O desfecho é lógico, mas os números ficam longe de fazer justiça ao vencedor. Pelo caudal ofensivo revelado, pelos embaraços provocados ao opositor e até, em última análise, pela autoria dos golos. Quem faz três, todos os golos de um jogo, não merece que circunstância alguma faça perigar a sua vitória. Mesmo que um deles tenha sido apontado na baliza errada, antes de o caminho da qualificação ter sido retomado com talento e bravura.
A disposição ultra-defensiva do adversário, mesclada por uma apetência relativa para o contra-ataque, exigiu um jogo de persistência aos Dragões, que não perderam tempo para formular a primeira ameaça e vincar a estratégia marcadamente ofensiva. Se o propósito portista não ficara suficientemente claro para os cipriotas, um remate cruzado de Hulk, precedido da perda de três adversários para o lance, tornou-o mais do que evidente.
Os ensaios do FC Porto, que comprimiam o APOEL a cada gesto, não cessariam enquanto deles não resultasse o golo, que aconteceria na baliza indevida, antes mesmo de o adversário desferir qualquer remate, caído do céu numa bizarra interrupção do crescente domínio azul e branco, travado por um momento de infortúnio de Alvaro Pereira.
Ao tetracampeão português bastaria, contudo, uma aspiração profunda para reaver a direcção predefinida e redesenhar a configuração de sentido único que nunca deixara de atribuir ao guarda-redes Chiotis um dos papéis mais interventivos, entrecortado por teatrais cenas de anti-jogo e perda de tempo.
Em 12 minutos, sensivelmente, Hulk recolocava o jogo no ponto de partida, num empate com outros números, nascido do invejável sentido de oportunidade de Falcao e do ténue arco traçado pelo brasileiro, que fez o golo com um toque subtil e colocado.
A pressão não conheceria tréguas, especialmente gerada num meio-campo ditador e intensificado nas alas, principal ponto de referência de todos os desequilíbrios, que conduziriam a bola à marca de grande penalidade assim que os cipriotas esgotaram todo o repertório de meios legais para travar o ataque portista. Dali, Hulk também não falhou, “convidando” Chiotis a escolher o lado errado.
Os progressivos sinais de asfixia do APOEL, consequência lógica de velocidades extremas e calafrios frequentes, não teriam a réplica devida no resultado. Por questões de pormenor ou graças à expulsão de Mariano, um invisível fio mantinha-o ligado ao jogo que deveria ter perdido muito antes do apito final.
Com dez, o FC Porto continuou a ser melhor e mesmo no período em que se viu a jogar em inferioridade numérica poderia ter marcado. Por mais de uma vez. E, entre outros, por Hulk, que bisou na noite em que se estreou a marcar na UEFA Champions League, contribuindo decisivamente para a centésima vitória de Jesualdo Ferreira como treinador portista. Apenas quatro dias depois do bis na Taça de Portugal.
FICHA DE JOGO
UEFA Champions League, Grupo D, 3ª jornada
21 de Outubro de 2009
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 31.212 espectadores
Árbitro: Félix Brych (Alemanha)
Assistentes: Thorsten Schiffner e Mark Borsch
4º Árbitro: Guido Winkmann
FC PORTO: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves e Alvaro Pereira; Mariano, Fernando e Raul Meireles; Hulk, Falcao e Rodríguez
Substituições: Rodríguez por Guarín (68m), Falcao por Farías (87m) e Raul Meireles por Sapunaru (90m)
Não utilizados: Nuno, Maicon, Alex e Dias
Treinador: Jesualdo Ferreira
APOEL: Chiotis; Satsias, Broerse, Grncarov e Elia; Michail e Nuno Morais; Charalambides, Hélio Pinto e Kosowski; Mirosavljevic,
Substituições: Kosowvki por Breska (38m), Michail por Alexandrou (60m) e Satsias por Papathanasiou (78m)
Não utilizados: Kissas, Kyriakou, Jean Paulista e Zewlakow
Treinador: Ivan Jovanovic
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: Alvaro Pereira (21m, a.g.), Hulk (33m e 48m, g.p.)
Disciplina: cartão amarelo a Satsias (23m), Grncarov (37m), Breska (57m), Broerse (83m) e Helton (90m); cartão vermelho a Mariano (74m)» in site F.C. do Porto.
Resumo de mais uma vitória do F.C. do Porto, na Europa dos Campeões!
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