«orientação» ou «ad orientem»
Chama-se «orientação», em arquitetura e na Liturgia cristã, ao facto de construir as igrejas ou de orar em direcção ao Leste, ao Oriente. Parece que, já no século II, em algumas regiões, se dava sentido simbólico a esta postura, vendo no Oriente a representação de Cristo como Sol que nasce. Não é estranho que assim fosse, pois os Judeus já conheciam o costume de orar voltados para Jerusalém, postura que, mais tarde, também será adotada pelos muçulmanos, orientados para Meca. Em várias culturas e religiões, acontecia o mesmo com o olhar voltado para a saída do Sol, embora não se tenham muita informação sobre este tema.
Discute-se, por exemplo, se a frase «conversi ad Dominum», de Santo Agostinho, quando no final de alguns sermões convida a orar, voltados para o Senhor, significará «voltados para Oriente» ou simplesmente com uma atitude espiritual de súplica ao Senhor.
Em Roma, não parece que a construção das igrejas tenha sido muito influenciada por esse costume, contrariamente ao que sucedeu, mais tarde, na época franca. «Orientar» as igrejas impunha que todos, fiéis e sacerdote, estivessem na mesma direcção, ficando, portanto, o sacerdote de costas para a comunidade. Noutras igrejas, era só o sacerdote quem ficava de frente para o Leste, e a comunidade de costas, e, nestes casos, o celebrante olhava, simultaneamente, para o Oriente e para a comunidade.
Hoje, não se dá importância a este simbolismo, nem no momento da construção nem no momento de celebrar. Unicamente está determinado que se possa dar a volta ao altar e celebrar «versus populum», de frente para o povo (cf. IGMR 299).
Houve um momento da celebração, em que este gesto chegou a ter um certo simbolismo expressivo, quando, na caminhada catecumenal, para realizar as renúncias e a Profissão de Fé, se teatralizava pedagogicamente, fazendo que a *renúncia ao demónio se fizesse a olhar para Ocidente (direcção do sol--posto, lugar da escuridão), e, a profissão de fé em Cristo, a olhar para Oriente (direcção do sol-nascente, lugar da origem da luz). Isto pode ser visto, por exemplo, em São Cirilo, na sua catequese mistagógica (I,9).» in https://www.liturgia.pt/dicionario/dici_ver.php?cod_dici=313
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