Teresa Martinho Marques
«Diz que é uma espécie de avaliação...
Sabem meninos, todos nós estamos sempre a ser avaliados...
A professora também é avaliada? Como?
Seguiu-se a resposta mais politicamente correcta que consegui.
Que eles de certa forma avaliavam permanentemente o meu trabalho (o que é verdade) e me ajudavam a melhorar, que "alguém" haveria de tentar saber se eu era boa professora ou não, se me portava bem ou não e fazia muitas coisas pela escola e pela educação, para depois me dar assim uma espécie de nota(s).
Também expliquei que havia regressado "à escola", que ia ter outros professores a avaliar-me. Que era importante os professores terem condições para estudar e fazê-lo (calei o facto de terem deixado de as ter). E acabei a conversa por ali.
Lembrei-me agora de uma notícia que há uns anos fez eco no Público, a propósito de um eminente especialista em história da arte, com renome internacional (provavelmente um ser batalhador, inconformado e incómodo) que se apresentou às provas de agregação, tendo sido chumbado pelos seus pares. O que tem isto de extraordinário? Todos tinham currículo muito inferior ao dele (razão da notícia).
Conheço casos, na universidade portuguesa, de professores com currículos de relevância internacional extraordinária, sistematicamente preteridos nuns diz que são uma espécie de concursos nacionais para aceder a cargos de professores especiais disto e daquilo e coisas que tais. Alguns são convidados a leccionar em universidades de renome no estrangeiro, onde o seu currículo vale simplesmente pelo que é, sem que se lhe acrescente o perfil incómodo que os afasta dos cargos a que teriam direito.
A avaliação pelos pares, embora tenha as suas qualidades e ser necessária, quando feita com critérios burocráticos e com indicadores absurdos (e que por vezes colocará menos aptos a avaliar mais aptos) é uma espécie de perversidade que o modelo de avaliação introduz neste percurso já tão fragilizado da qualidade da docência. Entre outras perversidades. Não há sequer uma maneira poética de dizer isto. Aliás... olhando para trás... que texto mais desmetaforizado e sem estilo este que vos deixo hoje. Estou sem palavras bonitas para falar de coisas feias. Mas pronto.
Diz que é uma espécie de avaliação.
Se a inteligência se sobrepuser aos absurdos, poderemos, mesmo enclausurados no paradigma, encontrar saídas saudáveis e ter, por outro lado, a certeza que este tem os dias contados e não há-de durar para muito...
E construiremos um modelo justo que avalie e simultaneamente promova a qualidade da intervenção do docente e da própria organização em que trabalha.
Não era essa a ideia?» in Correio da Educação N.º 312 05 de Novembro de 2007.
«Diz que é uma espécie de avaliação...
Sabem meninos, todos nós estamos sempre a ser avaliados...
A professora também é avaliada? Como?
Seguiu-se a resposta mais politicamente correcta que consegui.
Que eles de certa forma avaliavam permanentemente o meu trabalho (o que é verdade) e me ajudavam a melhorar, que "alguém" haveria de tentar saber se eu era boa professora ou não, se me portava bem ou não e fazia muitas coisas pela escola e pela educação, para depois me dar assim uma espécie de nota(s).
Também expliquei que havia regressado "à escola", que ia ter outros professores a avaliar-me. Que era importante os professores terem condições para estudar e fazê-lo (calei o facto de terem deixado de as ter). E acabei a conversa por ali.
Lembrei-me agora de uma notícia que há uns anos fez eco no Público, a propósito de um eminente especialista em história da arte, com renome internacional (provavelmente um ser batalhador, inconformado e incómodo) que se apresentou às provas de agregação, tendo sido chumbado pelos seus pares. O que tem isto de extraordinário? Todos tinham currículo muito inferior ao dele (razão da notícia).
Conheço casos, na universidade portuguesa, de professores com currículos de relevância internacional extraordinária, sistematicamente preteridos nuns diz que são uma espécie de concursos nacionais para aceder a cargos de professores especiais disto e daquilo e coisas que tais. Alguns são convidados a leccionar em universidades de renome no estrangeiro, onde o seu currículo vale simplesmente pelo que é, sem que se lhe acrescente o perfil incómodo que os afasta dos cargos a que teriam direito.
A avaliação pelos pares, embora tenha as suas qualidades e ser necessária, quando feita com critérios burocráticos e com indicadores absurdos (e que por vezes colocará menos aptos a avaliar mais aptos) é uma espécie de perversidade que o modelo de avaliação introduz neste percurso já tão fragilizado da qualidade da docência. Entre outras perversidades. Não há sequer uma maneira poética de dizer isto. Aliás... olhando para trás... que texto mais desmetaforizado e sem estilo este que vos deixo hoje. Estou sem palavras bonitas para falar de coisas feias. Mas pronto.
Diz que é uma espécie de avaliação.
Se a inteligência se sobrepuser aos absurdos, poderemos, mesmo enclausurados no paradigma, encontrar saídas saudáveis e ter, por outro lado, a certeza que este tem os dias contados e não há-de durar para muito...
E construiremos um modelo justo que avalie e simultaneamente promova a qualidade da intervenção do docente e da própria organização em que trabalha.
Não era essa a ideia?» in Correio da Educação N.º 312 05 de Novembro de 2007.
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E se não fossem as quotas, ainda poderíamos vislumbrar alguma boa fé neste processo. Poderíamos ser levados a pensar que, este modelo de avaliação, seria um contributo sério, para a avaliação do pessoal docente; mas não, isto está distorcido de base. A ideia é quase puramente economicista, tudo feito à pressa, sem saber sequer se haveria o número de inspectores suficientes, para colocar em prática este processo. Tudo, tudo isto, só visa alimentar, a tão propalada e antes criticada por estes agentes, obsessão orçamental. Só vejo contentes, os professores tecnocratas que já não dão aulas, apenas mandam, não governam, nem coordenam, nem orientam; simplesmente mandam. Muitos deles nem gostavam de dar aulas, nós que já cá andamos há muito tempo sabemos de quem falamos...