Por Executive Digest 17:22, 20 Jul 2020
Pela primeira vez, a comunidade científica conseguiu prever quando, onde e como poderão os ursos polares desaparecer, alertando que, se as emissões de gases de efeito estufa permanecerem na trajetória atual, todas as populações de ursos, exceto algumas no Ártico, poderão desaparecer em 2100.
Já em 2040, é muito provável que muitos ursos polares comecem a sofrer falhas reprodutivas, levando a extinções locais, de acordo com o mais recente estudo publicado sobre esta matéria, na ‘Nature Climate Change, citado pelo ‘The Guardian’.
O estudo trabalhou sobre a forma como os ursos serão afetados mas em dois cenários diferentes de emissão de gases de efeito estufa. Os investigadores descobriram que, no atual cenário de emissões, os ursos polares provavelmente permanecerão apenas nas Ilhas Queen Elizabeth – o aglomerado mais ao norte do arquipélago do Ártico no Canadá – no final do século.
Num outro cenário, com os gases de efeito estufa a serem moderadamente mitigados, ainda é provável que a maioria das populações de ursos polares no Ártico sofra falhas reprodutivas até 2080.
Os cientistas estimam que restem menos de 26 mil ursos polares, espalhados por 19 subpopulações diferentes, que vão desde Svalbard, na Noruega, até à Baía de Hudson, no Canadá ou ao Mar de Chukchi, entre o Alasca e a Sibéria.
“Há já algum tempo que é claro para nós que os ursos polares sofrerão com as mudanças climáticas”, disse Péter Molnár, biólogo da Universidade de Toronto Scarborough, e principal autor do estudo. “Mas o que não estava totalmente claro era quando poderíamos registar grandes quedas na sobrevivência e reprodução dos ursos polares que pudessem levar à sua extinção. Não sabíamos que isso poderia acontecer no início ou no final deste século”, reforçou o especialista.
Os ursos polares recorrem às reservas de energia acumuladas durante a temporada de caça no inverno para passar os meses de verão em terra. Embora estejam acostumados a jejuar por meses, a sua condição corporal, capacidade reprodutiva e sobrevivência acabarão por diminuir se forem forçados a ficar muito tempo sem comida.
Para descobrir quando podem os ursos atingir seu limite fisiológico crítico, Molnár e a sua equipa estimaram o quão finos e gordos os ursos polares podem ser e modelaram o uso de energia dos animais para derivar o número limite de dias que podem jejuar antes que as taxas de sobrevivência de filhotes e adultos diminuam. Em seguida, combinaram esses limites com o número projetado de dias sem gelo no mar, no futuro, para determinar como vão ser afetadas as populações em diferentes partes do Ártico.
“Mesmo se mitigarmos as emissões, ainda veremos algumas subpopulações extintas antes do final do século”, disse Molnár. Isso inclui os ursos polares nas vulneráveis áreas de gelo mais ao sul da baía de Hudson ocidental, estreito de Davis e sul da baía de Hudson. “Mas teríamos substancialmente mais populações persistindo até o final do século, mesmo com a reprodução reduzida, em comparação com um cenário de emissões como temos hoje”.
O estudo examinou 13 das 19 subpopulações de ursos polares do mundo, responsáveis por 80% da população total da espécie. Os ursos que habitam uma área conhecida como “ecorregião” do arquipélago no Ártico canadiano não foram incluídos, pois a geografia da área – ilhas e canais estreitos – dificultava a tarefa de prever a extensão futura do gelo.
“Ao contrário de outras espécies ameaçadas de caça ou desmatamento, os ursos polares só podem ser salvos se o seu habitat estiver protegido”, alertam, e concluem, os especialistas.» in https://executivedigest.sapo.pt/a-maioria-dos-ursos-polares-vai-desaparecer-em-2100-preve-estudo/
(Mudanças climáticas podem resultar na extinção dos ursos polares antes de 2100)
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