«Corrupção: Exames para tirar carta duravam oito minutos
A Polícia Judiciária (PJ) de Braga apurou que, no centro de exames de Vila Verde – onde se suspeita que largas centenas de pessoas obtiveram a carta de condução pagando ‘luvas’ aos examinadores – havia candidatos que em apenas oito minutos respondiam às dezenas de perguntas dos exames teóricos, passando nas provas. Estas situações, com os respectivos registos informáticos, estão amplamente documentadas no processo, que envolve, entre outros, o futebolista Fábio Coentrão.
O jogador do Real Madrid é um dos cerca de 20 arguidos já indiciados por corrupção. Os seis examinadores em causa, arguidos pelo mesmo crime, prestavam serviço neste centro de exames em Vila Verde, gerido pela Associação Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel (ANIECA). Quatro foram detidos em Janeiro, aguardando agora a conclusão do inquérito em liberdade.
'Provas da batota são evidentes'
Há centenas de casos suspeitos, mas os investigadores concentram-se para já em cerca de 20, incluindo Coentrão, em que “as provas da batota são evidentes”, segundo revelou ao SOL fonte conhecedora do processo.
A ausência de gravações vídeo ou audio dos exames – apesar de haver câmaras nas salas do centro da ANIECA – dificulta a investigação, que tem indícios fortes de que alguns dos candidatos nem sequer iam realizar os exames teóricos. Paulo Machado, responsável do centro da ANIECA, garantiu ao SOL, porém, “existir documentação, já na posse das autoridades, que prova que Fábio Coentrão – tal como todos os outros candidatos – esteve presente no centro de exames”.
O jogador tem a carta de condução apreendida desde finais de Maio, quando foi constituído arguido numa diligência da PJ, em Vila do Conde. Segundo o SOL apurou, terá nessa altura comentado achar normal recorrer àquele centro de exames, por constar ser mais “fácil” obter aprovação nos exames teóricos. Estes, realizados em computador, testam os conhecimentos em regras do Código da Estrada, questões de mecânica e impacto da condução nos meios ambientais.
O futebolista apresentou-se então no interrogatório já com um advogado de Vila do Conde, ligado ao Rio Ave Futebol Clube, e recusou prestar declarações aos inspectores da PJ de Braga – o que é um direito legal dos arguidos. Prestou apenas termo de identidade e residência.
O inquérito ainda não apurou o valor exacto que Fábio Coentrão terá pago para obter as “facilidades” alegadamente concedidas por um examinador que ficou sozinho com ele na sala de exames.
Os valores pagos habitualmente oscilariam entre 1.500 e 2.500 euros, consoante a capacidade económica de cada aluno. Admite-se que o futebolista, tal como alguns industriais da região do Norte, terá pago mais do que isso. A investigação deverá estar concluída até ao final do ano, sendo que o examinador de Fábio Coentrão foi um dos quatro detidos, em Janeiro.
PJ apreendeu milhares de euros aos examinadores
Dois dos seis examinadores suspeitos não viram renovados os seus contratos de trabalho e os outros foram transferidos para outros centros de exames. A ANIECA tomou a iniciativa de os suspender a todos de funções, assim que soube das suspeitas.
Um dos motivos que contribuíram para essa decisão foi o facto de a PJ ter encontrado e apreendido dezenas de milhares de euros aos examinadores em causa. A um deles, foram encontrados mais de 100 mil euros em dinheiro vivo.» in http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=79552
(Fábio Coentrão "compra" Carta de Condução)
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