«A HISTÓRIA
Freguesia de S.º Miguel de Jarmelo, Distrito de Guarda, com muita História e muito que visitar.
“A antiga vila do Jarmelo está implantada sobre dois cerros situados à vista da Guarda a cerca de 12 Km de distância, num local que parece ser eixo de comunicação entre outras, várias antigas fortalezas: Castelo Bom, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Trancoso, Longroiva, Meda, Almeida, Alfaiates, Sabugal e Vilar Maior.
A vila do Jarmelo data do tempo dos godos. D. Afonso Henriques deu-lhe foral sem data. Foi sede de concelho, suprimido em 1885. Nasceu no Jarmelo, Pero Coelho, um dos três assassinos de D. Inês de Castro, “que depois de morta foi raínha”, a quem D. Pedro I mandou arrancar o coração a 18 de Janeiro de 1357 na cidade de Santarém. D. Pedro mandou arrasar a vila nesse mesmo ano pelo que também foi “salgada aos quatro cantos”. |
Mais tarde, em 1375, D. Fernando mandou-a restaurar, sofrendo as investidas dos castelhanos durante a crise de 1383-85.
Em 1 de Junho de 1510 D. Manuel I deu-lhe foral, curiosamente passado em Santarém. A vila do Jarmelo tinha antigamente quatro freguesias: Santa Maria, Nª Senhora da Conceição, S. Miguel e S. Pedro. O local, rochoso, está alcandorado numa elevação que alguns historiadores entendem como sendo parte integrante do planalto da Guarda, a caminho da meseta espanhola, para além do Rio Côa. As ruínas apresentam ainda partes de muralha, alguma com vestígios do antigo passeio da ronda, de origem medieval, mas cuja ancestralidade remonta a temos remotos, quiçá do período neolítico posteriormente enriquecido por épocas e civilizações várias, sobretudo os lusitanos, romanos e pós-nacionalidade portuguesa. A muralha do Jarmelo está subdividida entre o tipo de monolitos mal aparelhados sobre o Coroamento dos cerros ou outeiros que constituem a antiga povoação e o perímetro murado que envolvia toda a antiga vila. Embora o interior, degradado e abandonado, afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAAR), seja povoado por mato selvagem, são ainda perfeitamente visíveis as velhas cisternas, os muros e alicerces de casas, as ruas, a forja, pios eventualmente destinados a bebedouros, fornos e a antiga “pedra de montar”. Trata-se de um monolito de grandes dimensões que a tradição liga aos amores de D. Pedro e Inês de Castro. Uma velha tradição da região conta que as donzelas ou noivas teriam de pagar determinado quantitativo (a tença) junto a esta pedra, assemelhada a um monumento rupestre, para que o casamento fosse realizado ou tivesse felicidade. Acrescenta o povo nas suas lendas que a pedra foi usada por Inês de Castro para subir para a montada. Nasceu assim a quadra: “Adeus vila do Jarmelo / Adeus pedra de montar / Enquanto o mundo for mundo / Dinheiro hás-de ganhar”. Jarmelo foi antigo município, extinto na reforma liberal do século passado, mas cuja autoridade municipal está ainda testemunhado no edifício da antiga câmara e cadeia, que ostenta as armas reais, próximo da igreja, de sepulturas antropomórficas de origem medieval, conjunto este implantado fora do perímetro amuralhado, em local onde se realizava a feira, uma das mais antigas instituídas em Portugal. Muitas das aldeias – em risco de desertificação – ricas em património construído de feição rural, granítico, teriam sido originadas pela dispersão dos habitantes quando a fúria de D. Pedro I amaldiçoou e destruiu a povoação. A região do Jarmelo foi centro de uma sub-raça de gado vacum a que se apelidou de “jarmelista”. De pele castanha, corpulenta, era utilizada em todos os povoados circunvizinhos e nesta zona do distrito para o amanho da terra, associada ainda a produção de leite para sustento familiar. A introdução da mecanização na agricultura e o abandono da terra, associado à drástica redução dos residentes, provocou a inevitável redução dos espécimes existentes. Para rememorar este animal que em muito e durante séculos participou na “construção” da história de Portugal em terras de Jarmelo”, é realizada desde há já sete anos uma feira dedicada ao Jarmelo e suas ancestrais riquezas que, além do gado bovino “Jarmelista” envolve também as raças “bordaleiras da serra da Estrela” e “caprinos da Serra”. O velho terreiro fronteiro à velha, silenciosa e enigmática Vila ganha assim, mesmo por um dia, nova vida, arrancando das entranhas rochosas deste púlpito alcandorado frente à serra da Estrela, serra da Marofa ou à Guarda (sede de concelho), símbolos de vida de um passado distante. Barracas, tendas de vendedores ambulantes, cristãos, ciganos e judeus, enchem o recinto onde se espalham seculares rochas em que foram chumbadas as argolas para “prender pela arreata” os animais – as bestas – carregadas de mercadorias ou para venda. |
PATRIMÓNIO E TURISMO |
Património Arquitectónico e Arqueológico:
