«Primeiro ensaio: Citroen DS4
O segundo modelo da gama DS promete ser um cruzamento entre linhas de coupe, com praticabilidade de berlina e posição de condução de SUV.
12-05-2011 22:51:08
O DS4 junta-se ao verdadeiro sucesso que é o DS3 que, com quase 100 mil unidades comercializadas, superou todas as expectativas da Citroen. A receita utilizada pela marca francesa é a mesma, ou seja, pegar numa base já existente e transformá-la em algo diferente para melhor. O DS4 está baseado no C4 e, por isso mesmo, fiquei curioso de saber se a Citroen conseguiu fazer o mesmo que com o DS3. E é isso que lhe vou contar depois deste primeiro ensaio feito nos arredores de Barcelona.
Como referi, o DS4 está baseado no novo C4 que, por sua vez, está baseado no antigo C4. Digo isto não no sentido crítico, mas apenas para se perceber a dimensão do (bom) trabalho e do esforço que a Citroen fez para realizar o DS4.
Em primeiro lugar, se a base é a mesma, a verdade é que o DS4 não é nenhuma operação cosmética, pois à parte o capot-motor e os faróis dianteiros, nenhum outro painel é partilhado entre os dois modelos. Depois, o DS4 foi sobrelevado 32 mm e o ponto H da anca do condutor está 15 mm mais alto que no C4. Devem estar a perguntar, mas porque raio a Citroen fez o carro mais alto?
Bom, isso sucede porque os responsáveis da marca decidiram dar uma posição de condução dominante idêntica à dos SUV, oferecendo a praticabilidade de uma berlina com o estilo de um coupé. Quer dizer, um carro para agradar a toda a gente e apto para todo o serviço… O estilo é um das melhores coisas do DS4. Musculado e com uma traseira ampla e desportiva, o DS4 esgrime ainda as generosas cavas das rodas e as portas de trás dissimuladas como argumentos. Pena que o estilo tenha sacrificado a função e os vidros destas portas não abram (!) e que a parte que alberga o punho da porta seja de tal forma saliente que muitos vão acabar com nódoas negras nos braços, costas e cabeça…
No interior, o trabalho foi menos empenhado e basicamente é tudo igual ao C4, excepção feita a alguns painéis retocados, aos bancos e ao espaço que, surpreendentemente, não é assim tão generoso atrás. Aliás, o banco está pensado para duas pessoas se sentarem confortavelmente. Já o acesso a estes lugares é péssimo devido à forma da abertura da porta e como já dissemos, nos dias de calor, apenas o ar condicionado lhes vai valer. Depois, como o DS4 terá três níveis de equipamento, será o seu dinheiro a ditar se o interior terá um aspecto Premium ou mais semelhante ao C4. No primeiro caso figuram o revestimento integral em pele com pespontos visíveis e os já famosos bancos a replicarem a bracelete de aço de um relógio. Um mimo! No segundo caso, é mais “normal” e com uma aparência menos luxuosa.
Por baixo do manto, a Citroen seguiu, uma vez mais, a receita do DS3, ou seja, mantendo tudo quase na mesma, ofereceu uma nova afinação às suspensões e a direcção também é diferente. E aqui nota para o bom trabalho realizado, pois embora continue aquela sensação estranha que as direcção eléctricas possuem cada vez menos, é muito mais sensível e agradável que a do C4.
Voltando à suspensão, é evidente o registo global mais duro, devido ao aumento do diâmetro das barras estabilizadoras e da dureza dos amortecedores (para melhor controlar o rolamento da carroçaria e conferir melhor inserção em curva). Para não massacrar os passageiros, a Citroenreduziu a dureza das molas, pelo que o conforto oferecido é aceitável na maior parte das situações, sendo normal em um ou outro encontro com um buraco ou obstáculo sentir de forma bem evidente uma pancada mais seca.
Concernente o comportamento, o DS4 não é um desportivo nem sequer é dos melhores neste particular, mas é competente na maioria das situações. Seguro e previsível tem na subviragem uma forma de controlar excessos, com a ajuda do ESP. A verdade é que nos quilómetros que efectuei em redor de Barcelona, em estradas sinuosas, o DS4 acabou por ser revelar divertido. O que no mais racional C4 está longe de acontecer.
No que toca às motorizações, o DS4 terá uma gama assente nos blocos diesel HDI 110 e 160 com uma versão e-HDI 110 equipada com a péssima caixa manual pilotada e a tecnologia micro-híbrida com Start&Stop e alternador inteligente. A oferta a gasolina é construída com o bloco 1.6 litros de origem BMW, nas versões 120, 155 e 200 CV.
Tive a oportunidade de conduzir as variantes mais potentes, o HDI 160 e o THP 200. O diesel revelou-se agradável e suficiente para conferir ao DS4 performances aceitáveis, pese embora com uma faixa de utilização estranhamente estreita. Acredito que seja devido às necessidades de cumprir as normas Euro5. Seja como for, é silencioso e na maioria das situações competente.
A versão THP 200 é mais raçuda, com um ruído que apela a acelerar até não haver amanhã. E o pior é que o bloco de origem BMW aceita o desafio e leva o DS4 para ritmos desportivos que depois o chassis não consegue acompanhar de forma perfeita, mesmo com jantes de 19 polegadas e pneus Michelin que parecem ter cola. Mas, Meu Deus! que gozo carregar no acelerador e ouvir o “vroooominnng” do bloco de quatro cilindros a encurtar as rectas de forma evidente.
