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03/06/19

Amarante Literatura - A conceituada escritora portuguesa, Agustina Bessa Luís, morreu vítima de doença prolongada.



«Morreu Agustina Bessa-Luís. Tinha 96 anos

A conceituada escritora portuguesa morreu vítima de doença prolongada.

A escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís morreu, disse à TSF Isabel Rio Novo, a biógrafa não-autorizada da autora.

Segundo a mesma fonte, a escritora morreu na sua casa, no Porto, na sequência de doença prolongada,

Agustina Bessa-Luís era o nome literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa.

Nasceu em Vila Meã, Amarante, a 15 de outubro de 1922 e desde muito cedo se interessou pela literatura, graças ao seu avô materno que tinha alguns dos maiores clássicos literários na sua biblioteca.

Um dos maiores nomes da literatura nacional, Agustina Bessa-Luís publicou dezenas de livros, visitando ao longo da sua carreira diferentes géneros literários, como romances, contos, peças teatrais, livros infantis e até crónicas.

Entre 1990 e 1993 foi, inclusive, diretora do Teatro Nacional D. Maria II em Lisboa.

Devido à sua vasta obra e à importância que a mesma imprimiu à literatura nacional, Agustina foi agraciada com inúmeros prémios, como o Prémio Eça de Queirós (1954), Prémio Nacional de Novelística (1967), Prémio D. Diniz (1981) Grande Prémio Romance e Novela (1983 e 2001), Prémio Camões (2004).

Foi igualmente distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980) e Officier de l'Ordre des Arts e des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989).» in https://www.noticiasaominuto.com/pais/1264320/morreu-agustina-bessa-luis-tinha-96-anos


(Documentário "Agustina Bessa-Luís - Nasci Adulta e Morrerei Criança")

20/04/19

Amarante Literatura - Na noite de 23 de abril, às 23:40, a RTP2 estreia “As Sibilas do Passo”, um trabalho que evoca a infância da escritora numa viagem até Amarante, o local que a viu nascer, anunciou hoje a estação pública de televisão.



«Ciclo dedicado a Agustina Bessa-Luís com estreia de dois documentários na RTP2

Na noite de 23 de abril, às 23:40, a RTP2 estreia “As Sibilas do Passo”, um trabalho que evoca a infância da escritora numa viagem até Amarante, o local que a viu nascer, anunciou hoje a estação pública de televisão.

A RTP2 vai dedicar um ciclo de programação à escritora Agustina Bessa-Luís, na próxima terça-feira, com a estreia de dois documentários sobre a vida e obra da autora, realizados por Adriano Nazareth Jr. e com argumento de Mónica Baldaque.

Na noite de 23 de abril, às 23:40, a RTP2 estreia “As Sibilas do Passo”, um trabalho que evoca a infância da escritora numa viagem até Amarante, o local que a viu nascer, anunciou hoje a estação pública de televisão.

Este documentário percorre a Casa do Passo, por onde passou também a sua tia Amélia, a Sibila, “que a lançou no poço sem fundo das letras”, até se tornar um nome maior da literatura nacional.

A seguir a este documentário, a RTP exibe um outro, também em estreia, com início às 00:15, intitulado “Fanny e a Melancolia”, um trabalho que remete para o Porto e para o Douro do século XIX.

Fanny Owen, uma figurinha frágil e transformada em personagem, é amparada pela “ligação sinistra” de Camilo Castelo Branco e José Augusto Pinto de Magalhães, num romance de Agustina que tem como título o próprio nome da personagem.

Em 1981, este enredo chegou às salas de cinema através do filme “Francisca”, de Manoel de Oliveira.

No documentário que a RTP agora exibe, o realizador e a escritora contam a história, cada um com a sua visão.» in https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/ciclo-dedicado-a-agustina-bessa-luis-com-estreia-de-dois-documentarios-na-rtp2-435766


Agustina Bessa-Luís - "Garras dos Sentidos"


Misia - "Garras dos Sentidos" - (Clip)



"Mísia : Garras dos sentidos
Música: popular
Letra: Augustina Bessa-Luís
In: "Garra dos Sentidos", 98
(Fado Menor)
Victor Almeida

Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.

paraísos proibidos,
contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos."

Amarante Literatura - António Patrício vinha passar férias a casa de Francisco Cardoso, tio do pintor Amadeo Sousa Cardoso, em Manhufe, Amarante, e vinha muitas vezes jantar a Pascoaes.



«Amarante, Gatão, Casa de Pascoaes

António Patrício vinha passar férias a casa de Francisco Cardoso, tio do pintor Amadeo Sousa Cardoso, em Manhufe, Amarante, e vinha muitas vezes jantar a Pascoaes. 

