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28/02/14

Arte Poesia - A Poetisa de Amarante, Telões, Professora Anabela Borges, interpela-nos com o Poema: "O tempo cobre a serra".


"O tempo cobre a serra 
e a cidade, 

cobre chãos, 
céus 
e brumas, 
lentidões, searas e ondas, 
rebentinas, 
cercanias 
de alva espuma 

cobre todas as coisas 
o tempo sem idade

O tempo cobre as gentes, 
cobre as árvores 
verticais lumes, 
horizontais sombras

ramos aéreos, covas fundas

cobre todas as coisas 
o tempo sem idade

o tempo, 
heradeira 
cobre a terra e sobe aos céus, 
trepa a serra e a cidade, 
gume azul envenenado, 
aurora, veio dourado, 
breus de cinza, 

o tempo nunca esgotado, 
o tempo sem idade." 

Anabela Borges, Poetisa

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=588745894553122&set=a.186361621458220.43721.100002531506939&type=1&theater


13/02/14

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Manuel Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Violinos a sussurrar".






"Violinos a sussurrar 
um Danúbio fotográfico,
trapezistas kafkianos, 
vagabundos artistas,
devastada, imensa alma russa,
aí vás peregrino.
Labirínticos atapetados recantos,
confuso chá, altaneiras tâmaras.
Enormíssima musical litania,
samba, mescla santa.
Cordilheiras, píncaros, 
mansas enseadas,
virgens florestas, morrinha, 
encantatórios ermos.
Soberana voz amordaçada 
cantando pra bailico,
voláteis engenhocas 
obrigando-nos a baixarmo-nos,
vergada erva, dunas ondulantes, 
percorrido vento.
Que rumoreja o Sena?
Quem chora em Notre-Dame?"

Manuel Ângelo Ochôa, Poeta



"Violinos a sussurrar" - (Manuel Ângelo Ochôa)


18/01/14

Arte Poesia - A Poetisa de Amarante, Telões, Professora Anabela Borges, interpela-nos com o Poema: "Encontro".

 

"ENCONTRO

Sombras azuis 
sobem em volutas, 
como o rasto deixado pelo fumo 
das velas apagadas. 
E o teu corpo, 
abandonado no silêncio 
do que foi o deleite 
das horas passadas, 
guarda o cheiro 
desse santuário que somos: 
seres adejados de luz e treva, 
de quietudes e assombros e asas ansiosas. 

Os nossos olhos 
falam a língua dos pássaros, 
quando querem recolher-se nos beirais, 
e os gestos que trazemos 
conduzem-nos onde queremos, 
na pressa de atravessar ruas, 
gentes e umbrais. 
Sem mais."

ANABELA BORGES (a publicar) ©

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02/01/14

Arte Poesia - O Meu Amigo e Colega, Professor Eugénio Mourão, interpela-nos com o Poema: "Inverno da minha rua".

Fotografia do Mestre @Eduardo Teixeira Pinto 


"INVERNO DA MINHA RUA

Ó inverno da minha vida,
Cobres com triste manto,
O outono em despedida,
E o coração em pranto.

Chuva a vento batida,
Fazes brotar a semente,
Do amor à terra despida,
E o despertar à mente.

Beijo que o chão implora,
São lágrimas de esperança,
Sorrisos de sol d’outrora,
Que acordam a lembrança.

Quarto da minha infância,
Aconchego em noite fria,
No peito sinto uma ânsia,
Saudades da ventania.

Adeus à nuvem que passa,
Sinto uma paixão inocente,
Quando me beija à vidraça,
A chuva! De tão contente!

Hoje cinza o pensamento,
Este inverno da minha rua,
Calçada que corre em lamento,
E no céu, envergonhada lua."

Eugénio Mourão



10/12/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Manuel Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Enquanto enrolo",



"Enquanto enrolo
com tabaco
a dita mortalha,
não fumo por ora
o fumável cigarro.
Já me fui fumando
a vida toda.
Por outras palavras
um tal Pessoa disse.
Morro-me instantes lentos,
devaneios.
No vagar de ir
a paisagens invisíveis.
Até que pare de subir a água
a poço da canção,
e chegue na final estação
o brinquedo coração."

