«Porto celebrou vitória dos Aliados nas Ruas da Baixa durante dias
Portugal foi um país neutro na Segunda Guerra Mundial, mas o Porto celebrou a vitória dos países Aliados como se de um triunfo pessoal se tratasse, recordou o historiador Hélder Pacheco.
"Foi uma coisa emocionante essa festa. Foi a maior manifestação jamais ocorrida no Porto, ao nível da visita do general Humberto Delgado e das vitórias do FC Porto. A Baixa ficou toda cheia de gente com bandeiras inglesas" em manifestações espontâneas que duraram dias, lembra o professor, especializado na história do Porto, que na altura tinha sete anos.
Depois chegou a polícia e a guarda republicana, "que entrava com cavalos pelos cafés adentro", e as pessoas continuaram a celebrar das janelas, convencidas de que o fim do conflito traria consigo o enterro do regime salazarista.
Antes, as janelas dos portuenses tinham os vidros presos com fita-cola, porque à medida que a guerra foi avançando, chegou a temer-se o pior.
O Porto preparou-se para isso com exercícios reais, que as famílias iam ver como se estivessem a assistir a um espetáculo.
"Viveu-se sempre na angústia de Portugal ser invadido. Faziam-se exercícios de fogos reais, como se fosse haver um bombardeamento, e as famílias iam para os jardins ver. Lembro-me de ir para o jardim do morro, em Gaia, ver disparos de pólvora seca, feitos no quartel ali perto", descreve o historiador, que assistia a tudo como o resto das crianças - "como se fosse cinema".
Porto palco de propaganda inglesa e nazi
A guerra que não chegou a Portugal teve influências no Porto desde o seu início, em 1939: os liberais, democráticos e republicanos eram anglófilos, distribuíam propaganda sobre o esforço inglês, ouviam os relatos da BBC e traziam à lapela aviõezinhos da Royal Air Force que a PIDE gostava de arrancar.
O consulado alemão divulgava a propaganda nazi e o instituto alemão no Porto, que ficava na rua Guerra Junqueiro, mesmo ao lado da Sinagoga, era "a sede do partido nazi, onde se fazia a iniciação, na juventude hitleriana, dos filhos das pessoas que os tinham lá matriculados", observa Hélder Pacheco.
Barrigas vazias, teatros e espetáculos cheios
Depois, chegariam os racionamentos e a fome: "A falta de víveres foi o grande problema, que afetou mais pessoas. Recordo-me de ver, na rua, gente caída, com desmaios de fome", refere o historiador.
O mercado negro serviu para alimentar quem tinha dinheiro e as gentes do Porto, conservadoras, atreviam-se em refeições de carne de cavalo, se era isso que se arranjava.
Como havia muita gente com famílias no Douro, valia-lhes a alimentação que era mandada das quintas de lá, através dos barcos rabelos.
Nos quintais da cidade também se passou a cultivar "artigos de primeira necessidade", mas "nos bairros não havia quintais e essa gente passou muito mal, passou uma fome atroz", nota o professor.
Apesar das dificuldades, a vida social era intensa - cafés, cinemas e teatros enchiam-se, porque as pessoas precisavam de se divertir.
"As revistas do [Teatro] Sá da Bandeira atingiram o máximo de popularidade. Vinham eléctricos cheios, de Leça da Palmeira, para ver as revistas. As pessoas iam expandir e compensar-se", sublinha Hélder Pacheco. Lusa» in http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/especiais/70-anos-segunda-guerra-mundi/porto+celebrou+vitoria+dos+aliados+nas+ruas+da+baiza+durante+dias.htm
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A Invicta Cidade do Porto distingue-se nestas situações... foi o desastre das barcas, as revoltas liberais, a recepção calorosa ao General sem Medo, Humberto Delgado, pessoas que resistiram a comer tripas, daí vem o epíteto de Tripeiros, a saga das descidas e subidas do Douro em Barcos Rabelos, o palco onde Camilo viveu grandes amores! Uma terra de trabalhadores que vivem do e para o trabalho, contra a macrocefalia Lisboeta que se manifesta deste a reconstrução Pombalina da Capital. Mas a Mui Nobre e Invicta Cidade, é o Porto!
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