«O professor universitário e comentador político Pacheco Pereira acusou hoje o Estado e sobretudo o Ministério das Finanças de "saberem de mais" acerca dos cidadãos.
"O Estado não tem o direito de saber a maioria das coisas que já sabe sobre mim", afirmou o antigo eurodeputado durante um seminário sobre novas tecnologias e governação electrónica, realizado hoje em Amarante.
Para Pacheco Pereira, "as Finanças, em Portugal, foram já muito mais longe do que seria aceitável", ainda que em nome da eficiência da cobrança fiscal.
O comentador político e confesso adepto da tecnologia digital - é autor do Abrupto, um dos blogues mais antigos e com mais visitas em Portugal - também alertou para os perigos da Internet, se for usada incorrectamente e, sobretudo, para "a grande erosão que as novas tecnologias podem causar à democracia".
"Todos sabem que sou um grande consumidor mas é muito perigoso o deslumbramento com as novas tecnologias, sobretudo entre os jovens", afirmou.
"Os jovens arrependem-se, quando são adultos, do que escreveram na Internet quando tinham 14 anos e isso fica para sempre na rede", lembrou Pacheco Pereira, ao referir-se à utilização das redes sociais muito populares entre os mais novos, como é o caso do Hi5, onde os jovens colocam quase tudo, desde coisas banais até às questões mais íntimas.
Para acautelar esse risco, o comentador - foi um dos três primeiros deputados da Assembleia da República a ter uma conta de e-mail (correio eletrónico) - atribui às escolas e às universidades o papel de preparar os cidadãos para lidar com os meios digitais.
"As novas tecnologias exigem literacia para serem correctamente usadas", frisou Pacheco Pereira, defendendo que os cidadãos e sobretudo os estudantes, quando fazem consultas na Internet, devem saber distinguir o que é verdadeiro do que é falso.
"No caso da Wikipédia portuguesa, nove décimos do que lá está escrito não é rigoroso. Não digo que seja falso mas não é rigoroso", concluiu.
Organizado pelo projecto Tâmega Digital, que abrange cinco municípios da sub-região do Baixo Tâmega, o seminário fez uma abordagem do impacto que os meios digitais têm sobre a vida dos cidadãos e das organizações.» in Marão online.
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Pela primeira vez assisti ao vivo e in loco, a uma palestra do Dr. Pacheco Pereira, embora seja leitor assíduo do blog Abrupto de que é autor, ouça o Flash-Back na rádio, assista regularmente à quadratura do círculo na TV e leia os seus artigos de opinião semanais no Jornal Público, além de acompanhar sempre com grande interesse a sua participação política corrente. De facto, é um fascínio ouvir este intelectual da política, que fala de todos os temas com grande profundidade e abrangência. Alguns dizem que é um apocalíptico, ou um pessimista militante, mas a sua fundamentação argumentativa, leva-me muito mais a concluir de que ele sabe bem do que fala! E hoje ao abordar os perigos da tecnologia, um tema contra-corrente, dada a vertigem digital-simplex que hoje vigora. A mim enquanto professor de informática, alertou-me mais uma vez sabiamente, para o perigo que é usar as facilidades tecnológicas sem critério e sem base de estudo prévio, bem como a tónica na dualidade Democracia versos Demagogia que as tecnologias de informação e comunicação, se mal usadas, potenciam! Parabéns a esta magnífica organização do Tâmega Digital que contou com uma intervenção de grande gabarito do Professor Borges Gouveia, cujo irmão foi meu professor de Economia, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e diga-se em abono da verdade, tratou-se de uma referência para mim, enquanto Professor Universitário!
Mais informações sobre este projecto muito interessante, o Tâmega Digital, no seu link:
Ora aqui está. Afinal ainda foste a tempo de postar o Pacheco Pereira. Gostaria de ter assistido à conferência e se tivesse sabido mais cedo teria até tentado mudar a minha aula. Mas não deu. Resta-me a Quadratura do Círculo e o Abrupto.
ResponderEliminarÉ sempre um prazer ouvir pessoas que pensam nas coisas, com alguma profundidade...
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