Manuel Ângelo Ochôa


Manuel Ângelo Ochôa - "Enquanto enrolo"

(Estou certo que o meu Amigo e Poeta Humanista, não se importará que dedique ao meu falecido Pai, que escolheu: morrer a fumar)



#poesia 

26/11/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Manuel Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Belo Poema: "Talvez lá tenhamos andado a sol e água"



"Talvez lá tenhamos andado a sol e água,
no pleno fogo estival, por essas Ilhas Comores.
Ou talvez lá tenhamos deixado o errante olhar
p’la extasiada plenitude,
ou um breve relance lançado a mar:
Grande voo a sonhos, leves asas, acalmia, velas,
numa curva d'alguma estrada rente ao oceano
mais do que pacífico, por onde alheadamente
hajamos derivado. Ou talvez que, desfeita mortal tenda,
por lá prossigamos indefinidamente.

Manuel Ângelo Ôchoa, Poeta


"talvez lá tenhamos andado", Manuel Ângelo Ôchoa

12/11/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta Humanista, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Imaculada".



"Imaculada,
nós te bendizemos:
TrouxesTe O Excelso,
AQUELE QUE É
vivida Redenção.
Aclara-nos caminho,
connosco vás,
conduz-nos
por Tua mão.
Boníssima, infunde em nós
Das Tuas Entranhas 
O Puro Verbo Pleno Amor.
Dá-nos discernimento
pra bem agir,
faz-nos firmes os passos."

Ângelo Ochôa


"Imaculada", por Ângelo Ochôa


10/11/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta Humanista, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Pão que baste minha fome".



"Pão que baste minha fome,
água quanta minha sede,
verdades que comungue,
tamanho abraço que me abrace,
mãos abrindo doce paz
até ao vasto mundo
em que quisera sem fim andarilhar."

Ângelo Ochôa, Poeta


"Pão que baste minha fome", Ângelo Ochôa


03/11/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Folhagem bailando ao quê da luz".





"Folhagem bailando ao quê da luz;

jovens p’lo clima ameno

a tudo atiçam fulgurações;

um dia desperta expandindo-se

a apelativos recantos."

Ângelo Ochôa, Poeta



"Folhagem bailando ao quê da luz" - Ângelo Ochôa


27/10/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "Tanto machucaram feridas vivas.".



"Tanto machucaram feridas vivas.
Infernos sofri a bom sofrer.
Já em mim, nem sei contar os golpes cometidos. 
Oswiecins vivi, dos descaminhos. 

Ante os novíssimos, espero, creio e amo, 
pois Maria Graça é e Poesia."

Ângelo Ochôa, Poeta


"Tanto machucaram feridas vivas.", Ângelo Ochôa


24/09/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poemeto: "Joaquim".



"Joaquim,
antes queres ferrar ou ser ferrado?
Cá por mim antes quero ferrar.
Então ferra-me aqui as ventas no olho do cu."

Ângelo Ôchoa, "Sonhadas palavras"



(Uma do meu avô Manuel Inácio Ochôa, por Ângelo Ochôa)

31/07/13

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: "O carteiro Candeias".



"O carteiro Candeias
mais conhecido por flaviense, 
conversador, ou vagaroso, 
apregoa, a todo o mundo, 
maravilhas do melhor presunto, 
desde que por Chaves passou, 
uma ocasião, uns oito dias."

Ângelo Ochôa, Poeta


Ângelo Ochôa, "O Carteiro Candeias"


21/06/13

Arte Poesia - A Poetisa de Telões, Amarante, Professora Anabela Borges, interpela-nos com o Poema: "Por dentro deste corpo".



"Por dentro deste corpo
invólucro de carne, 
casulo forrado a pele e salitre, 
estremecem aragens 
e navegam gaivotas enlouquecidas, 
a pique.

