20/05/24

Criminalidade - O jovem prodígio, Nathan Leopold, o matou um adolescente de 14 anos para tentar provar que conseguiria cometer um homicídio e safar-se da prisão.



«A história do prodígio adolescente que matou um rapaz de 14 anos na busca pelo crime perfeito

O jovem prodígio matou um adolescente de 14 anos para tentar provar que conseguiria cometer um homicídio e safar-se da prisão.

Em 1924, Nathan Leopold, um prodígio de 19 anos, deitou fora o seu futuro promissor numa tentativa arrepiante de executar o “crime perfeito“.

Juntamente com o seu amigo Richard Loeb, Leopold assassinou um adolescente de 14 anos, Bobby Franks, tendo sido preso e condenado pouco tempo depois.

Nathan Freudenthal Leopold Jr. nasceu a 19 de novembro de 1904, no bairro de Kenwood, em Chicago. De ascendência judaico-alemã, demonstrou uma profunda inteligência desde cedo. Aos 15 anos, matriculou-se na Universidade de Michigan e, aos 18, obteve uma licenciatura na Universidade de Chicago.

Enquanto Leopold se destacava academicamente, estabeleceu uma relação próxima com Richard Loeb, um colega residente em Kenwood. Loeb, igualmente inteligente mas com uma paixão por história e histórias de crimes, partilhava o fascínio de Leopold pelo conceito de Übermensch de Nietzsche – a crença de que o seu intelecto superior os isentava das leis da sociedade.

Leopold e Loeb envolveram-se inicialmente em pequenos crimes, mas o seu desejo de notoriedade não tardou a aumentar. Em 1923, começaram a planear o que acreditavam ser o homicídio “perfeito”.

A 21 de maio de 1924, os dois jovens atraíram Bobby Franks para o seu carro, assassinaram-no e desfizeram-se do seu corpo num bueiro em Hammond, Indiana. Enviaram um pedido de resgate à família de Franks, apesar de o rapaz já estar morto, escreve o All That’s Interesting.

A sua arrogância levou a uma rápida revelação. Um par de óculos graduados, que pertenciam a Leopold, e uma máquina de escrever utilizada para o pedido de resgate foram encontrados perto do corpo. Confrontados com as provas, ambos confessaram, embora cada um culpasse o outro pelo assassínio.

O julgamento de Leopold e Loeb, que teve início a 21 de julho de 1924, cativou a nação. Contrataram o renomado advogado de defesa Clarence Darrow, que tinha como objetivo salvá-los da pena de morte.

Ambos se declararam culpados, fazendo do julgamento uma determinação da sentença e não da culpa. A defesa de Darrow incluiu um extenso testemunho psicanalítico e culminou numa argumentação final de oito horas.

O juiz decidiu contra a pena de morte, condenando ambos a prisão perpétua mais 99 anos por rapto. Foram transferidos para a prisão de Joliet, onde começaram a ser encarcerados.

Os caminhos de Leopold e Loeb divergiram na prisão. Loeb foi esfaqueado mortalmente por um colega de prisão em 1936, em circunstâncias obscuras.

Leopold continuou a contribuir para a comunidade prisional, nomeadamente em programas educativos e investigação médica. Em 1958, após 34 anos, Leopold saiu em liberdade condicional e mudou-se para Porto Rico.

Em Porto Rico, Leopold reconstruiu a sua vida, obteve um mestrado, lecionou na Universidade de Porto Rico e trabalhou na conservação de aves. Publicou também um livro de memórias, “Life Plus 99 Years”, refletindo sobre os seus remorsos e o crime que definiu a sua vida.

“Olhando para trás, do ponto de vista atual, não consigo compreender como funcionava a minha mente na altura… Os remorsos só surgiram mais tarde, muito mais tarde… Nunca me sai da cabeça“, escreveu.

Nathan Leopold morreu de ataque cardíaco a 29 de agosto de 1971, em Porto Rico, com 66 anos.

ZAP //» in https://zap.aeiou.pt/a-historia-do-prodigio-adolescente-que-matou-um-rapaz-de-14-anos-na-busca-pelo-crime-perfeito-602517


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2 comentários:

  1. Esta história demonstra como a mente humana tem todas as potencialidades para o bem e para o mal, consoante a usarmos, o que é revelado pelo percurso de vida do jovem que tenta impetrar o "crime perfeito", julgando que a sua inteligência extraordinária lhe permitiria desafiar a ordem estabelecida e permanecer na impunidade, mesmo desrespeitando o valor maior, que é a vida humana, cometendo um homicídio qualificado...Ainda por cima num país onde existe pena de morte! Este jovem teve sorte, por ser muito jovem, de ficar livre da pena de morte e, com certeza, durante o tempo de reclusão, reflectiu sobre o que fez da vida e o que poderia ter feito; como corrigiu o percurso de vida dentro da própria prisão e dedicou-se a estudar e colocou a sua sabedoria ao serviço da comunidade prisional, acabou por sair em liberdade e teve uma segunda oportunidade, que soube aproveitar e retribuir à sociedade, transmitindo conhecimentos e preservando a natureza.
    Felizmente, na Europa não existe a pena de morte nem a prisão perpétua - a doutrina humanista, que é a matriz da cultura europeia ocidental, de génese cristã, foi cristalizada nas nossas Leis, que têm subjacente a ressocialização dos delinquentes e a concessão de uma segunda oportunidade.
    Por opção pessoal não trabalho na área criminal - fiz o "frete" durante o meu estágio de advocacia, porque era obrigatório, mas detestei os temas dos processos, o tipo de pessoas com que se tinha que lidar...Só entrava nesses processos a defender pedidos de indemnização de clientes meus que fossem lesados, até dia em que me esfaquearam a carteira no Tribunal de Santo Tirso, na minha própria comarca... Nunca mais pus os pés nas secções criminais e já vão mais de 10 anos! No entanto, sei que os jovens, muitas vezes, pelo desejo de aventura que é próprio da idade, tomam atitudes irreflectidas que os prejudicam para toda a vida, mas deve dar-se sempre uma segunda oportunidade!


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  2. Muito obrigado pelo comentário instrutivo e com saber de causa própria. O seu contributo faz-nos pensar muito das diatribes da natureza humana, como a inteligência sem ética pode fazer de nós autênticos monstros, temos que ser humildes e respeitar sempre o próximo, às vezes mesmo quando é muito difícil...

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