Veredicto
Para além do estilo muito feliz, da qualidade e refinamento interior (especialmente nas versões mais bem equipadas) e da posição de condução elevada, o DS4 não vem fazer uma revolução no segmento nem sequer levar os rivais ao desespero. Mas eu compraria um DS4 mais depressa que um C4 e muito por culpa do estilo, que será o grande argumento deste Citroen. Isto porque o resto é praticamente igual ao C4 e isso significa que é bom o suficiente para justificar a compra. Cujos valores oscilarão entre os 28 mil euros do DS4 HDi 110 e os 37 mil euros do DS4 THP 200, chegando o carro a Portugal no final de Junho.
Em primeiro lugar, se a base é a mesma, a verdade é que o DS4 não é nenhuma operação cosmética, pois à parte o capot-motor e os faróis dianteiros, nenhum outro painel é partilhado entre os dois modelos. Depois, o DS4 foi sobrelevado 32 mm e o ponto H da anca do condutor está 15 mm mais alto que no C4. Devem estar a perguntar, mas porque raio a Citroen fez o carro mais alto?
Bom, isso sucede porque os responsáveis da marca decidiram dar uma posição de condução dominante idêntica à dos SUV, oferecendo a praticabilidade de uma berlina com o estilo de um coupé. Quer dizer, um carro para agradar a toda a gente e apto para todo o serviço… O estilo é um das melhores coisas do DS4. Musculado e com uma traseira ampla e desportiva, o DS4 esgrime ainda as generosas cavas das rodas e as portas de trás dissimuladas como argumentos. Pena que o estilo tenha sacrificado a função e os vidros destas portas não abram (!) e que a parte que alberga o punho da porta seja de tal forma saliente que muitos vão acabar com nódoas negras nos braços, costas e cabeça…
No interior, o trabalho foi menos empenhado e basicamente é tudo igual ao C4, excepção feita a alguns painéis retocados, aos bancos e ao espaço que, surpreendentemente, não é assim tão generoso atrás. Aliás, o banco está pensado para duas pessoas se sentarem confortavelmente. Já o acesso a estes lugares é péssimo devido à forma da abertura da porta e como já dissemos, nos dias de calor, apenas o ar condicionado lhes vai valer. Depois, como o DS4 terá três níveis de equipamento, será o seu dinheiro a ditar se o interior terá um aspecto Premium ou mais semelhante ao C4. No primeiro caso figuram o revestimento integral em pele com pespontos visíveis e os já famosos bancos a replicarem a bracelete de aço de um relógio. Um mimo! No segundo caso, é mais “normal” e com uma aparência menos luxuosa.
Por baixo do manto, a Citroen seguiu, uma vez mais, a receita do DS3, ou seja, mantendo tudo quase na mesma, ofereceu uma nova afinação às suspensões e a direcção também é diferente. E aqui nota para o bom trabalho realizado, pois embora continue aquela sensação estranha que as direcção eléctricas possuem cada vez menos, é muito mais sensível e agradável que a do C4.
Voltando à suspensão, é evidente o registo global mais duro, devido ao aumento do diâmetro das barras estabilizadoras e da dureza dos amortecedores (para melhor controlar o rolamento da carroçaria e conferir melhor inserção em curva). Para não massacrar os passageiros, a Citroenreduziu a dureza das molas, pelo que o conforto oferecido é aceitável na maior parte das situações, sendo normal em um ou outro encontro com um buraco ou obstáculo sentir de forma bem evidente uma pancada mais seca.
Concernente o comportamento, o DS4 não é um desportivo nem sequer é dos melhores neste particular, mas é competente na maioria das situações. Seguro e previsível tem na subviragem uma forma de controlar excessos, com a ajuda do ESP. A verdade é que nos quilómetros que efectuei em redor de Barcelona, em estradas sinuosas, o DS4 acabou por ser revelar divertido. O que no mais racional C4 está longe de acontecer.
No que toca às motorizações, o DS4 terá uma gama assente nos blocos diesel HDI 110 e 160 com uma versão e-HDI 110 equipada com a péssima caixa manual pilotada e a tecnologia micro-híbrida com Start&Stop e alternador inteligente. A oferta a gasolina é construída com o bloco 1.6 litros de origem BMW, nas versões 120, 155 e 200 CV.
Tive a oportunidade de conduzir as variantes mais potentes, o HDI 160 e o THP 200. O diesel revelou-se agradável e suficiente para conferir ao DS4 performances aceitáveis, pese embora com uma faixa de utilização estranhamente estreita. Acredito que seja devido às necessidades de cumprir as normas Euro5. Seja como for, é silencioso e na maioria das situações competente.
A versão THP 200 é mais raçuda, com um ruído que apela a acelerar até não haver amanhã. E o pior é que o bloco de origem BMW aceita o desafio e leva o DS4 para ritmos desportivos que depois o chassis não consegue acompanhar de forma perfeita, mesmo com jantes de 19 polegadas e pneus Michelin que parecem ter cola. Mas, Meu Deus! que gozo carregar no acelerador e ouvir o “vroooominnng” do bloco de quatro cilindros a encurtar as rectas de forma evidente.
Veredicto
Para além do estilo muito feliz, da qualidade e refinamento interior (especialmente nas versões mais bem equipadas) e da posição de condução elevada, o DS4 não vem fazer uma revolução no segmento nem sequer levar os rivais ao desespero. Mas eu compraria um DS4 mais depressa que um C4 e muito por culpa do estilo, que será o grande argumento deste Citroen. Isto porque o resto é praticamente igual ao C4 e isso significa que é bom o suficiente para justificar a compra. Cujos valores oscilarão entre os 28 mil euros do DS4 HDi 110 e os 37 mil euros do DS4 THP 200, chegando o carro a Portugal no final de Junho.
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