«'Fuga' com Amadeo de Souza Cardoso
Há um museu em Amarante, terra natal do pintor modernista, onde se encontra o maior núcleo de trabalhos expostos de Amadeo
No meio da confusão das festas de Junho, em Amarante, encontrei um oásis. O museu Amadeo de Souza Cardoso fica num edifício 'entalado' entre a Câmara e a Igreja de São Gonçalo, mesmo no centro da cidade. Desde que a entrada deixou de ser gratuita (paga-se um euro), em 1996, as romarias acabaram - os visitantes das festas desistiram de ir para os claustros fazer piqueniques ou abrigar-se do calor. "Hoje só vem quem quer, o que durante estes dias significa muito pouca gente", diz Carlos Teixeira, chefe de divisão da cultura, turismo e património do município. Até à exposição que a Fundação Gulbenkian organizou, em Lisboa, em 2006, apareciam, essencialmente, estrangeiros conhecedores da obra deste pintor modernista. Hoje, dos 14 mil visitantes anuais, muitos já são portugueses. Afinal, aqui está o maior núcleo de trabalhos expostos em Portugal. Não admira, o pintor era amarantino, apesar de ter morrido em Espinho, vítima da Pneumónica, em 1918. Hoje, Amadeo é uma referência incontornável. Mas quando cá viveu, depois de ter estudado pintura em Paris, ninguém aceitava o seu estilo modernista, inspirado nas correntes com que contatou em França. O museu está organizado para que essa rutura, por ele provocada, seja evidente. Numa das extremidades da exposição permanente, há obras de António Carneiro, também natural de Amarante, e contemporâneo de Amadeo. São quadros que correspondem aos estereótipos da época e do País. Pelo corredor, de um lado e de outro, faz-se uma viagem pelo século XX através dos traços dos artistas portugueses mais conhecidos, de Vieira da Silva a José de Guimarães. Ao fundo, numa parede, surge uma enorme tela assinada pelo pintor que dá nome ao museu. E nela se nota, imediatamente, a inovação. Na sala dedicada, em exclusivo, à sua obra também é notória a diversidade de técnicas que empregou ao longo da vida. "Amadeo foi, nas palavras de Almada Negreiros, a primeira descoberta do Portugal moderno", refere Carlos Teixeira. Uma feliz descoberta.» in http://aeiou.visao.pt/fuga-com-amadeo-de-souza-cardoso=f606701 |
Sem comentários:
Enviar um comentário