01/09/09

70 Anos do Inicio da 2.ª Guerra Mundial - Cidade do Porto celebrou vitória dos Aliados nas Ruas da Baixa durante dias!

«Porto celebrou vitória dos Aliados nas Ruas da Baixa durante dias

Portugal foi um país neutro na Segunda Guerra Mundial, mas o Porto celebrou a vitória dos países Aliados como se de um triunfo pessoal se tratasse, recordou o historiador Hélder Pacheco.
"Foi uma coisa emocionante essa festa. Foi a maior manifestação jamais ocorrida no Porto, ao nível da visita do general Humberto Delgado e das vitórias do FC Porto. A Baixa ficou toda cheia de gente com bandeiras inglesas" em manifestações espontâneas que duraram dias, lembra o professor, especializado na história do Porto, que na altura tinha sete anos.

Depois chegou a polícia e a guarda republicana, "que entrava com cavalos pelos cafés adentro", e as pessoas continuaram a celebrar das janelas, convencidas de que o fim do conflito traria consigo o enterro do regime salazarista.

Antes, as janelas dos portuenses tinham os vidros presos com fita-cola, porque à medida que a guerra foi avançando, chegou a temer-se o pior.

O Porto preparou-se para isso com exercícios reais, que as famílias iam ver como se estivessem a assistir a um espetáculo.

"Viveu-se sempre na angústia de Portugal ser invadido. Faziam-se exercícios de fogos reais, como se fosse haver um bombardeamento, e as famílias iam para os jardins ver. Lembro-me de ir para o jardim do morro, em Gaia, ver disparos de pólvora seca, feitos no quartel ali perto", descreve o historiador, que assistia a tudo como o resto das crianças - "como se fosse cinema".

Porto palco de propaganda inglesa e nazi

A guerra que não chegou a Portugal teve influências no Porto desde o seu início, em 1939: os liberais, democráticos e republicanos eram anglófilos, distribuíam propaganda sobre o esforço inglês, ouviam os relatos da BBC e traziam à lapela aviõezinhos da Royal Air Force que a PIDE gostava de arrancar.

O consulado alemão divulgava a propaganda nazi e o instituto alemão no Porto, que ficava na rua Guerra Junqueiro, mesmo ao lado da Sinagoga, era "a sede do partido nazi, onde se fazia a iniciação, na juventude hitleriana, dos filhos das pessoas que os tinham lá matriculados", observa Hélder Pacheco.

Barrigas vazias, teatros e espetáculos cheios
Depois, chegariam os racionamentos e a fome: "A falta de víveres foi o grande problema, que afetou mais pessoas. Recordo-me de ver, na rua, gente caída, com desmaios de fome", refere o historiador.

O mercado negro serviu para alimentar quem tinha dinheiro e as gentes do Porto, conservadoras, atreviam-se em refeições de carne de cavalo, se era isso que se arranjava.
Como havia muita gente com famílias no Douro, valia-lhes a alimentação que era mandada das quintas de lá, através dos barcos rabelos.
Nos quintais da cidade também se passou a cultivar "artigos de primeira necessidade", mas "nos bairros não havia quintais e essa gente passou muito mal, passou uma fome atroz", nota o professor.

Apesar das dificuldades, a vida social era intensa - cafés, cinemas e teatros enchiam-se, porque as pessoas precisavam de se divertir.

"As revistas do [Teatro] Sá da Bandeira atingiram o máximo de popularidade. Vinham eléctricos cheios, de Leça da Palmeira, para ver as revistas. As pessoas iam expandir e compensar-se", sublinha Hélder Pacheco. Lusa» in http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/especiais/70-anos-segunda-guerra-mundi/porto+celebrou+vitoria+dos+aliados+nas+ruas+da+baiza+durante+dias.htm
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A Invicta Cidade do Porto distingue-se nestas situações... foi o desastre das barcas, as revoltas liberais, a recepção calorosa ao General sem Medo, Humberto Delgado, pessoas que resistiram a comer tripas, daí vem o epíteto de Tripeiros, a saga das descidas e subidas do Douro em Barcos Rabelos, o palco onde Camilo viveu grandes amores! Uma terra de trabalhadores que vivem do e para o trabalho, contra a macrocefalia Lisboeta que se manifesta deste a reconstrução Pombalina da Capital. Mas a Mui Nobre e Invicta Cidade, é o Porto!


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