«Há mais um santo português
José Vaz será esta quarta-feira canonizado pelo Papa no Sri Lanka. Nascido em Goa, o missionário português do século XVIII é para a Igreja Católica um exemplo de "respeito por todos, sem distinção de etnia ou religião". Nos tempos que correm, a mensagem é clara: Francisco quer mostrar que "é possível conciliar as diferenças".
Sem necessidade de confirmar a existência de um novo milagre, a Congregação para a Causa dos Santos deu luz verde para a canonização de José Vaz, o missionário português feito beato pelo Papa João Paulo II, em 1995. A autorização dos responsáveis máximos da Igreja Católica pelos processos de formação de novos santos ou beatos, surgiu no ano passado e foi incluída no programa da visita de Francisco ao Sri Lanka, iniciada esta segunda-feira.
A cerimónia de canonização, que decorre terça-feira em Colombo, capital do país, tornou-se, aliás, o "ponto central" da visita pastoral. A classificação é do próprio Papa, que à chegada ao Sri Lanka tornou bem claras as suas prioridades. Francisco quer mostrar ao mundo que a "reconciliação" é possível e que a conciliação entre as diferentes religiões e etnias, não sendo uma tarefa fácil é realizável.
O exemplo do padre português José Vaz cabe aqui como uma luva. Nascido em Goa, em 1651, de origem brâmane foi padre da Congregação do Oratório e mudou-se para o então Ceilão, por altura da invasão holandesa da região. Trabalhou junto das populações durante décadas, foi preso e manteve a sua missão evangélica de forma clandestina, batizando, celebrando missas e catequizando a população católica.
Morreu em 1711, precisamente, no Sri Lanka onde, segundo a Igreja, deu provas de ser "um grande padre missionário", vivendo de forma pobre e corajosa numa época de perseguição aos cristãos. É ainda responsável pela tradução do Evangelho para o tâmil e o cingalês.
A ideia de tornar a figura do missionário português como um exemplo de "encorajamento aos que trabalham pelo bem comum, a reconciliação, a justiça e a paz" vem ao encontro do pedido feito pelos dirigentes do Sri Lanka à Santa Sé, que convidaram o Papa a visitar o País no ano passado. Francisco aceitou o desafio que, diga-se em abono da verdade, não tem nada de fácil.
O Sri Lanka é um país de maioria budista e com uma escassa percentagem (menos de 7%) de população de origem cristã. Atingido por uma furiosa guerra interna que, entre 1983 e 2009, custou a vida a mais de 70 mil pessoas nas lutas entre as autoridades e os guerrilheiros tamil, é hoje um país à procura da reconciliação.
Francisco não esqueceu este objetivo. À chegada sublinhou que a visita "é primariamente pastoral" e que, como pastor universal, pretende "encontrar e encorajar os católicos desta ilha" e levar-lhes o "exemplo de caridade cristã e de respeito por todos, sem distinção de etnia ou religião" através da canonização de José Vaz.
Mas o Papa foi mais longe. "A minha visita quer também expressar o amor e a solicitude da Igreja por todos os singaleses", disse, abrindo do foco daquele pequeno país para o mundo, onde os sucessivos casos de intolerância começam a ser a marca de água.
"É uma tragédia contínua no nosso mundo que muitas comunidades estejam em guerra entre si. A incapacidade de conciliar as diferentes e divergências, sejam elas antigas ou recentes, fez surgir tensões étnicas e religiosas, muitas vezes acompanhadas por surtos de violência", disse Francisco, apelando aos esforços para a paz e a reconciliação. No Sri Lanka, é claro, mas também no mundo.» in http://expresso.sapo.pt/ha-mais-um-santo-portugues=f906070
«Conheça o Beato José Vaz, o apóstolo do Sri Lanka que será canonizado pelo Papa Francisco
Vaticano, 12 Jan. 15 / 11:23 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Francisco já partiu de Roma (Itália) rumo ao Sri Lanka, primeiro ponto de chegada em sua nova viagem a Ásia, onde presidirá a cerimônia de canonização do Pe. José Vaz, sacerdote nascido na Índia e que dedicou parte de sua vida a evangelizar Sri Lanka.
