12/09/23

Religião - Chama-se «orientação», em arquitetura e na Liturgia cristã, ao facto de construir as igrejas ou de orar em direcção ao Leste, ao Oriente.

(Igreja Românica de São João de Gatão)


«Dicionário elementar de liturgia 
José Aldazábal

«orientação» ou «ad orientem»

Chama-se «orientação», em arquitetura e na Liturgia cristã, ao facto de construir as igrejas ou de orar em direcção ao Leste, ao Oriente. Parece que, já no século II, em algumas regiões, se dava sentido simbólico a esta postura, vendo no Oriente a representação de Cristo como Sol que nasce. Não é estranho que assim fosse, pois os Judeus já conheciam o costume de orar voltados para Jerusalém, postura que, mais tarde, também será adotada pelos muçulmanos, orientados para Meca. Em várias culturas e religiões, acontecia o mesmo com o olhar voltado para a saída do Sol, embora não se tenham muita informação sobre este tema.

Discute-se, por exemplo, se a frase «conversi ad Dominum», de Santo Agostinho, quando no final de alguns sermões convida a orar, voltados para o Senhor, significará «voltados para Oriente» ou simplesmente com uma atitude espiritual de súplica ao Senhor.

Em Roma, não parece que a construção das igrejas tenha sido muito influenciada por esse costume, contrariamente ao que sucedeu, mais tarde, na época franca. «Orientar» as igrejas impunha que todos, fiéis e sacerdote, estivessem na mesma direcção, ficando, portanto, o sacerdote de costas para a comunidade. Noutras igrejas, era só o sacerdote quem ficava de frente para o Leste, e a comunidade de costas, e, nestes casos, o celebrante olhava, simultaneamente, para o Oriente e para a comunidade.

Hoje, não se dá importância a este simbolismo, nem no momento da construção nem no momento de celebrar. Unicamente está determinado que se possa dar a volta ao altar e celebrar «versus populum», de frente para o povo (cf. IGMR 299).

Houve um momento da celebração, em que este gesto chegou a ter um certo simbolismo expressivo, quando, na caminhada catecumenal, para realizar as renúncias e a Profissão de Fé, se teatralizava pedagogicamente, fazendo que a *renúncia ao demónio se fizesse a olhar para Ocidente (direcção do sol--posto, lugar da escuridão), e, a profissão de fé em Cristo, a olhar para Oriente (direcção do sol-nascente, lugar da origem da luz). Isto pode ser visto, por exemplo, em São Cirilo, na sua catequese mistagógica (I,9).» in https://www.liturgia.pt/dicionario/dici_ver.php?cod_dici=313


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