«José Matias Alves
Da governação da escolas
O Primeiro Ministro anunciou mais uma reforma do governo das escolas. Das mudanças anunciadas destaca-se i) a existência de um Director (não ficando ao critério da escola a existência de um órgão unipessoal ou colectivo), ii) a nomeação do director após concurso público restrito a professores (em vez da eleição pelos diversos corpos da escola), iii) a mudança de nome do Conselho de Escola para Conselho Geral, iv) a designação dos órgãos de gestão intermédia por parte do director (em vez da eleição pelos pares).
Sobre esta prometida mudança três breves notas:
-não é a mudança da morfologia da estrutura de gestão da escola que vai produzir melhores resultados educativos. Como prova desta asserção bastará atentar nos três modelos de gestão anteriores. Quer o dito modelo da gestão democrática do Decreto-Lei 769/76, o modelo experimental do Decreto-Lei 172/91, ou o actual modelo do Decreto-Lei 115-A/98 não produziram resultados significativamente diferentes.
-a ser válida este asserção, para que surge então a reforma? Para criar a ilusão de que se ataca mais um problema e se coloca a escola a produzir melhores resultados, sendo mais eficaz e para isso reforçando os dispositivos de concentração da autoridade (e da responsabilidade) numa só pessoa, e consequentemente reduzindo os mecanismos da confiança resultante dos processos eleitorais.
-não estou certo que o diagnóstico que conduziu a esta solução esteja correcto. E se estiver errado o diagnóstico, então, em vez da reforma ser uma solução vai é gerar é problemas que não existiam.
Deve ainda referir-se que esta proposta se aproxima bastante da que foi experimentada e avaliada no decurso do Decreto-Lei 172/91 (prosseguindo-se assim uma política pendular de avanços e recuos); e que o problema central da escola não é o da diluição da autoridade (está já aliás bastante concentrada na figura do presidente do conselho executivo ou no director executivo), mas o problema da responsabilidade, do compromisso e da liderança transformacional.» in Correio da Educação nº 318.
Da governação da escolas
O Primeiro Ministro anunciou mais uma reforma do governo das escolas. Das mudanças anunciadas destaca-se i) a existência de um Director (não ficando ao critério da escola a existência de um órgão unipessoal ou colectivo), ii) a nomeação do director após concurso público restrito a professores (em vez da eleição pelos diversos corpos da escola), iii) a mudança de nome do Conselho de Escola para Conselho Geral, iv) a designação dos órgãos de gestão intermédia por parte do director (em vez da eleição pelos pares).
Sobre esta prometida mudança três breves notas:
-não é a mudança da morfologia da estrutura de gestão da escola que vai produzir melhores resultados educativos. Como prova desta asserção bastará atentar nos três modelos de gestão anteriores. Quer o dito modelo da gestão democrática do Decreto-Lei 769/76, o modelo experimental do Decreto-Lei 172/91, ou o actual modelo do Decreto-Lei 115-A/98 não produziram resultados significativamente diferentes.
-a ser válida este asserção, para que surge então a reforma? Para criar a ilusão de que se ataca mais um problema e se coloca a escola a produzir melhores resultados, sendo mais eficaz e para isso reforçando os dispositivos de concentração da autoridade (e da responsabilidade) numa só pessoa, e consequentemente reduzindo os mecanismos da confiança resultante dos processos eleitorais.
-não estou certo que o diagnóstico que conduziu a esta solução esteja correcto. E se estiver errado o diagnóstico, então, em vez da reforma ser uma solução vai é gerar é problemas que não existiam.
Deve ainda referir-se que esta proposta se aproxima bastante da que foi experimentada e avaliada no decurso do Decreto-Lei 172/91 (prosseguindo-se assim uma política pendular de avanços e recuos); e que o problema central da escola não é o da diluição da autoridade (está já aliás bastante concentrada na figura do presidente do conselho executivo ou no director executivo), mas o problema da responsabilidade, do compromisso e da liderança transformacional.» in Correio da Educação nº 318.
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Quem conhecer este país, tem razões para estar preocupado... Basta lermos com atenção os dados sobre os últimos estudos da corrupção em Portugal. Segundo os mesmos, a grande fonte de corrupção está nos diversos departamentos das autarquias portuguesas. Ora, quem vive todos os dias numa escola portuguesa, começa a assistir paulatinamente, a fenómenos idênticos no funcionamento da Escola Pública. O nepotismo, as relações de interesses, a pressão sobre quem não segue a cartilha, estão-se a instalar nas escolas. A relação próxima e intrusão das autarquias, no funcionamento das escolas, constitui-se como pernicioso, para a escola portuguesa. E agora, para piorar, procuram-se eternizar as pessoas no poder, nomeiam-se boys, para seguir à letra, o que os iluminados da Lisboa centralista ditam entre dislates sucessivos. Os autarcas que estão à muito tempo no poder em Portugal, criam vícios no normal funcionamento dos órgãos que dirigem... Na Madeira toda a gente percebe que, a eternizarão do poder numa figura, é muito má para a democracia que lá se respira. Mas, não importa, para as escolas queremos também que os ditadores se eternizem nas cadeiras, num democracia bafienta, em que tanto se apregoa a Escola Democrática! Pobre país este...
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