Igreja Matriz de São Miguel – Templo de origem românica, de construção muito antiga (1950). No período barroco foi-lhe construído um altar-mor e laterais de talha ricamente trabalhada. Os seus mortos eram sepultados dentro da igreja, como em todas as outras, até ao Despacho Régio. Tem à vista uma sepultura interior e nas suas paredes existem algumas pedras de votos ou de memórias perpectuadas, devidamente datadas, legadas à igreja. |
Capelas: Nª. Srª. das Dores - em Lobatos, Stª. Eufêmia em Mãe de Mingança, Capela de Valdeiras e Ermida de Stª. Eufêmia na Quinta do Silva. Capelinha de Stª. Cruz – Com um antigo adro. Em tempos teve um fresco referente à crucificação de Cristo. Casa da Junta – Construção muito antiga. Calçada Romana – No espaço que divide a freguesia de São Pedro. |
Casas de Pêro Coelho - Casa antiga e brasonada. Pedra de Cabeceira da Idade Média, chumbada num palco cimentado junto à sede da Junta. Tem quatro cortes com quatro peixes, que simbolizam a Cruz de Cristo. Fontes: Fonte do Cró - Águas férreas, Fonte do Chafurdo - Tipo Cisterna e Fonte Romana - Virada a norte, nas traseiras do cemitério. Cemitério Antigo – do séc. XVIII. |
Nichos – Também conhecidos por “Alminhas”. São vários e dispersos. Cruzeiros - São vários, em vários pontos da localidade. Forno Comunitário – Fora de portas. Castro do Jarmelo |
FESTAS E ROMARIAS |
Festa de São Miguel – A principal, no dia 29 de Setembro por vezes antecipada para a 1ª. Quinzena de Agosto;
Festa de São Miguel – Em meados de Agosto, nos Montes do Jarmelo; Festa de Sta. Eufêmia - Realiza-se a 16 de Setembro, na Quinta do Silva. Feiras: Feira Concurso do Jarmelo – É anual no mês de Junho. |
PODER AUTÁRQUICO |
Obras Realizadas:
- recuperação do Caminho da Coberta; - recuperação de parte da sede da Junta; - calcetamento e alargamento da Calçada de Nª. Srª. dos Aflitos nos Montes; - - restauro do exterior da Capela de Valdeiras; - calcetamento do Largo da Capela e Rua do Cabeço em Valdeiras. |
Obras a Realizar:
- execução de uma casa de convívio em Valdeiras; - execução de uma casa de convívio nos Montes; - recuperação do Largo da Fonte nos Montes; - recuperação do Largo Central em Valdeiras. - incentivar os jovens para a criação de uma Sede de Juventude (onde possam criar actividades culturais e desportivas); - organizar esforços para que seja criado um Centro de Dia (para satisfazer as necessidades da população mais idosa). |
MENSAGEM DO EXECUTIVO |
Somos uma terra com pouco desenvolvimento, de índole essencialmente rural e um pouco parada no tempo, mas estão a ser feitos esforços no sentido de colmatar determinadas lacunas, para que a sua visita se torne um momento agradável.
Uma das nossas prioridades é salvar a “vaca jarmelista”, autóctone e fortemente ameaçada de extinção. Saberemos estar atentos e daremos todo o apoio possível para que tal não aconteça. Em Junho, visite a XX Edição da nossa feira.» in http://www.saomigueldojarmelo.com/ |
Freguesia de S.º Miguel de Jarmelo, Distrito de Guarda, com muita História e muito que visitar.
Olha, Helder, nosso comum «amigo cibernético» José Pacheco Pereira, ilustre historiador do comunismo e de suas tramóias, biógrafo maior de Álvaro Cunhal, que, através de seu blogue «abrupto» pretextou a nossa (de Helder e Ochoa) já sólida amizade, conta entre seus ascendentes ilustres um Beato Francisco Pacheco, sobre o qual escreveu curiosíssimo rascunho «Como se passa de beato a santo?», e um tal Pacheco que com Pêro Coelho «assassinaram» a Inês de Castro que «no peito escrito tinha o nome doce de seu Pedro» imortalizada por Camões. Custou-lhes isso haverem-lhe sido arrancados corações pelas costas a mando do Pedro amado de Inês. Àquele tempo e após a justiça real era «terrível» como «terrível» foi Albuquerque e «Castro forte» «e outros em quem poder não teve a morte» (continuo citando nossa epopeia «Os Lusíadas».
ResponderEliminarPois amigo ainda ao tempo de Inquisição, com que ainda hoje os inimigos da invicta igreja católica, invicta porque dirigida por Cristo, os inimigos, te dizia, enchem boca com Inquisição. Quando muito mais temível era o braço da justiça real secular.
Coisas.
Em tempos escrevi poema singelo sobre assunto que apaguei e do qual constava aproximadamente o seguinte:
«O Padeiro Moreira do Alto da Guerra tem viva a memória da História de Portugal da sua 4ª Classe:
Não esqueceu nenhum dos cognomes de nossos antigos reis.
Lhe pergunto:
-- Dom Pedro Primeiro?
Me responde:
«O Justiceiro!»
Que vingou morte de sua Amada Inês,
a quem pai seu mandara matar por mãos de Pacheco e Pêro Coelho, aos quais mandou arrancar corações pelas costas.»
Vale, amigo, se queremos ser portugueses amemos com todos seus claros e escuros a tradição pátria, nesta nossa terrinha, de Santa Maria Mãe de Deus!
Abraço forte.
Ochoa.
Amigo Ôchoa:
ResponderEliminarObrigado por partilhar tanta sabedoria connosco!
É um prazer ter Amigos assim, para os quais a história de Portugal não é um "jangada de pedra", mas uma jangada em busca de novos Mundos!
Abraço,
Ângelo Ôchoa!