17/09/20

Espaço - Uma equipa de físicos do Instituto de Estudos Avançados de Nova Jérsia e da Universidade de Princeton descobriu algo que parecia impossível até agora: uma forma “segura” de enviar uma pessoa viva por um buraco no espaço-tempo.


«Físicos descobrem forma de viajar através de um buraco no espaço-tempo (sem morrer)

Uma equipa de físicos do Instituto de Estudos Avançados de Nova Jérsia e da Universidade de Princeton descobriu algo que parecia impossível até agora: uma forma “segura” de enviar uma pessoa viva por um buraco no espaço-tempo.

Os buracos no espaço-tempo são hipotéticos “túneis” entre buracos negros que conectam regiões distantes do Universo e cuja existência é prevista pela Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

Estudos anteriores tinham concluído ser difícil, senão impossível, viajar através de buracos no espaço-tempo. Aliás, até a própria Relatividade Geral, que descreve o comportamento da gravidade e do espaço-tempo, estabelece que os buracos, se existirem, seriam extremamente pequenos e que se fechariam sempre que algo caísse neles.

No entanto, Juan Maldacena e Alexey Milekhin descobriram uma forma pela qual buracos no espaço-tempo “” poderiam existir – e tudo sem violar nenhuma das leis da física conhecidas. Para isso, segundo os investigador, bastaria “incluir uma dimensão adicional”.

Maldacena e Milekhin calcularam que, se houvesse uma dimensão “extra” do espaço-tempo, implicaria a existência de um grande número de campos quânticos. As flutuações nesses campos produziriam a energia negativa necessária para evitar que o buraco entre em colapso e feche.

Por outro lado, segundo Maldacena, não há evidência de que estes campos quânticos adicionais existam, apesar de serem teoricamente possíveis. Isto levanta outra questão: seria viável “fabricá-los” artificialmente?

Há duas possibilidade: que o processo ocorra naturalmente, o que é extremamente improvável; ou que seja possível criá-lo artificialmente. Em teoria, algo assim só poderia ser feito com matéria comum e efeitos quânticos. Embora, de acordo com os investigadores, o esforço necessário provavelmente não valesse a pena.

Segundo explicaram Daniel Jefferis, Ping Gao e o físico de Stanford Aron Wall em 2017, de acordo com o jornal espanhol ABC, a “desvantagem” é que seria necessário encontrar dois buracos negros perfeitamente emaranhados. No entanto, parece altamente improvável que tal coisa exista na natureza.

O próximo passo seria atirar uma pessoa num deles, medir a radiação Hawking emitida pelo buraco e, depois, levá-la (por métodos convencionais) para o segundo buraco para manipulá-la e fazer a pessoa sair novamente. Assim, demoraria mais do que fazer a viagem diretamente pelo Espaço.

No entanto, segundo a Relatividade Geral, o tempo passaria de forma muito diferente para a pessoa dentro do buraco. Do seu ponto de vista, a viagem não demoraria muito. Porém, fora do buraco, todos os familiares e conhecidos teriam envelhecido. Assim, o viajante ressurgiria pelo segundo buraco num mundo totalmente diferente àquele que deixou.

Além desse “pequeno incómodo”, a viagem não apresentaria grandes problemas: o viajante perceberia como acelera devagar até atingir uma velocidade vertiginosa, próxima da da luz, e depois diminui até voltar a emergir.

Segundo Maldacena, a viagem seria bastante segura desde que o buraco estivesse totalmente limpo. Caso contrário, cair significaria morte certa. “Contanto que se viaje a uma velocidade próxima à da luz, qualquer partícula ou grão de poeira, ou qualquer outra coisa que nos atingir seria problemática. Mesmo um simples fotão poderia causar problemas”, explicou o investigador.

Este estudo está disponível desde agosto na plataforma de pré-publicação ArXiv.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/forma-viajar-atraves-buraco-espaco-tempo-346575

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