03/04/20

Amarante Mancelos - Neste tempos de crise epidémica que vivemos atualmente com o COVID 19, recordemos uma grande Amarantina, de Mancelos, Dona Ana Guedes da Costa!


(Fotografias in https://vila-mea.webnode.pt/products/d-ana-guedes-da-costa/)

«“Sabe Quem foi Ana Guedes da Costa”?
Posted Dezembro 14, 2017

ANA José GUEDES de Carvalho e Meneses DA COSTA, Enfermeira e Benemérita, nasceu em Luanda (Angola), a 14-12-1860, e faleceu no Porto, a 12-10-1947. Filha de Joaquim Guedes de Carvalho e Menezes e de Maria José Soares Franco Coelho do Amaral. Ana Guedes, aos 3 anos de idade veio para Lisboa, por razões de saúde, tendo sido cuidada pelos tios paternos até entrar para o Colégio do Bom Sucesso, onde foi educada.

Após a aposentação, o pai instalou-se no Porto e foi aí que Ana Guedes viveu toda a sua vida.

Foi a primeira senhora da alta sociedade do Porto que se diplomou oficialmente como Enfermeira. Trabalhou sempre na Cruz Vermelha Portuguesa. Em 1917, criou a Liga das Mulheres Portuguesas para assistência aos soldados feridos na Grande Guerra, e às suas famílias. Foi de sua iniciativa a 1ª Festa da Flor, também em benefício dos Soldados e de suas famílias. Ainda em 1917, colaborou ativamente no combate ao tifo exantemático e, em 1918, contra a gripe pneumónica.

Dada a falta de estruturas de apoio, cedeu o solar da família em Vila Meã para aí ser instalado um hospital onde ela própria trabalhou como Enfermeira, tendo mesmo sido contagiada com a gripe.

Como Secretária da Liga das Mulheres Portuguesas, orientou a distribuição de donativos e, no fim da guerra, propôs a aplicação dos soldos e mostrou claramente a importância daquela obra.

Em 1927, após a Revolução de 02 de Fevereiro, colaborou num posto de socorros da Cruz Vermelha Portuguesa e recolheu donativos para auxiliar as viúvas, os órfãos e os deficientes, tendo conseguido mais de 300 contos que geriu e distribuiu rigorosa e cuidadosamente.

Ana Guedes coadjuvou a iniciativa de criação de um Centro Regional no Porto do Instituto Português de Oncologia, para tratamento e prevenção da doença oncológica. Em 1934, o Chefe de Estado condecorou-a pessoalmente com o Grande Oficialato da Ordem de Benemerência. A Cruz Vermelha Portuguesa concedeu-lhe várias condecorações, entre as quais a distinção máxima a Placa de Honra.

Em 1943 foi eleita Vereadora da Câmara Municipal do Porto, tendo-lhe sido atribuído o pelouro da Assistência. O apoio à Criança foi outro dos seus grandes interesses, pelo que nos últimos anos da sua vida dedicou-se à obra de auxílio ao Hospital de Crianças Maria Pia, que se encontrava em decadência e mesmo em risco de fechar por falta de recursos.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Amarante (Freguesia de Mancelos).

Fonte. “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 12, Pág. 850 e 851)» in https://ruascomhistoria.wordpress.com/2017/12/14/sabe-quem-foi-ana-guedes-da-costa/

Em tempos de crise pandémica do COVID19, nada como recordar esta heroína com ligações a Mancelos, Amarante. Uma Senhora (em todas as dimensões da palavra) que vivia bem, poderia ter ficado no conforto de sua casa, mas não, transformou a Casa da Costa, num autêntico hospital de campanha, sem os meios de que hoje evidentemente dispomos, tendo inclusive, contraído a doença face à exposição que corajosamente colocou em prática, enquanto enfermeira. É que não existiam os meio médicos de que, felizmente, hoje dispomos, era muito uma medicina de isolamento dos doentes, conferindo-lhe alguma dignidade e tentando salvar os que conseguiam reagir à pneumonia. E não me venham dizer que isto era (caridadezinha), só um Ser superior enfrentaria a doença com a sua abnegação e voluntarismo intrépido e dedicaria toda a sua vida ao bem comum. Viviam-se tempos difíceis, a primeira Republica não estabilizava, os governos caiam sucessivamente, em lutas intestinas pelo poder, vivia-se ainda a Primeira Guerra Mundial na Europa, a fome imperava em Portugal... morreram famílias inteiras e nessa altura, tratavam-se de famílias numerosas e pobres. Na Primeira Grande Guerra há muitos exemplos por essa Europa fora de Senhoras, que praticaram o Bem, sem mais, o Bem pelo belo Bem, o Bem por amor ao próximo, sem esperança de retorno de qualquer género. É mais uma das superioridades que o Ser Humano Mulher tem, entregam-se de corpo e Alma à prática do Bem comum. Claro que o podia fazer, mas não andava de blusas e echarpes de marca a exibir-se em tempos de crise... tinha a simplicidade, dos Seres geniais!


Soldados de Fort Riley, Kansas, doentes de gripe espanhola, sendo tratados em uma enfermaria de Camp Funston.)

«A gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, foi uma pandemia do vírus influenza incomumente mortal.

