Num vislumbre do destino reservado para a Terra, daqui a cerca de 5 mil milhões de anos, astrónomos avistaram uma estrela semelhante ao Sol a devorar um planeta — e a expelir uma explosão de luz e energia.
Pela primeira vez, uma equipa de astrónomos apanhou uma estrela em flagrante no ato de devorar um dos seus planetas.
Tal como aconteceu com esta estrela, que engoliu os seus planetas internos, o nosso próprio Sol vai expandir-se e devorar o Sistema Solar. Mas esse dia vai demorar uns 5 mil milhões de anos a chegar.
Kishalay De, investigador do Instituto de Tecnologia dos Massachusetts, e colegas usaram o telescópio da Zwicky Transient Facility, na Califórnia, para detetar uma estranha explosão de luz designada como ZTF SLRN-2020, proveniente de uma estrela a cerca de 13.000 anos-luz de distância.
Em apenas 10 dias, a estrela tornou-se cerca de 100 vezes mais brilhante.
A erupção foi semelhante a um fenómeno chamado nova vermelha, causado pela fusão de duas estrelas, mas não era tão brilhante e não emitia tanta energia.
Segundo a New Scientist, após recolher mais observações com outros telescópios, os investigadores descobriram que os dados eram consistentes com uma estrela a devorar não outra estrela, mas um planeta gigante gasoso com pelo menos 30 vezes a massa da Terra.
“No passado, todas as evidências que tivemos de estrelas a engolir planetas vieram da observação de estrelas que o fizeram há centenas de milhares de anos“, diz De. “Mas nunca tínhamos apanhado uma estrela em flagrante a comer um planeta.”
Este processo ocorre quando uma estrela semelhante ao Sol esgota o seu combustível de hidrogénio e passa a fundir hélio.
No processo, a estrela torna-se uma gigante vermelha e a sua atmosfera expande-se para fora, engolindo quaisquer planetas que tenham a má sorte de orbitar demasiado perto. No caso do ZTF SLRN-2020, o planeta demorava cerca de um dia terrestre a completar a orbita à volta da sua estrela.
O Sol deve começar a expandir-se daqui a cerca 5 mil milhões de anos. “Estamos a ver realmente o destino do nosso próprio planeta a acontecer em tempo real a um planeta azarado”, diz De.
“Se na altura estivéssemos a observar nosso sistema solar a 10.000 anos-luz de distância, veríamos que o Sol também se tornaria mais brilhante, de forma semelhante — mas o efeito não seria tão dramático porque a Terra é muito menor do que este planeta”, acrescenta o investigador.
A descoberta foi publicada esta quarta-feira na revista Nature.