30/04/20

Política de Saúde - Marta Temido, ministra da Saúde do Governo de António Costa, admitiu, numa entrevista a um podcast do PS, que poderia ter antecipado o uso generalizado de máscaras e que o Serviço Nacional de Saúde pode não conseguir, sozinho, dar resposta a uma realidade pós-pandemia.



«Marta Temido assume que podia ter recomendado uso de máscaras mais cedo (e vai pedir ajuda aos privados)

Marta Temido, ministra da Saúde do Governo de António Costa, admitiu, numa entrevista a um podcast do PS, que poderia ter antecipado o uso generalizado de máscaras e que o Serviço Nacional de Saúde pode não conseguir, sozinho, dar resposta a uma realidade pós-pandemia.

Em entrevista ao podcast do Partido Socialista “Política com Palavra”, divulgado esta quinta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu que podia ter recomendado o uso generalizado de máscaras mais cedo como medida de contenção da pandemia de covid-19.

A ministra assumiu que, se, na altura, tivesse a informação que tem hoje, a decisão teria sido outra. “Se soubesse que a posição final do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças era aquela que foi, designadamente com todas as cautelas que tem em relação à possibilidade de utilização de mascaras comunitárias, que era uma coisa que nem sequer existia em termos de nomenclatura, digamos assim, teria antecipado essa solução. Mas, infelizmente, esse exercício de ver o filme até ao fim, conseguir antecipar o fim e tomar uma conduta compatível com esse fim é só para os mágicos”, disse.

Sobre uma eventual obrigatoriedade do uso de máscaras, Marta Temido disse que “está a ser equacionada” no caso dos transportes públicos. Atualmente, há apenas uma “recomendação” para que quem se desloque a espaços fechados com “uma afluência significativa” de pessoas utilize máscaras.

Na mesma entrevista, Marta Temido afirmou não acreditar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) consiga dar resposta na pós-pandemia do novo coronavírus sozinho.

“Se nós, amanhã, tivéssemos 0 casos de Covid, o sistema de saúde, para voltar a funcionar, teria de ter ainda uma série de cautelas. A questão da proteção de profissionais e trabalhadores, a questão dos testes antes de terminados os tratamentos, a questão do espaçamento dos tratamentos ao longo do dia e da semana para não estarem todos ao mesmo tempo fará com que nada seja como antes”, disse.

A ministra disse que pretende recorrer aos privados e pedir-lhes ajuda. “Pela minha parte e daquilo que foram as análises que já fizemos, essa intenção existe, é clara e vamos acioná-la”, assegurou.

Além disso, Marta Temido admitiu que não tem a certeza de que o SNS esteja preparado para uma possível segunda vaga de covid-19 no país e que existe apreensão em relação ao futuro. “Não consigo dar uma resposta de sim ou não, mas penso que estaremos preparados. Não podemos ter uma estratégia de descanso que poderia depois poupar meios para uma segunda época. Os ‘jogadores’ não vão poder ir descansar. Têm de continuar a treinar e a jogar, e isso deixa todos numa situação de apreensão, naturalmente”, referiu.

Em relação ao plano de levantamento das medidas restritivas e reativação da economia, a ministra da Saúde diz que “não pode deixar a economia à porta” na equação da saúde da população.

“Para mim, a saúde não é só a ausência de doença, é um conjunto de fatores que condicionam o nosso bem-estar integral. Estou inteiramente alinhada com as perspetiva da saúde pública que entendem que a economia não fica à porta daquilo que são os estados de saúde individuais e os estados de saúde da população”, afirmou Marta Temido.

A ministra afastou a hipótese de regras diferentes em várias regiões do país para o desconfinamento. A responsável pela tutela da Saúde assume que ainda que essa hipótese possa “ser ponderada”, é importante não esquecer “Portugal é um país muito pequeno” e que as pessoas que não estão nessas regiões se possam deslocar até elas.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 224 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Em Portugal, morreram 973 pessoas das 24.505 confirmadas como infetadas, e há 1.470 casos recuperados.» in https://zap.aeiou.pt/marta-temido-uso-mascaras-privados-321949

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