Dureza de final
A noite algarvia nada quis com os ensejos, a insistência ou a vontade portistas, que esbarraram invariavelmente nos ferros da baliza contrária, na facilitada dureza do adversário ou, pura e simplesmente, na infelicidade da desejada conclusão. As oportunidades criadas, em todas as diferentes etapas do encontro, mereciam um outro desfecho e, sem dúvida, um equilíbrio mais evidente para a partida. Imperou a injustiça, portanto.
Ao contrário do que uma análise fria do resultado final da partida poderá revelar, as incidências do encontro entre o Campeão Nacional e do vencedor da Taça de Portugal da época transacta demonstram à evidência que o equilíbrio foi mais do que uma mera hipótese académica. Existiu, de facto, quer através das boas ocasiões de golo manifestadas, quer também pela toada dividida que sempre imperou.
O início do encontro, de resto, foi bem exemplo disso mesmo, com as oportunidades de êxito a surgirem em ambas as balizas. Guarin abriu as hostilidades portistas com um remate de meia distância, seguido de perto pelas intenções de Benítez, que também se acercaram da zona de perigo contrária. A dupla tentativa serviu como prelúdio ideal para a ocasião soberana que haveria de surgir, pouco depois da meia-hora de jogo, através de um disparo de Lucho, do meio da rua, que estava destinado a abrir a contagem a favor dos Dragões e caprichosamente se encaminhou para o poste da baliza adversária. Toda a história deste jogo poderia, neste instante, ter sido escrita de outra, bem diferente, forma.
Desde o apito inicial, mas com especial relevância nesta fase da partida, a permissividade incentivada perante lances de ilegítima discussão dentro de campo, sentidos na pele por Rodriguez ou Lisandro, para citar apenas alguns, premiou a impetuosidade excessiva do adversário e abriu portas a decisões que, posteriormente, se revelariam inadequadas.
O tento sportinguista chegou em cima do intervalo, adiando para o reatamento a reacção azul e branca, que não tardou mais que uns minutos logo após o reinício do jogo. Meireles tentou de longe, antes de Lisandro chamar a si um papel de evidência, parado em grandes dificuldades pelas mãos do guarda-redes adversário. Por sinal, e mantendo uma senda enganadoramente intocável, o jogo viu chegar pouco depois o segundo golo verde e branco, que elevou ao expoente do cinismo o desfecho da repartida disputa.
Não se quedou aí, no entanto, a vontade de sucesso portista, que incansavelmente perseverou face aos obstáculos colocados de forma sucessiva. Depois de uma dupla ocasião protagonizada por Raul Meireles e Lucho, Caneira cortou com a mão, em plena área, um cruzamento oportuno de Candeias. Assinalado o penalti e mostrado o cartão amarelo devido, ficou, no entanto, a sensação de injustiça perante uma advertência que imerecidamente não surgiu, quando o mesmo jogador agrediu Rodriguez ainda durante o primeiro tempo. Comprovou-se, então, que desta vez a dureza foi premiada. Sem mais.
Para não fugir a um destino teimosamente traçado, Lucho não conseguiu converter o castigo máximo e o resultado do encontro não mais sofreu alterações. Não estava destinado que assim fosse, por muito que tenha sido tentado para o impedir. Este arranque, ainda assim, não é suficiente para anular as ambições intimamente ligadas à alma portista. O caminho só agora começou a ser trilhado e muito há para percorrer. As contas, essas, fazem-se como sempre, no final.
Ficha de Jogo
Supertaça Cândido de Oliveira (16 de Agosto de 2008)
Estádio do Algarve, em Faro
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)Árbitros Assistentes: José Braga e Mário Dionísio
4º Árbitro: André Gralha
F.C. PORTO: Helton; Sapunaru, Bruno Alves, Pedro Emanuel «cap.» e Benítez; Guarin, Raul Meireles e Lucho; Lisandro, Farias e Rodriguez
Substituições: Farías por Hulk (56 min) e Guarin por Candeias (70 min)
Não utilizados: Nuno, Fucile, Rolando, Tomás Costa e FernandoTreinador: Jesualdo Ferreira
SPORTING: Rui Patrício; Abel, Anderson Polga, Tonel e Caneira; João Moutinho «cap.», Rochemback, Romagnoli e Izmailov; Yannick e Derlei
Substituições: Romagnoli por Miguel Veloso (67 min), Derlei por Hélder Postiga (82 min) e Yannick por Pereirinha (90 min)
Não utilizados: Tiago, Adrien, Grimi e TiuíTreinador: José Mota
Ao intervalo: 0-1Marcadores: Yannick (45 e 58 min)
Disciplina: cartão amarelo para Anderson Polga (10 min), Benítez (29 min), Caneira (71 min), Lucho (90 min), Miguel Veloso (90 min) e Rodriguez (90 min)
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Apesar de alguma infelicidade por parte da equipa azul e branca, a vitória do Sporting é totalmente merecida, em virtude de ser neste momento uma equipa mais consolidada do que o F.C. do Porto, muito por força da estabilidade e reforço acertado do seu plantel. Apesar da derrota do F.C. do Porto, Lucho Gonzalez foi, quanto a mim e mais uma vez, o melhor jogador da equipa e o melhor em campo, passeando a sua classe, mas desta vez sem ajudas ao seu nível! Começa a ser difícil ao F.C. do porto bater este Sporting do Mister Paulo Bento! Muitas coisas por resolver nesta equipa do F.C. do Porto: a questão dos laterais, o caso "Quaresma", a tardia recuperação de Tarik e a falta de qualidade de Guarin, para ocupar a difícil posição 6... muito trabalho espera o Mister Jesualdo Ferreira! Parabéns ao Sporting, Viva o F.C. do Porto!
1.º Golo por Djaló!
2.º Golo por Djaló!
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