«Certo dia apareceu na Casa de Pascoaes, acompanhado por duas senhoras, um jornalista brasileiro a pedir uma entrevista ao Poeta para uma revista de S. Paulo.
Pascoaes logo se colocou ao seu dispor.
Depois de algumas perguntas sobre literatura, o brasileiro indagou:
"Que pensa sobre Salazar?" Pascoaes respondeu: "É um grande despenseiro."
O homem insistiu: "Não acha admirável o progresso do País, por exemplo, a florestação da serra do Marão? No futuro vai ser uma enorme riqueza."
Pascoaes responde: "Isso não acho. Plantar o Marão é uma heresia tão grande como colocar um capachinho na careca de S. Pedro. Dantes, o Marão produzia arroubos de Poesia. Agora vai produzir arrobas de aguarrás..."
É preciso não esquecer que Pascoaes sentia o Marão desta maneira:
"Marão, profunda elegia
Que sinto vibrar em mim.
Desnudo, de cor sombria,
Cor de terra e penedia
Duma tristeza sem fim."» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.
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