O pintor também aparecia, montando o seu cavalo alazão. 

Tinham conversas infindáveis.» in Fotobiografia "Na Sombra de Pa
scoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

«António Patrício – O que é viver?
10/07/2018  |  Nenhum comentário  |  António Patrício

Viver é só sentir como a 
Morte caminha 
E como a Vida a quer e como a 
Vida a chama… 
Viver, minha princesa pobrezinha, 
É esta morte triste de quem ama… 
Viver é ter ainda uma quimera erguida 
Ou um sonho febril a soluçar de rastos; 
É beijar toda a dor humana, toda a Vida, […]» in https://www.tudoepoema.com.br/category/antonio-patricio/


16/04/19

Amarante Literatura - A 1 de Janeiro de 1912, sai o primeiro número da revista «A Águia», órgão da Renascença Portuguesa, dirigida por Teixeira de Pascoaes.



«Em 1911, ainda Pascoaes era juiz substituto em Amarante.

Foi então que se reuniu em Coimbra, no Choupal, com Leonardo Coimbra, Augusto Casimiro, Jaime Cortesão e Álvaro Pinto.

Foi este grupo que resolveu fundar uma associação cultural — a Renascença Portuguesa —, que terá o propósito de «restituir Portugal à consciência dos seus valores espirituais próprios».

Pascoaes criou a filosofia da Saudade. Para ele a Saudade é a lembrança saudosa do passado projectada em Esperança no Futuro.

Este idealismo reflecte-se em toda a sua obra.

Nesse mesmo ano, publicou um novo livro — «Marânus» —, um longo poema cíclico de grande exaltação e simbolismo, consagrado à Saudade.

Uma parte desta obra foi escrita em Travanca do Monte, à sombra de um enorme rochedo que ainda hoje existe intacto. A outra parte foi escrita, como atrás dissemos, no Mirante da Casa de Pascoaes.

A figura central deste cântico saudosista, Eleonor, foi inspirada pela lembrança de Leonor Dagge, a loira inglesinha da Foz.

A serra do Marão é o grande cenário desta peregrinação saudosa:

«Pois só morre quem ama, e quem é amado Vive sempre em espírito saudoso...»

A 1 de Janeiro de 1912, sai o primeiro número da revista «A Águia», órgão da Renascença Portuguesa, dirigida por Teixeira de Pascoaes. António Carneiro é o director artístico.» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria João Teixeira de Vasconcelos.


Nova Águia - (Revista de Cultura para o Século XXI)

http://novaaguia.blogspot.com/

12/04/19

Amarante Literatura - Teria uns sete anos, quando se lembrou de fazer uma cruz com tábuas que encontrou na quinta, deitou-se nela e quis que nós o crucificássemos, atando-lhe os braços e os pés à cruz, com umas tiras de pano.




«Curiosidade Pascal na infância de Teixeira de Pascoaes


Com onze anos, o Poeta ofereceu um livro à Mãe e escreveu na dedicatória: «Ofereço-lhe este livro enquanto não posso oferecer-lhos escritos por mim»



No livro já citado: «Olhando para Trás Vejo Pascoaes», a irmã Maria da Glória escreveu:

«Foi sempre contemplativo. Não era triste. Era um silencioso. Eu tive, mesmo depois de crescida, um respeito enorme pelo seu silêncio.»

E conta: «Teria uns sete anos, quando se lembrou de fazer uma cruz com tábuas que encontrou na quinta, deitou-se nela e quis que nós o crucificássemos, atando-lhe os braços e os pés à cruz, com umas tiras de pano. Assim o arrastámos, pelo corredor fora, aos aposentos de nossos Avós. A Avó paterna, que fazia sempre profecias acerca daquele neto, disse: "E quem sabe quem ali está!"»

E a Tia Maria da Glória conta ainda: «Do lado esquerdo da cozinha, havia um monte cheio de ervas e de pedras. Foi ali que ele construiu uma casota a que deu o nome pomposo de castelo. Deu-me as chaves e uma sacola de libras, que por sinal eram moedas de cinco réis novos muito amarelinhos — que me deslumbraram de riqueza! E fez-me castelã. Eu senti-me levantar da minha mesquinhez.»» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

27/12/18

Amarante Literatura - Em Novembro de 1952, Teixeira de Pascoaes começou a enfraquecer e a ter que enfrentar os sinais evidentes, do seu fim de vida...




«Em Novembro, Pascoaes estava já muito enfraquecido. A ideia da morte
torturara-o durante a vida. Impressionava-o o preto e era incapaz de ir a um enterro.
Detestava ver alguém de luto.

