«No ano seguinte, 1916, abandonou a direcção literária de «A Águia».
Publicou então «A Beira Num Relâmpago» - a descrição poética de um passeio no primeiro automóvel que houve em Amarante. Pertencia este Fraschini ao Dr. José Vahia. Acompanhavam o Poeta seu irmão Álvaro e um grande amigo - o médico solteirão Dr. Pedro Macedo, que era um homem muito inteligente e cheio de espírito.
O grupo dirigia-se à Quinta do Mosteiro, em Arganil, onde os esperavam os donos da casa - o Dr. Ventura da Câmara e sua mulher, a senhora D. Amélia de Macedo, tia do Dr. Pedro Macedo. O casal não tinha filhos. Ela era muito bonita. Também tinham casa em Lisboa.
Ventura da Câmara costumava reunir-se com os amigos, no Chiado, à porta da Havanesa. Admiravam todas as mulheres que passavam.
Certa vez, um dos amigos chamou-lhe a atenção: «Olha que linda mulher!» Com ar enfastiado, O Dr. Ventura da Câmara responde: «Olha, essa é a minha mulher...»
Um dia, uma irmã do Dr. Pedro Macedo, disse-lhe:
«Ouvi uma conversa. O menino não vai herdar nada da tia Amelinha porque não tem filhos naturais.»
A resposta não se fez esperar: «Então a tia Amelinha pensará que há filhos artificiais?»
O Fraschini atingia a velocidade máxima de 40 Km/hora. De vez em quando era preciso parar para meter água no radiador. mesmo assim, Pascoaes escreve:
«Viajar de automóvel é correr mundo, a cavalo num relâmpago.
«Pessoas, paisagens, vilas, lugarejos, passam por nós numa tal velocidade que as impressões recebidas continuam, em nossa memória, a sua doida cavalgada, numa confusão turbilhonante. A distância que as separa e lhes dá perspectiva é eliminada pelo movimento que as anima, e as suas aparências quase se fundem num todo, caótico e disparatado, que é a forma caricatural da moderna pintura futurista.» in Fotobiografia "Na sombra de Pascoaes" de Maria José Teixeira de Vasconcelos
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