30/10/07

Ainda os rankings da Educação em Portugal!


José Matias Alves

«Os rankings... Das virtudes e dos danos colateriais...
Na semana que passou, o Júri Nacional de Exames disponibilizou os resultados brutos dos exames do Ensino Secundário. O Diário de Notícias foi o primeiro a estabelecer a ordenação do mérito usando dois toscos (ainda que defensáveis) critérios. E o director do Público insurgiu-se violentamente contra o Ministério da Educação por não lhes ter facultado os dados previamente para eles terem tempo para fazer uma análise séria.
A sede mediática por estas ordenações deve-se, certamente, a um défice de conhecimento e de credibilização do sistema de ensino. Porque há escassas informações públicas, credíveis e consistentes, as famílias "pressionam" os media para que estes lhes forneçam a ordem da excelência. Compreende-se pois esta febre de chegar primeiro. E também a presunção de ficar bem na fotografia.
Mas um olhar sério, como deve ser o dos professores e dos investigadores que trabalham no campo da educação, sabe que estes rankings não evidenciam necessariamente o trabalho das escolas. Podem ser um indicador. Nem sempre o mais importante. Sabe-se, através de exemplos vários que poderiam ser citados, que muitas das supostas escolas melhores podem ser educacionalmente redutoras e pobres e o inverso também se pode aplicar às supostas piores. Sabe-se que há formas de fabricar os primeiros lugares. E condições e contextos que produzem os piores. Sabe-se que estes instrumentos pouco ou nada contribuem para consagrar o mérito e promover a melhoria das que apresentam piores resultados académicos. Não falando sequer da validade dos exames e da fiabilidade das classificações (porque isso seria toda uma outra conversa que poderia fazer ruir todo o edifício supostamente meritocrático).
Assim, parece necessário trabalhar no sentido da credibilização do sistema de ensino, da confiança social, numa maior transparência dos processos e resultados educativos que não podem ser reduzidos à sua dimensão académica. Só seguindo este caminho de uma "avaliação integrada" e credível retiraremos aos rankings o excesso que seguramente não merecem.» in Correio da Educação n.º 311.
Felizmente, vozes mais ajuizadas e informadas começam a dar voz ao bom senso, que o lançamento mediático de dados sem nenhuma reflexão critica, não permite, antes aumentando o ruído negativo acerca deste tema tão importante, para qualquer sociedade, que é dignificação da Escola Pública, a Escola de todos, para todos, a que tem um Projecto Educativo, por mais complicado que seja o contexto sócio-económico que serve. Viva a Escola Pública, abaixo as posturas tecnocráticas que tudo medem, acriteriosamente.

4 comentários:

  1. Só posso concordar com José Matias Alves.

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  2. Também estou de acordo com o autor do blog!Parabéns pelo blog.

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  3. Cara Rosa, é muito amável. Obrigado pelas suas palavras de simpatia!
    Ao dispor, Helder Barros.

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  4. A nosso Escola encontra-se fatalmente atingida por um método de ensino de leitura, e um paradigma de organização do ensino. O caminho mais certo para a dignificar - é de remover estes obstáculos à aprendizagem. Para saber mais: http://educacao-em-portugal.blogspot.com/

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