11/11/16

Música Rock/Folk - Com a sua voz quente e grave cantou sobre o amor, a espiritualidade e religião durante quase 50 anos, mas a sua influência estendeu-se da música à literatura, passando pelas artes plásticas.



«Morreu Leonard Cohen, o visionário que nos deu "Hallelujah"

Com a sua voz quente e grave cantou sobre o amor, a espiritualidade e religião durante quase 50 anos, mas a sua influência estendeu-se da música à literatura, passando pelas artes plásticas.

Leonard Cohen, o artista da voz grave e soturna considerado um dos maiores escritores de canções da segunda metade do século XX, morreu na quinta-feira aos 82 anos, anunciou o seu agente no Facebook.

"É com profunda dor que comunicamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen faleceu. Perdemos um dos mais reverenciados e prolíficos visionários da música", diz o comunicado publicado no Facebook.

Uma cerimónia será organizada em Los Angeles, onde Cohen vivia, "numa data a ser anunciada posteriormente", informa a nota, acrescentando que "a família pede que se respeite sua privacidade neste momento de luto".

Há muito pouco tempo, a 21 de outubro, tinha sido lançado o seu 14º álbum, "You Want It Darker" , descrito pela editora discográfica Sony Columbia Records como uma "uma obra-prima” e “o último capítulo da grande contribuição de Leonard para a música contemporânea”, acrescentou a Sony Columbia.

Pouco antes, em entrevista à The New Yorker, confessara que ainda tinha canções inacabadas.

"Não sei se as irei conseguir terminar. Talvez, quem sabe? Talvez consiga um segundo fôlego", disse o músico, acrescentando que  não vai perder tempo com "qualquer tipo de estratégia espiritual".

"Tenho trabalho a fazer. Estou pronto para morrer, espero que não seja desconfortável", desabafou então ao jornal norte-americano.

A juventude no Canadá e a paixão pela literatura

Nascido em Montreal a 21 de setembro de 1934, filho de uma próspera família judaica, Leonard Cohen foi o autor de músicas que versam sobre amor, espiritualidade, religião, numa toada de melancolia, cinismo e provocação. Mas ainda antes de ser conhecido como escritor de canções, Leonard Cohen tinha já ambições literárias.

Ainda no Canadá licenciou-se em literatura na Universidade McGill, em 1955, e integrou o grupo musical The Buckskin Boys.

Cohen acompanhou sempre a música com a literatura, a sua grande paixão, que começou aos 16 anos, quando escreveu os seus primeiros poemas.

"Let us Compare Mythologies", o primeiro livro de poesia, foi publicado em 1956, seguindo-se em 1963 o romance "O Jogo Favorito", editado em Portugal em 2010, e o de poesia "Flowers for Hitler" (1964).

Em Portugal estão também publicados "Filhos da Neve" e "O Livro do Desejo", que reúne poemas dispersos escritos ao longo dos últimos vinte anos, alguns dos quais durante um retiro budista de Cohen nos Estados Unidos e na Índia.

Alguns dos poemas desse livro foram adaptados para letras de canções, o que significava que para Cohen a composição musical e a literária se alimentam mutuamente.

A voz melancólica de uma geração numa carreira com mais de 50 anos

Leonard Cohen lançou o seu primeiro álbum aos 33 anos, “Songs of Leonard Cohen” (1967), que inclui os temas "So long, Marianne" e "Sisters of Mercy", um dos mais importantes da sua discografia, a par de "Songs of Love and Hate" (1971), "Various positions" (1984) e "I’m your man" (1988).

Cohen mudou-se para Nova Iorque em 1966, quando abraçou a música e deu início a uma prolífica carreira marcada por sucessos como "Hallelujah", "Suzanne", "I'm Your Man" e "So Long Marianne".

Conviveu em Nova Iorque com artistas de vanguarda como o pintor Andy Warhol e o guitarrista e cantor Lou Reed, mas a sua personalidade fazia com que fosse um solitário, que passou anos na ilha grega de Hidra e viveu o capítulo final da sua vida como um monge  budista Zen num mosteiro na região de Los Angeles.

Judeu e monge budista, conhecido pelo nome "Jikan" (que significa "silêncio"), Leonard Cohen esteve 15 anos ausente dos palcos, tendo voltado a atuar em 2008, no âmbito de uma digressão internacional, por uma razão pouco espiritual: descobriu que o seu agente lhe tinha roubado grande parte das poupanças. Passou várias vezes pelo nosso país.

Cohen também ficou conhecido pela sua intensa vida amorosa, com numerosas mulheres, e escreveu "Chelsea Hotel No. 2" sobre a sua relação com a cantora Janis Joplin.

Em 2011, foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras, de Espanha, pelo "imaginário sentimental" da sua escrita e da música.

No mesmo ano, em 2011, foi galardoado com o 9.º Prémio Glenn Gould, atribuído de dois em dois anos a artistas que contribuam para enriquecer a condição humana e representem os valores da inovação, inspiração e transformação.

Em 2014, lançou o álbum "Popular Problems", que aborda preocupações e dilemas do mundo atual.

Sobre este álbum, marcado pela sua voz cavernosa e grave, Leonard Cohen afirmou que é atravessado por um sentimento identificável por todos: "Toda a gente sofre e toda a gente luta por ser alguém, por ser reconhecido. É preciso perceber que a luta de um é igual à luta de qualquer outro; e o sofrimento também. Creio que nunca se chegará a uma solução política se não se perceber esta ideia".

Questionado se uma canção pode oferecer soluções para problemas políticos, Leonard Cohen respondeu: "Penso que a canção é, ela mesma, uma espécie de solução".

Leonard Cohen foi comparado a Bob Dylan pela profundidade das suas letras. Ainda no mês passado, o músico e poeta aplaudiu a atribuição do Nobel da Literatura a Dylan e considerou que foi como “dar uma medalha ao monte Evereste por ser a montanha mais alta”. O nome do próprio Cohen foi várias vezes apontado como candidato ao Nobel.

Cohen foi precedido na morte, em julho, por Marianne Ihlen, a norueguesa com quem viveu na ilha grega de Hydra e que inspirou "So Long, Marianne".

Numa carta para Ihlen revelada por um amigo, Cohen declarou o seu "amor sem fim" por ela, escrevendo: "Eu acho que vou seguir-te muito em breve."» in http://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/morreu-leonard-cohen



Leonard Cohen - "Dance Me to the End Of Love"


Leonard Cohen - "Joan of Arc"


Leonard Cohen - "Halleluja"


Leonardo Cohen - "First you take Manhattan"


Leonard Cohen - "Take this Waltz"


Leonard Cohen - "Closen Time"


Leonard Cohen - "A thousand  kisses deep"




Leonard Cohen - "In my Secret live" - (Music Vídeo)


Leonard Cohen - "So long, Marianne"


Leonard Cohen - "Suzanne" - (from "Live At The Isle of Wight 1970") 



"Dance Me To The End Of Love
Leonard Cohen

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Oh, let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love"

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