Lembro-me de que há já bastantes anos, em Lisboa, saiu, depois de ter lamentado a cor do vestido da Mãe, e voltou pouco depois, radiante, com um embrulho que lhe entregou.

«Aí tem. Pode andar de escuro sem andar toda de negro!»

Era uma seda azul-marinho com pintinhas brancas. Ela, comovida e feliz, dilatou o brilho do seu olhar vivíssimo. Adoravam-se.

Quando a Mãe o precedeu, há alguns meses, ele gritou: «É um mundo que se acaba!» Na noite seguinte, quis ainda vê-la, despedir-se. Hesitou muito incerto da sua coragem. Por fim, decidiu-se. E ao deparar com aquele rosto apagado ergueu os braços em repetidas exclamações de espanto. Não esperava encontrar uma tal expressão de forca e serenidade! Ficou mais calmo, mais confortado.

Ela acabara aceitando o facto com a maior simplicidade: «Já não posso viver mais!»
Agora, o filho seguiu-a polo mesmo caminho desconhecido. Mas partiu sem qualquer comentário, sem uma palavra. Com a mesma serenidade, mas maior indiferença ainda.
A sua morte fora como ele sonhara:

«Como seria bom assim morrer...
Morrer como a paisagem desfalece.»

Não temia a morte. Detestava o seu aparatoso cenário. Negros crepes em pomposa procissão isso é que o impressionava. Mas a morte, a grande libertadora, fora deusa da sua inspiração. Sempre a cantara em versos feitos da mesma eternidade:

«0 nosso corpo é estrela,
Que vai arrefecendo
E escurecendo,
Para que nele surja uma outra luz mais bela,
A Luz espiritual.
É preciso baixar à negra sepultura,
Para que a humana e pobre criatura
Alcance o eterno amor.
É preciso sofrer o último estertor,
Chorar a lágrima final…!»

Mas não chorou nenhuma lágrima, nem teve qualquer estertor. Apagou-se. O
seu corpo adormeceu profundamente criando silêncio, sombra e vazio, enquanto o
seu espírito, em aceso clarão, desvenda novos mistérios.

Ao adoecer teve logo a antevisão da morte. Desânimo e desapego era o que nos
mostrava o seu rosto macerado, os gestos lassos. Trabalhava ainda, à pressa, como quem tem medo de não chegar ao fim!

No queria tratar-se. Não confiava na medicina e temia o diagnóstico. Ao doutor Mendonça Monteiro, que insistia em lhe trazer um médico, respondeu: «Não me
fale nisso. A morte leva-nos, mas não diz quando. O médico marca logo o dia e
põe-nos de oratório. Os médicos falam sempre em coisas tenebrosas.» Era o dia dos
Mortos - 2 de Novembro -, dia do seu aniversário.

Foi perdendo as forças. Não saía do quarto. Levantava-se apenas para escrever os
pensamentos que lhe roubavam o sono:

«Vozes da noite, falai... falai...
Que não pode dormir quem vos conhece.»

Durante quinze dias no conseguiu adormecer. Revia os seus inéditos. Corrigia
o «Bailado» e o «S. Paulo» para nova edição.

Atribuía o seu mal a mau funcionamento do aparelho digestivo: estava, há tempos, só a caldos. Enfraquecia cada vez mais.

O médico chegou, por fim, disfarçadamente, como quem vem cumprimentar. O
doente compreendeu e aceitou.

Entremeando o exame clínico com uma curiosa troca de impressões literárias, o
doutor Fernando Magano venceu. Mas o doente reagiu violentamente quando o médico falou na necessidade de passar uns dias no Porto e fazer análises: «Não saio daqui. Só quando isso corresponder a um íntimo desejo. Por enquanto não.»

Quando o doutor Magano saiu ele comentou: «É um homem superior, e tem uma coisa simpática! Não fixa os olhos no doente. Repara em tudo, até nas paredes.» O médico olhara atentamente a estranha decoração do quarto: pequeninos quadros de maravilhosas tonalidades, pintados pelo Poeta, velhas facturas, santos de madeira, flores emurchecidas e tesouras de poda, guarneciam as paredes.

Durante oito dias o doente sentiu-se um pouco mais animado. O tónico receitado dava-lhe algumas forças. Mas a febre agitava-o. Custava-lhe erguer-se sozinho.

