos de Mousinho da Silveira, em 1832.
Incompreensível e inesperadamente, e à revelia do seu passado de grandeza, da sua história, da riqueza e beleza dos seus pergaminhos - um decreto datado de 24 de Outubro de 1855 estinguiu o município, integrando a vila no concelho de Oliveira do Hospital.
Fonte: Tarquínio Hall» in http://www.terralusa.net/?site=175&sec=part4
«Foral de Avô (1187)
Em nome de Deus Esta é a carta de foral que eu, Rei D. Sancho, juntamente com minha mulher, Rainha D. Dulce, e com os meus filhos, Rei D.Afonso e Rei D. Henrique, e as minhas filhas, Rainha D. Teresa e Rainha D. Sancha, faço aos habitantes presentes e futuros de Avô.
E assim damos para que nesse lugar tenhais por foro que cada jugo de bois deis um moio do qual uma terça parte seja de trigo, outra de centeio e outra terça de milho E de um boi, dois quartos, terçados do mesmo modo e deis esse pão tal qual para vós tomardes Do vinho deis a dízima E quem trabalhar o linho dê um manípulo. E de morada do monte, de quatro coelhos e mais, deis um coelho Do caçador de baraça um lombo Do porco duas costeletas De modo de cera, de dois arredes e mais, deis um arredei E quem cometer Homicídio voluntariamente pague 10 maravedis; de rousso 10 maravedis, de merda na boca (calúnia) 10 maravedis; componha o fundo de haveres ou gado com «coisas» novas Quem sair com armas contra um bando perde-as. Quem ferir com lança, ou com gládio, ou com cutel ou com espora pague 3 maravedis ao dono da terra e 1 maravedil ao ferido.
O homem de Avô não seja, senão por expressa vontade, mordomo ou serviçal O homem de Avô nada pague a outro, melhor do que acima está escrito nesta carta O homem de Avô que quiser vender a sua herdade, venda-a a tal homem que faça dela seu foral e do preço dê a dízima ao palácio.
Carta feita no mês de Maio, era milesima ducentesima vigesima quinta (Maio 1187).
Nós, reis, acima nomeados que mandamos fazer esta carta no concelho de Avô, pelas nossas próprias mãos assinamos E assinada confirmamos.
Quem quer que observar este nosso feito seja bendito Quem o infringir seja maldito.
Fonte: Tarquínio Hall» in http://www.terralusa.net/?site=175&sec=part4
(Vila de Avo - Oliveira do Hospital - Coimbra)
(AVÔ OLIVEIRA DO HOSPITAL SALTO DA PONTE SOBRE RIO ALVA)
(Vila de Avó, Oliveira do Hospital)
Sem comentários:
Enviar um comentário