O Amigo José Gonçalves, teve a ideia neste último Verão de homenagearmos este Senhor. Infelizmente somos consumidos pela espuma dos dias, em rotinas estúpidas e redundantes... não fomos a tempo, este Senhor merecia, foi sempre fiel aos seus ideais, que não se alinhavam totalmente com os meus, mas era um humanista, um homem de causas, um homem culto, um homem educado; despedíamo-nos sempre com um abraço; de pequenino que o ouvia conversar longas horas com o meu Pai no Nosso Café... eu não percebia nada, mas sentia o respeito que o meu Pai e a minha Mãe tinham por este Ser especial... desde que a automotora acabou, deixou de vir tomar o seu cafezinho a Amarante, disse-me que era um homem de comboios, Pessoa à frente do seu tempo, também ele levou essa facada do encerramento da sua Linha do Tâmega... em tempos de campanha, este sim era um homem de causas, não como os betinhos que enriquecem hoje em dia, uma casta de homens mal formados e de vilões, que, por pouco, vendem a Alma ao Diabo. Tinha a simplicidade dos verdadeiros sábios, nunca se pôs em bicos de pés... e, sim, teve muitas oportunidades de o fazer, legitimamente conquistadas por Ele. E sim, José Gonçalves, a Rua do Salgueiral em Passinhos merece o nome do Sr. A. Magalhães, mas também na cidade outra o merece, a meu ver, mas, quem sou eu... Se deixarmos apagar a memória dos melhores de todos nós, estamos condenados a ficar infinitamente mais pobres, uma cidade e sociedade que não aprende com os seus anciãos, não tem fundações para se aguentar de pé. Pessoas como o Sr. A. Magalhães não rendem votos, não tinha um grande casa, nem um luxuoso carro, e, hoje em dia, quem não é assim, não é considerado importante... mas ele era muito feliz na sua viagem de automotora e vivia contente na sua casinha à beira rio... Dizem-me que os políticos não compareceram na sua última homenagem... a ignorância e o desprezo pelos Homens bons, torna a nossa sociedade pior; este Senhor teve a sua história política antes e depois do 25 de Abril, em Amarante,... falta de conhecimento, de massa critica, tempo de campanhas; é triste não se prestar a última homenagem a um vulto político da Amarante, mas que não andava a falar disso, entrou para a política da mesma forma que saiu e como estava desiludido com o andar da carruagem... uma sociedade sem memória, não terá grande futuro, digo eu! Vão estudar e vejam como A. Magalhães interveio politicamente em Amarante, mas lá está, não andava por aí a gabar-se disso... Nesta fotografia tirada em sua casa, a sua simplicidade, integridade e humildade, são perenes como o granito do banco em que se sentou e da parede a que se encostou, para eu lhe tirar uma fotografia... Desculpa José Gonçalves, falhei, com quem não deveria falhar... agora são só palavras...
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