Queria que sua irmã Miquelina o ajudasse: «As mulheres têm uma espantosa leveza de mãos!» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos

02/09/18

Amarante Literatura - Uma tarde, chegou à casa de Pascoaes o Almada Negreiros, o que foi um alvoroço e a conversa durou até à madrugada



«Uma tarde, chegou à casa de Pascoaes o Almada Negreiros. Foi um alvoroço. A conversa durou até à madrugada. O Almada era um homem interessantíssimo. Um visionário. Mas na manhã seguinte, quando Pascoaes o quis chamar para o pequeno-almoço, encontrou o quarto vazio. O Almada já tinha partido deixando um bilhete de despedida: 

Que o grande poeta Teixeira de Pascoaes me tenha recebido familiarmente em sua própria casa, fica registado no memorandum da minha vida. Com os meus cumprimentos a sua Ex. a mãe e irmãos e obrigado José de Almada Negreiros 


É Fado Nosso é nacional Não há portugueses há Portugal Almada Out. 37» in Fotobiografia na "Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

30/08/18

Amarante Literatura - Ainda em 1939, rebenta a Guerra Civil de Espanha e Pascoaes fica profundamente abalado e muito triste com o fuzilamento de Frederico Garcia Lorca, o amigo que lhe escrevera de San Sebastian em Maio de 1923.




«Ainda em 1939, rebenta a Guerra Civil de Espanha e Pascoaes fica profundamente  abalado e muito triste com o fuzilamento de Frederico Garcia Lorca, o amigo que lhe escrevera de San Sebastian em Maio de 1923: 

«Querido poeta: "Desde San Sebastian le recuerdo con todo carino. Ha sido para mi un gran placer el conocerle y haber pasado unos dias en su gratisima compania. No me olvide. Federico Garcia Lorca Salude a su hermano y familia."


E em Agosto do mesmo ano dirigia-lhe a seguinte carta, de Granada: 

«Mi querido poeta Desde la esplendida vega de Granada donde paso el verano, le envio un saludo admirativo y carifí oso. Nunca olvido los dias que pasamos juntos en la Residencia de estudiantes, ni se me puede borrar de la memoria su figura, tan llena de castidad y de pura poesia. Tendré noticias vuestras? Federico Garcia Lorca Miserias, San Pascual (apeadero) Granada Salude a su hermano» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.




22/08/18

Amarante Literatura - E depois evocando os tempos de Coimbra, Teixeira de Pascoaes, fala dos seus companheiros estudantes e da vida no Café Lusitano, noite fora.



«Em 1928, Pascoaes publicou o livro de «Memórias». Evocação e saudade, com pensamentos lindíssimos. Lembranças preciosas de um regresso às raízes na distância do tempo que passou. 

A ideia de Deus está profundamente ligada à pureza da infância. Afirma: «... Porque Deus é um menino ainda! E, se Ele envelhecer, perderá o sol o último sorriso da sua luz, e as árvores nunca mais darão flor.» 

A infância e a morte, os dois extremos que perturbam o Poeta. No «Verbo Escuro» dizia: «O homem, ao morrer, apaga, com o último suspiro, o mundo em que viveu.» 

Agora fala da infância, quando tudo é luz. E depois evocando os tempos de Coimbra, fala dos seus companheiros estudantes e da vida no Café Lusitano, noite fora. 

«E agora o Lusitano, cheio de estudantes, em redor de pequenas mesas de mármore, com chávenas de café, copos doirados de cerveja, venenos multicolores em garrafas de fantasia. Ouvem-se vozes, risos, tilintar de vidros; e vê-se um grande espelho, na parede, onde esse tumulto ansioso se desdobra em figuras irreais da mocidade. 

«Lá está a mesa dos poetas. O Fausto bebe, fuma, recita, apaixonado por todas as mulheres; o Gil, com os cotovelos fincados na pedra mármore, esmaga a cara assanhada entre as mãos, como se os dentes lhe doessem. Tem uns bigodes de arame retorcidos para cima e fala quase sempre aos repelões... O Alexandre Braga, um apoio modelado em cera, pelas noites de boémia. O Hilário, trigueiro e lívido, de tacões e bigode negros, a dois meses da morte - uma estrela prestes a extinguir-se... O João Lúcio, na sua primeira fase, radiando uma luz branca de pureza.» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

14/08/18

Amarante Literatura - Em 1952, vieram passar uns dias à Casa de Pascoaes dois jovens com muito interesse, amigos do Poeta, eram eles o poeta António Luís Moita e o escritor Joaquim Montezuma de Carvalho, filho do Prof. Joaquim de Carvalho.




«Em 1952, vieram passar uns dias à Casa de Pascoaes dois jovens com muito interesse, amigos do Poeta. Eram eles o poeta António Luís Moita e o escritor Joaquim Montezuma de Carvalho, filho do Prof. Joaquim de Carvalho. Este rapaz cheio de valor tinha sido, pouco tempo antes, a cabeça da grande homenagem da Academia de Coimbra a Teixeira de Pascoaes, que se realizou a 12 de Maio desse mesmo ano. 

Foi uma festa profundamente comovente. 