Soltam-se fraquezas, 
humedecem-se paixões 
arreganhadas de cor, 
expandem-se pedúnculos, ascídia, flor, 
nas tímidas incertezas de perseguir o sonho 
que parece ainda estar vivo, 
a escorrer tinta cinzenta 
para a língua sedenta 
no chão rasteiro por onde sigo. 

Por dentro deste corpo 
encardido de vontades ridículas 
secam-se os ossos 
por força de se estar o sangue a acabar, 

mas há uma alma rodeada de mar."

Anabela Borges


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27/03/13

Arte Poesia - A Poetisa de Amarante, Telões, Professora Anabela Borges, interpela-nos com o Poema: "Beijas-me".

 
"Beijas-me.
Os lábios em silêncios esperados,
em ânsias que me arquejam no peito,
soltando alvas penas das asas,
que, outrora assustadas,
se abrem em leque e ficam
numa quase exuberância louca,
à espera de iniciar
o voo pelo teu corpo.

Beijas-me.
Os lábios cerejas, carne, carmesim,
falam no silêncio das ânsias que traziam
quando viviam só em espera,
com as horas suspensas
em acionar as asas,
para, abertas,
te tomarem inteiro
em mim."



20/09/12

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta Ângelo Ochôa interpela-nos com o Poema: ‘Meus amigos, que desgraça nascer em Portugal.’



"‘Meus amigos, que desgraça nascer em Portugal.

Boi da paciência, que sempre reencontro,
amo-te e detesto-te até ao vómito.
Quisesse afagar-te os vis corninhos,
e ririas melífluo, como quem padece coceguinhas.
Conheço-te bem demais, engenhoso atávico ruminante.
Conheço e reconheço ‘teu minucioso e porco ritual’.
E ainda aí estás, a ti igual: Anos 0, anos 60.
Marras agora, como já antes marravas,
no tempo em que te toparam O’Neill e Ramos Rosa.
Pronto resmungas, desmaias, fazes que desfaleces;
como em derriço; como se te sorrisse um incisivo.
Deixa-me que te diga: Com os 60, que conto, na passagem,
já não estou pra ti virado.
Mas, se é esse teu melhor gozo, envolve-me de blandícias,
revolvendo-me p’lo bandulho.
Estou farto.
Desafias-me a que nem a relance te suspeite.
Tal nojo me mete a tua baba.
Tais emboscadas tramas a poético transporte, meu tesouro.
Cerre os dentes firme, Cego A Alta Luz.
A que aspiras, mansarrão?
Abre os olhos e vê:
Esses não são já os melhores dias.
Ateimas ’inda?
Continuas, boi boizinho?
Pertinaz aderente,
sei que só sumirás quando, por minha vez, me der o fora.
Espera sentado,
que vou ali, e já morro."

Ângelo Ochôa - "Boi da Paciência"


Ângelo Ochôa - "Boi da Paciência", escrito in Caleidoscópio.


06/08/12

Arte Poesia - O Meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com um poema de Amor: "Por abraçar-te última em meus braços".



"Por abraçar-te última em meus braços:

Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada,
força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas.
Assim fomos nascendo do grande nada,
lágrimas, sorrisos, perdas redimidas,
na alegria feroz das horas, companheira."

(Ângelo Ochôa, Poeta)

(A Otília Mulher, Ângelo Ochôa)


01/08/12

Arte Poesia - O meu Amigo e Poeta, Ângelo Ochôa, interpela-nos com o Poema: ‘Não deixes emudecer a boca dos que Te louvam.’.


"Não deixes emudecer
a boca dos que Te louvam.’
Glória sempre a Teu Nome.
Dobre-se todo o joelho.
Voem alados pés a promotores da paz.
Jorrem águas dos rochedos.
Possa reverdecer a terra desolada."


(Ângelo Ochôa, Poeta)



Ângelo Ochôa - "Não deixes emudecer a boca dos que Te louvam"


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