“O Pe. José Vaz foi um grande sacerdote missionário, pertencente à linha interminável de anunciadores ardentes do Evangelho, missionários que, em todas as épocas, deixaram sua própria terra para levar a luz da fé aos povos que não são deles”, disse São João Paulo II quando o beatificou, em sua visita ao Sri Lanka em 1995.
José Vaz nasceu em 21 de abril de 1651 na Goa, na costa oeste da Índia. Quando menino visitava com frequência o Santíssimo Sacramento. A tradição local diz que as portas da igreja se abriam para que entrasse e passasse horas diante de Jesus sacramentado. Em sua cidade natal já o chamavam de santo e era conhecido por rezar o Santo Rosário enquanto caminhava para a escola ou à Igreja.
Nas escolas onde esteve aprendeu português e latim, sendo um estudante brilhante. Seu pai o enviou a Goa para que estudasse na Universidade dos Jesuítas e posteriormente à Academia de Santo Tomás de Aquino, onde estudou filosofia e teologia.
O beato foi ordenado diácono em 1675 e sacerdote em 1676. Em Sancoale onde iniciou seu ministério abriu uma escola de latim para os futuros seminaristas e para a educação de outros jovens. Sendo devoto de Nossa Senhora, consagrou-se como “Escravo de Maria”, tal como se constata em sua “Carta de Escravidão”.
José Vaz estava muito preocupado pela situação difícil da Igreja no Sri Lanka, onde os governantes holandeses tinham proibido que os sacerdotes trabalhassem na ilha. O beato se ofereceu para ir ao Sri Lanka, mas foi enviado a Kanara, atual Karnataka e Mangalore, Índia.
Ao retornar a Goa adotou a regra do Oratório fundado por São Felipe Neri junto a outros sacerdotes hindus e decidiram levar uma vida em comum. Eles se ficaram conhecidos como os sacerdotes do Oratório.
Seu desejo de ir ao Sri Lanka permanecia e em 1686 partiu da Goa até a Jaffna, na costa norte do Sri Lanka. Teve que disfarçar-se como pedreiro para que não fosse preso. Mais adiante faz contato com os católicos às escondidas.
Converteu-se em um mestre do disfarce fazendo-se de padeiro, servo ou porteiro para atender os católicos sem levantar suspeitas do governo do Sri Lanka. Como sacerdote, costumava trabalhar durante as noites, aproveitando a luz da Lua. A seu sobrinho escreveu: “Ser como a Lua, frente a Jesus, o Sol”. Por este motivo sua iconografia o representa com o Sol e a Lua.
O Papa Clemente XI abençoou os missionários do Oratório que junto com o Pe. Vaz conseguiram a conversão de mais de 100 mil pessoas à fé católica para a época que faleceu.
Quando sentiu que já era hora de partir para a Casa do Pai, preparou-se com uma oração intensa. Antes de morrer disse aos irmãos reunidos ao seu redor: “Dificilmente é possível fazer no momento da morte o que não foi feito em vida”.
O crucifixo que o Papa lhe deu, foi enviado pelo Pe. Vaz a Goa e se conserva na “Sala do Oratório do Beato José Vaz” em Sancoale, Goa, Índia. É a única relíquia do beato e é visitada por milhares de devotos de todo o mundo.
Ele morreu pacificamente no dia 16 de janeiro de 1711 em sua querida cidade de Kandy, centro de sua missão. Honrado pelo rei, o corpo foi exposto ao público por três dias. O beato José Vaz é conhecido como o “apóstolo do Sri Lanka” pelo seu serviço que fez à Igreja em uma época de perseguição durante o reinado dos holandeses no século XVII.» in http://www.acidigital.com/noticias/conheca-o-beato-jose-vaz-o-apostolo-do-sri-lanka-que-sera-canonizado-pelo-papa-francisco-42254/
(Canonização de São José Vaz e encontro inter-religioso)
(Vídeo Canonização do Beato José Vaz em Sri Lanka - 14/01/2015)
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