O Poeta estava muito emocionado. 

Os estudantes encheram por completo o Jardim de Santa Cruz onde se realizou o espectáculo dedicado a Pascoaes. 

Na primeira parte actuou a Tuna Académica, na segunda o Orfeão Académico, na terceira o Teatro dos Estudantes com coros falados que terminou com a «Ode aos Poetas», de Miguel Torga. Na quarta parte, os estudantes fizeram entrega a Pazcoaes da colectânea que lhe era dedicada e de um exemplar da «Via Latina», também exclusivamente dedicado ao Poeta homenageado. Na quinta parte foram lidos, e declamados por elementos do T.E.U.C., poemas de Teixeira de Pascoaes. 

O espectáculo era impressionante. Um mar de negrume, um esvoaçar de capas pretas que logo se estendiam no chão, ao longo de toda a alameda, formando um imenso tapete. Pascoaes, de capa aos ombros, percorreu o longo percurso amorosamente atapetado que o levou ao topo do jardim onde se situava o palco. E logo agradeceu aos estudantes, acabando por dizer: «Fui pago numa hora por cinquenta anos de trabalho...» 

Nessa magnífica homenagem estiveram presentes Miguel Torga, Maria Germana e Manuel Tânger, o pintor Guilherme Filipe, o escultor António Duarte, Carlos Carneiro e muitos outros.

Na sede da Academia abriu a Exposição Bibliográfica onde figurava a colectânea intitulada «A Teixeira de Pascoaes», com depoimentos e desenhos de todos os escritores, poetas e artistas portugueses e um alguns brasileiros, que quiseram associar-se a esta homenagem.


O Prof. Egas Moniz dizia:

«Não forçou a originalidade equilibrada companheira dos seus arroubos de inspiração, nem se prendeu a preocupações de escolas, nem se submeteu a influências de meios literários estrangeiros. Os seus versos, os seus poemas em prosa, são produto de um raro temperamento de artista no convívio com a natureza e na vibratilidade de sentimentos apurados no equilíbrio de uma mentalidade de eleição.

«Nunca se prendeu aos sortilégios dos aduladores, nem arredou um passo do caminho da independência. Nunca se afastou da nobreza de sentir que é timbre dos grandes caracteres.»

Foi ainda em 1951 que saiu a brochura «Aos Estudantes de Coimbra», uma plaquete com o soneto «Calvário» e uma novela intitulada «Os Dois Jornalistas».» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes» de Maria José Teixeira de Vasconcelos.

10/08/18

Amarante Literatura - A 31 de Março de 1951, realizou-se a homenagem do povo de Amarante a Teixeira de Pascoaes, inaugurando-se uma bela exposição bibliográfica e, numa sessão solene, falaram Ilídio Sardoeira e o Prof. Joaquim de Carvalho.



Prof. Joaquim de Carvalho


«A 31 de Março de 1951, realizou-se a homenagem do povo de Amarante a Teixeira de Pascoaes. Inaugurou-se uma bela exposição bibliográfica e, numa sessão solene, falaram Ilídio Sardoeira e o Prof. Joaquim de Carvalho. Este último deu à sua tese o título de «Reflexões sobre Teixeira de Pascoaes» - tese que mais tarde, já depois da morte do Poeta, desenvolveu numa conferência realizada em Lisboa, na Academia das Ciências. E dizia:

«O que domina e prende neste homem, de viver trivial mas singular nos modos e até nos vincos fisionómicos, é a originalidade do seu génio, que irrompe irresistivelmente, sem alardes nem cálculo, espontâneo e pujante.

«De vida puramente interior, mas não de alma erma e solitária, atento somente aos apelos da sua sensibilidade e ao que com eles se identificava, tudo em Teixeira de
Pascoaes é testemunho irrefragável de um espirito vivente num mundo de configuração própria, sem o centro e sem as coordenadas do mundo que nos é habitual.

«Dá gosto conviver pela leitura com um ser tão raro, pela autenticidade da inspiração e pela sinceridade com que se abre, sem reticências nem premeditação.» in Fotobiografia «Na Sombra de Pascoaes» de Maria José Teixeira de Vasconcelos.


05/04/18

Amarante Literatura - Vivia em Celorico de Basto um lindo rapaz Bernardo de Vasconcelos que, por vocação se fez frade (Frei bernardo da Anunciada) e que manteve até ao dia da sua morte prematura, correspondência com o Poeta Teixeira de Pascoaes.




«Vivia em Celorico de Basto um lindo rapaz que, por vocação, se fez frade. Chamava-se Bernardo de Vasconcelos. Era um parente afastado. Morreu muito cedo. Frei Bernardo da Anunciada foi o nome religioso do poeta beneditino. Deixou poemas místicos de grande beleza e elevação.