De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões a 50 milhões, e possivelmente até 100 milhões, tornando-a uma das epidemias mais mortais da história da humanidade. 

A gripe espanhola foi a primeira de duas pandemias causadas pelo influenzavirus H1N1, sendo a segunda ocorrida em 2009. Para manter o ânimo, os censores da Primeira Guerra Mundial minimizaram os primeiros relatos de doenças e sua mortalidade na Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos. Os artigos eram livres para relatar os efeitos da pandemia na Espanha, que se manteve neutra, como a grave enfermidade que acometeu o rei Afonso XIII. Tais artigos criaram a falsa impressão que a Espanha estava sendo especialmente atingida. Consequentemente, a pandemia se tornou conhecida como "gripe espanhola. Os dados históricos e epidemiológicos são inadequados para identificar com segurança a origem geográfica da pandemia, com diferentes pontos de vista sobre sua origem.» in https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe_espanhola 

Um pouco mais tarde no tempo, o meu falecido Pai, foi atacado pela pandemia da Tuberculose, tendo sido salvo em bom tempo pelo aparecimento da Penicilina e mais tarde pela vacina, comummente conhecida como a BCG, já que os médicos o deram como incurável e sem esperança de cura. Infelizmente guardou essas grandes feridas nos pulmões em virtude da doença, sendo um inveterado fumador... muito aguentou ele...

Um colega meu da Escola secundária de Amarante que, já faleceu, Professor João Abreu de boa memória, numa das fases do seu tratamento a uma doença que para ele foi, infelizmente, fatal, mandou-me uma mensagem a dizer que as enfermeiras quando souberam que ele era de Amarante, lhe disseram que ele estava numa ala do Hospital (IPO Porto) com o nome de Ana Costa, ilustre Amarantina, de Mancelos. Ele tinha visto a referência no meu blogue, a esta Senhora e ficou muito feliz por isso... e mostrou-lhe a elas o que eu tinha escrito sobre a Dona Ana Guedes, numa postagem do meu blogue pessoal, o que, ao que parece, elas adoraram... a nossa obrigação enquanto geração, é não esquecer aqueles que foram maiores que os homens normais (sentido universal), neste caso, maior que as mulheres normais, primeira enfermeira licenciada no Porto, uma grande Senhora de um grande Humanismo e Altruísmo, que Amarante esquece, lamentavelmente... Dona Ana Guedes merece que nós nos orgulhemos da sobre obra e missão de vida, de uma enorme dimensão Humana! Orgulhemo-nos Amarantinos, Mancelenses, fomos visitados por seres de uma dimensão sobre-humana! A Casa da Costa deveria, a meu ver, ser convertida num equipamento de saúde, ou Lar de apoio à Terceira Idade, em memória de Dona Ana Guedes, Amarante deve-lhe isso! Esta Senhora gastou o seu dinheiro dedicado a esta e a muitas outras causas humanitárias, supracitadas no texto inicial..." 

O meu Tio avô, Dr. Armando do Convento, foi um auxiliar enquanto médico e Amigo pessoal da Dona Ana Guedes e ela também frequentava a Casa do Convento. A minha Mãe ia com o Dr. Armando à Casa da Costa e ela mimava-a sempre muito. Bem haja Dona Ana Guedes da Costa e a nós cumpre-nos, não deixar morrer a sua memória de um valor inestimável! Amadeo de Souza Cardoso foi uma das vítimas da Gripe Espanhola, em 25 de outubro de 1918, em Espinho, aquele que foi e é a maior figura de Mancelos, e um dos Grandes do Mundo das Artes. 

Não sou eu que o digo, quem sou eu para isso:

«Amadeo de Souza-Cardoso é a primeira Descoberta de Portugal na Europa do século XX. O limite da Descoberta é infinito porque o sentido da Descoberta muda de substância e cresce em interesse — por isso que a Descoberta do Caminho Marítimo prá Índia é menos importante que a Exposição de Amadeo de Souza-Cardoso na Liga Naval de Lisboa.»

José de Almada Negreiros, Exposição de pintura: amadeo de souza cardoso, Liga Naval de Lisboa, 1916

«Para os miúdos da altura, todos declaradamente incréus, o Amadeo tinha a força de uma crença. Náufragos que nos sentíamos entre um país em farrapos e uma cultura de sacristia a separar-nos da Europa em chamas, o exemplo de Amadeo atestava a esperança de um dia podermos chegar a terras de gente.»

Júlio Pomar, JL – Jornal de letras, artes e ideias, 2006


«O trabalho de Amadeo herda aquilo que o cubismo teve de melhor, uma prática densamente desestruturante. Só que esta prática não é em Amadeo fruto de um método; antes desestruturando métodos, fazendo-os cruzar, entrelaçar, entregolfar sem inquietações ou porquês. As suas pinturas passam de uma situação em que predomina o jogo como é o caso dos cubismos, futurismos, impressionismos, etc., para uma produção movida pela brincadeira. A própria ideia de paródia se ausenta, uma vez que esta dimensão de brincadeira anula a possível carga reactiva.»

Pedro Proença, Expresso, 1987


(Dr. Armando do Convento, sentado 1.º à esquerda, para quem vê)
(Dona Ana Costa, 1.ª sentada à direita para quem vê)


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