Hoje e ontem andei a cortar lenha na Tapada de Cerquidos, no ponto mais alto de Fregim, numa actividade recolectora, numa sociedade, manifestamente, transformadora. Lá fomos cortar dois pinheiros e dois eucaliptos, lenha que vai agora secar com os ventos de Agosto e Setembro, para assegurar o combustível, para os fogões.Ora bem, esta tapada ardeu completamente, o ano passado, por esta altura. É impressionante o poder regenerativo da natureza. Claro que, nos pontos mais altos e secos, os pinheiros e eucaliptos não voltaram a rebentar e o mato tradicional, é substituído por uma praga infestante, que bem conhecemos da nossa paisagem natural, as giestas! Onde chegam, tudo tapam, nem os pinheiros, nem qualquer tipo de árvore consegue coabitar com esta praga. Quem gostar, como eu, de ir dar uns passeios, de carro, bicicleta ou a pé, na Serra da Aboboreira, conhece bem a realidade desta praga, onde se podem ver giestas, com a grossura de pinheiros médios!
Quanto a mim, se há aposta ganha pelos nossos actuais governantes, passa no trabalho que tem sido levado a cabo, na prevenção dos incêndios florestais. Não obstante, este não ser um bom ano de teste, dado que, ao contrário de todas as previsões, o Verão saiu muito mais ameno do que era previsto e do que no ano passado, em que os fogos voltaram a ser uma calamidade nacional! Mas, nessa altura, falou-se na construção de Centrais de Biomassa, para absorver as enormes quantidades de resíduos florestais que produzimos e que a agricultura actual, já não utiliza, como outrora. Depois da politica de terra queimada do pós Vinte e Cinco de Abril, defendida por alguns que agora estão bem "empoleirados", seguiu-se a adesão à C.E.E., actual União Europeia, em que o que está a dar é acabar, paulatinamente com a agricultura portuguesa e a consequente desertificação do interior, que cada vez tem uma faixa mais larga de abandono! Vieram subsídios para fazer vinhas em montes, que nunca deram uvas; deram benefícios imediatos a alguns, principalmente, os homens que faziam e geriam os projectos comunitários, e aos homens das terraplanagens. Tratar de levar o nosso vinho a África, Brasil, China, Austrália, etc., é que ninguém quis le var a cabo. Qual foi o papel das Cooperativas Agrícolas, na divulgação nos nossos vinhos além fronteiras, num mundo globalizado, onde as Politicas de Marketing são imprescindíveis? Todas arruinadas economicamente, mas com alguns agentes bem postos na "vidinha"! Tudo isto para dizer que, depois do corte de um pinhal, já quase ninguém aproveita, como antes se fazi, os produtos remanescentes do mesmo. Ficando os montes com autênticas bombas de combustivel de primeira: pinhas, ramos pequenos, com caruma, cascas, etc. E já agora, com a economia agrícola falida, principalmente os pequenos agricultores, o Governo Português, que não limpa convenientemente as suas matas estatais, que moral é que tem para exigir a agricultores de subsistência, que gastem fortunas na limpeza das suas matas, para recolher materiais que já não utilizam e sem as ditas e prometidas Centrais de Biomassa, que os possam recolher. Mas nem tudo é mau, como já disse, ontem no decorrer das nossas operações de limpeza, de repente surge um jovem pilotando uma moto todo terreno, fazendo a patrulha florestal e que veio ver em que consistia o nosso trabalho. Muito bem, é de aplaudir, esta nova estratégia de colocar jovens a patrulhar as florestas, afinal este património florestal, consistirá numa das suas maiores heranças! Bem hajam!
Estas tardes de Agosto, vistas do ponto mais alto de Fregim, estão fantásticas!
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