Escrevia a Pascoaes cartas muito bonitas e comoventes, dizendo-lhe que rezava e comungava por ele. Nunca se encontraram. Mas Pascoaes tinha por ele uma grande estima e admiração, como o prova esta carta lindíssima, datada de Amarante, a 11 de Setembro de 1924:

Meu Querido Poeta

À sua carta, recebida ontem, não é com palavras que se responde, mas o meu silêncio, embora contivesse os mais altos sentimentos que a minha alma lhe dedica, poderia ser interpretado como estúpida e fria indiferença. Eis a razão porque respondo com palavras, isto e', servindo-me de uma forma material, duma faculdade do meu corpo. De resto, o corpo (permita-me que lho diga) tem sido bastante caluniado! O pobre triste! 0 mísero servo da alma (quando não seja o templo de Deus vivo, como afirma S. Paulo) sujeito a todas as dores físicas tremendas: a dor de ser queimado, esmagado, retalhado, asfixiado! A tudo se submete o pobre triste, para que a alma, na sua passagem pelo mundo, possa agir e revelar-se! É claro que a acção é, frequentes vezes, maléfica, mas também é boa, de quando em quando. Que havemos de dizer dos braços que salvam um afogado, da mão que oferece uma esmola, dos lábios que pronunciam uma oração? Eu adoro a alma e não desprezo o corpo, e o pão que o alimenta, e o sol que o aquece e alumia. A contemplação do céu não me absorve por completo. Os meus olhos repousam encantados também na beleza das coisas naturais. Encontrar essa harmonia entre o mundo e o céu tem sido a minha perpétua ansiedade. Encontrá-la-ei? Não, pobre de mim! O mundo está cheio de sombras e de crimes, e o céu tem muito de vago e inatingível que me tortura! Eis o meu drama, querido Poeta... 0 drama de um ser inferior, quase vegetal, que criou raízes na terra como as árvores e, como as árvores, ergue as ramagens para o céu, hirtas e desfolhadas, num desespero! Eu bem sei que a mais nobre atitude de uma alma é atingir uma verdade divina ou a Verdade, e entregar-se a ela, por completo, repousar nela para sempre. É o seu caso e o do Ângelo e o de um ou outro eleito do Senhor.

Mas, ai de mim! Eu não nasci para repousar! Vim cumprir uma pena. Debato-me nas trevas, ansioso de claridade, e pressinto, para além de tudo, as mãos do Destino que me impelem não sei para onde... O Destino de Deus? Deus, creio bem; a vontade inexorável de Deus que me faz viver e padecer.

Vejo que há almas como a sua que já cumpriram a pena e se libertam, e há outras almas ainda prisioneiras, almas de tragédia e expiação, que esperam a liberdade. Esperam e desesperam! Gritam, enquanto as almas irmãs da sua se evolam para Deus em orações. Porquê? Mas todos nós obedecemos! Viver é obedecer. Uns obedecem a Deus; outros...

A sua carta iluminada de divina caridade tocou-me no mais íntimo do coração. É a carta de um Santo escrita a um pobre diabo; um raio de luz celeste despedida sobre uma triste sombra consciente da sua existência ilusória.

Ergo os olhos para si, para o seu espírito liberto. Vejo o esplendor que o transfigura, mas vejo-o desaparecer, ao longe, nas distâncias do Infinito. E, ao mesmo tempo que o admiro e amo e venero, murmuram num tom de imensa tristeza aos meus ouvidos aquelas palavras da sua carta:

«Que a minha vida seja um verso branco
Que eu não saiba escrever.»

Isto é sublime, na verdade! Mas para mim encerra uma tragédia, a máxima tragédia do silêncio. Perdoe-me o que vou dizer-lhe:

Eu preferia ouvir-lhe aquele verso...

As suas orações por mim, o seu amor e piedade pela minha humanidade feita de dor e imperfeição, ouvi-las-ei religiosamente, neste remoto escuro em que me aflijo e me consumo, e serão como estrelas cravadas num ermo espaço lutuoso.

Se a bem-aventurança que Deus lhe concedeu baixar, um dia, à minha alma, ela virá por intermédio das suas orações. Será um milagre do seu amor e da sua piedade. Vejo-o afastar-se e desaparecer, entre as quatro paredes de uma cela... Neste momento supremo da sua vida, atrevo-me a fazer-lhe um pedido a quem tudo pretende conceder-me. Peço-lhe que não reze somente. Não se amorta-lhe naquele verso incriado e sublime! Cante, erga a sua voz nos seus versos, que eles hão-de ser as suas mais perfeitas orações. Creia bem que Deus ouviu com mais amor os versos de Frei Agostinho do que as suas Avé Marias e Padre Nossos... O canto divino redime-nos e redime os outros. A oração e' mais uma conversa particular entre nós e a Divindade.

