«O Douro - “Um poema geológico. A beleza absoluta”
São palavras de Miguel Torga no seu Diário XII. Os poetas traduzem assim, de forma bela, as coisas belas. Talvez por isso mesmo sejam diferentes. Pela sua sensibilidade. Que lhes permite ver o que o comum dos mortais não consegue ver. E traduzir de forma igualmente bela o que os seus olhos vêem.
Mas o poeta que afirmou que o “Doiro … é a única evidência incomensurável com que podemos assombrar o mundo” começa assim o seu registo: «O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza.
Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão.
Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.» in https://www.facebook.com/helderbarros69/posts/10216705401381585?notif_id=1599321919358890¬if_t=feedback_reaction_generic&ref=notif
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