Isole do mundo a sua existência, feche-se numa cela, mas derrame nas almas aflitas cá de fora o bálsamo poético da sua alma libertada.

Creia na gratidão, no amor e admiração que lhe dedica este triste penitente prisioneiro, espreitando pelas grades do cárcere, a noite muda e tenebrosa à espera de ver raiar a nova luz...

Teixeira de Pascoaes» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.


30/03/18

Amarante Literatura - Foi em 1924 que o poeta Guilherme Faria apresentou o Henrique Paço D'Arcos a Teixeira de Pascoaes.


(Henrique Paços D'Arcos e Teixeira de Pascoaes)


«Foi em 1924 que o poeta Guilherme Faria apresentou o Henrique Paço D'Arcos a Teixeira de Pascoaes. Ele e os irmãos - o Carlos Eugénio, o Pedro e o Joaquim - passaram a ser assíduos frequentadores da Brasileira do Chiado, onde Pascoaes se reunia com os amigos e admiradores, e da York House onde estávamos instalados. 

O Henrique viria a ser o discípulo bem amado. 

Eis como ele próprio descreve o convívio com o Poeta do Marão, no prefácio do livro «A Voz Nua e Descoberta»: 

«Foi o Guilherme Faria quem nos revelou, a meus irmãos e a mim, os versos de Pascoaes. E para mim foi bem uma revelação. Em breve ele nos apresentou ao Poeta, numa mesa da Brasileira do Chiado onde de futuro por dias sucessivos passámos a abancar, na roda de outros jovens como nós seduzidos pela forte e original personalidade do grande Poeta. 

«À mesma mesa da Brasileira vinha também sentar-se diariamente Raul Brandão, amigo e admirador que era de Pascoaes, que lhe retribuía a admiração e a amizade. 

«Regressado Pascoaes a Amarante, escrevi-lhe uma carta em que lhe dizia da minha enorme admiração e já mesmo estima que lhe votava, carta redigida em termos entusiastas e ingénuos, mas que tiveram o condão de despertar no Poeta o desejo de melhor me conhecer. 

«Daí nasceu uma enorme e recíproca amizade traduzida em mil e uma expressões, desde a correspondência assídua de três ou quatro anos, que religiosamente conservo, e dedicatórias em livros, ao carinhoso acolhimento de todos os seus familiares e sobretudo à imarcessível recordação que guardo do seu grande espírito. 

«No Verão de 1924, Pascoaes convidou-nos, a meu irmão Pedro e a mim, para irmos passar uma temporada a Amarante.» 
(...)
 «Da tertúlia da Brasileira, que continuava a frequentar, faziam ainda parte António Alves Martins, poeta e jornalista prematuramente desaparecido, João Correia de Oliveira e o seu comparsa Francisco Lage, Vitoriano Braga, o velho Gualdino Gomes, António Ferreira Monteiro, os pintores José Luís Brandão de Carvalho, Almeida Coutinho e Tagarro (que começou um retrato meu a óleo não ultimado e de que perdi o rasto), o Manuel Mendes, o António Duarte, por vezes o Ângelo César, descido do Porto, o Manuel de Castro, grande amigo e companheiro constante de Guilherme Faria, e muitos outros que se esfumam na distância do tempo. Entre todos um sobretudo a minha amizade e a minha admiração para sempre destacaram: o grande, querido e jamais esquecido poeta Mário Beirão. 

«O Pascoaes, o Mário e eu passámos a formar uma trindade que todas as tardes descia e subia o Chiado, de braços dados, dificultando o trânsito nos passeios já de si apertados e parando diante das montras, perante as quais Pascoaes quase como uma criança se deslumbrava em confronto com a indiferença do Mário, enrolando paulatinamente o seu cigarro. 

«O Mário havia inventado um personagem a que pusera o nome de Baltazar e quando éramos abordados por alguém que importunamente demorava o nosso passeio, logo o Mário acudia lembrando que tínhamos o nosso amigo Baltazar à espera. Pois não foi uma nem duas vezes, mas inúmeras que Pascoaes, aereamente, se admirava e perguntava: Baltazar? Mas que Baltazar? O que é bem de ver, criava situações confusas que davam lugar a confusas explicações. 

«O meu livro "Divina Tristeza" saíra, se não erro, em Maio de 1925, impresso na "Marânus" do Porto por intervenção de Pascoaes. Com autorização deste, a capa foi ornamentada com a reprodução de um instrumento musical esculpido numa pedra do jardim da sua casa de Gatão, com base num desenho feito pelo pintor António Carneiro e que Pascoaes me cedeu». 
(...) 
«Voltei nesse Verão de 1925 a Pascoaes, onde era tratado como membro da família, gozando da carinhosa amizade de todos, desde a Senhora D. Carlota, mãe do Poeta, até às irmãs, irmãos e sobrinhas e às criadas da casa...» 
(...) 
«Nesse Verão de 1925, meu pai, vindo de Vidago, fez uma visita a Pascoaes. Ainda recordo a noite maravilhosa passada na varanda à luz de um luar de sonho, ouvindo Pascoaes e o meu pai dialogarem com transcendente espiritualidade.»» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos.


29/03/18

Amarante Literatura - Últimos momentos da vida do Escritor Teixeira de Pascoaes, por Maria José Teixeira de Vasconcelos, sua sobrinha!




«Mas agora estava reduzido a tomar caldos à força. Levava mais de uma hora a dar-lhe uma pequena tigela. Eu teimava. Ele recusava: «Estás a tornar-te insuportável! Assim não te posso aturar.»

Eu insistia sempre: só mais uma colherinha!

«Essa tigela parece o poço das Danaides!»

E continuava: «Todos temos as nossas razões. Tu tens as tuas. Eu tenho as minhas.»

Sabia a inutilidade de todos os esforços e só queria sossego. Tossia muito quando sentado na cama.

O doutor Magano voltou e achou-o na mesma; nem melhor nem pior.

Havia ainda uma esperança, mas muito, muito pequenina.

Os amigos vieram de longe, comovidos e aflitos. O Padre Magalhães e o Eduardo Oliveira quiseram chorar connosco. De Lisboa vieram o Mário Beirão, o Henrique Paços D'Arcos e o António Duarte. Era, outra vez, domingo. Incertos e ansiosos limitaram-se a olhá-lo da porta, de longe e a medo. Temíamos impressioná-lo.

Ele continuava distante... Houve um espaço de magoada contemplação de olhos marejados e respiração suspensa. Todos sentiram que seria o último adeus. Só o António Duarte, sempre optimista, confiava ainda. Queria levá-lo à Suíça.

Mas o Poeta escolhera um país mais distante.

A sua voz deixou de se ouvir e ficou a tosse a encher toda a casa.

Seguiram-se dias de imobilidade e silêncio. Sentimos que perdia as forças. No dia 12 de Dezembro, à tarde, notei que engolia o caldo em dois tempos. Alarmada, telefonei ao médico, que chegou no dia seguinte, de manhã.

Roubou-nos toda a esperança e deu uma só ordem: «Nem mais remédios, nem mais caldos. Ele só precisa de paz.»

Quando se despediu, desolado, o doente pronunciou distintamente: «Até amanhã.» Foi a última vez que ouvi a sua voz...

Nessa tarde disse um longo segredo. Movia os lábios e a sua mão espectral desenhava gestos no espaço. Terminou pondo um dedo nos lábios misteriosamente. Mas só ele pôde guardá-lo. Da sua boca não saiu qualquer som.

Depois da meia-noite a respiração começou a ser mais rápida - mas apenas ligeiramente mais rápida. A ausência de sofrimento era visível. Nem sede tinha!

Nunca mais mudou de posição. Não se mexeu durante um dia inteiro. E a atitude era a mais natural possível. A de quem tem sono e quer dormir: de costas e o braço direito por baixo da cabeça.

Vinte horas de dilacerante espera! Nenhuma alteração naquela aparência sonolenta.

No dia 14 era, de novo, domingo. Às nove e vinte da noite, com os olhos de toda a família, torturada e espectante, cravados nele, começou a respirar com intervalos espaçados, lenta e compassadamente. Sempre sem o menor sinal de sofrimento. Mais frouxo... mais devagarinho... mais baixinho... E cinco minutos depois tinha parado.... Ou parecia que tinha parado...

Recorri a um espelho para me certificar de que só nos restava a Saudade:

«E tudo passará... Mas a saudade
Não passará jamais. Há-de ficar
Porque ela é o Infinito e a Eternidade.»

Pascoaes tinha escolhido um  pinheiro, em forma de lira, para fornecer as tábuas para o seu caixão. E ele espalhava no ar um aroma delicioso a resina e a pinho verde.

O António Duarte fez a mão e a máscara do Poeta. O Eugénio de Andrade leu os seus poemas. O Henrique Paço D'Arcos também, Chovia. Era o fim...

Pascoaes repousa no pequeno cemitério de S. João de Gatão, com o epitáfio que ele mesmo escreveu:

«Apagado de tanta luz que deu
Frio de tanto calor que derramou.»» in Fotobiografia "Na Sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos


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