«Evoluir Pela Força
1 – Percebe-se agora, temos vivido em Portugal de forma absolutamente surrealista. Melhor exemplo do que Alberto João Jardim, a defender a sua posição na campanha política em curso na Madeira, não podia existir. Diz Alberto João Jardim que se não fosse o caminho seguido na Madeira ao longo dos últimos anos, leia-se um caminho de investimento baseado num forte aumento do endividamento da região, a Madeira não seria o que é hoje.
2 – Um argumento desta natureza, mesmo que usado em período de campanha eleitoral, é absolutamente desconcertante. Pior ainda, quando sabendo tudo o que sabemos hoje, poucas dúvidas restam de que o caminho seguido em todo o país foi precisamente esse, um caminho de endividamento excessivo que serviu a projecção de um conjunto de políticas e de políticos.
3 – Neste contexto, o acordo com a troika era nada menos que inevitável e por muito que nos custe admitir, absolutamente necessário, em face da incapacidade demonstrada pelo Estado para levar a cabo as reformas necessárias para que Portugal passe a viver de acordo com as suas possibilidades.
4 – O acordo com a troika é um verdadeiro programa de governo, com implicações em diversas áreas, embora com carácter economicista subjacente em todas as suas medidas. A sua aplicação vai doer e é bom que estejamos preparados para isso. Vai doer aos portugueses, no seu conjunto, pela forma como nos vai entrar no bolso todos os dias, vai doer a muitos que vão perder o seu emprego, vai doer a muitos que terão que readaptar as suas prioridades e conceitos de vida, nem que seja pela força.
5 – No campo político, a aplicação do acordo poderá significar uma verdadeira revolução na sociedade portuguesa que alguns partidos terão dificuldade em acompanhar, concretamente o Partido Socialista, se António José Seguro e os demais militantes não adoptarem rapidamente um discurso mais apropriado para a actual situação política e económica.
6 – Como pode o PS criticar o aumento dos preços nos transportes públicos, quando esse aumento faz parte do acordo assinado pela troika e por um governo socialista? Pretende o PS que se fizesse apenas um aumento minimalista que em nada contribuísse para resolver o défice crónico das empresas de transportes? Pretende o PS que os portugueses que não beneficiam dos transportes públicos em causa continuem a financiar os seus prejuízos brutais, ano após ano?
7 – Como pode o PS criticar o negócio feito na venda do BPN, quando foi um governo socialista que abordou de forma absolutamente errada a problemática do banco? Como pode alguém vir criticar o actual Governo pelo facto de a venda implicar a recapitalização do banco em cerca de 500 milhões de euros, quando antes o Estado já injectou cerca de 2.000 milhões de euros no BPN, sem que isso tenha servido para resolver o problema?
8 – Como pode o PS manter a critica de que o actual Governo não corta na despesa como deveria cortar, quando a tomada de posse foi há pouco mais de um mês e quem de facto se revelou incapaz de cortar na despesa foi um Governo socialista ao longo de seis longos anos? O Partido Socialista não pode cair na tentação de defender tudo e o seu contrário, qual Bloco de Esquerda, porque enquanto maior partido da oposição faz parte da solução e não do problema.
9 – Num momento em que por força do programa acordado com a troika e também por força da natureza dos partidos que formam a coligação de Governo, Portugal se apresta para ver concretizadas algumas políticas que podem mudar o país tal como o conhecemos hoje, exige-se a todos que não falhem. Devemos exigir aos actores políticos que não desperdicem esta oportunidade de mudança, mantendo velhos hábitos de combate político aos quais os portugueses também devem aprender, definitivamente, a dizer não. Sob pena de continuarmos a evoluir apenas pela força.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 4 Agosto 2011» in http://simaomarinho.blogspot.com/2011/08/evoluir-pela-forca.html
1 – Percebe-se agora, temos vivido em Portugal de forma absolutamente surrealista. Melhor exemplo do que Alberto João Jardim, a defender a sua posição na campanha política em curso na Madeira, não podia existir. Diz Alberto João Jardim que se não fosse o caminho seguido na Madeira ao longo dos últimos anos, leia-se um caminho de investimento baseado num forte aumento do endividamento da região, a Madeira não seria o que é hoje.
2 – Um argumento desta natureza, mesmo que usado em período de campanha eleitoral, é absolutamente desconcertante. Pior ainda, quando sabendo tudo o que sabemos hoje, poucas dúvidas restam de que o caminho seguido em todo o país foi precisamente esse, um caminho de endividamento excessivo que serviu a projecção de um conjunto de políticas e de políticos.
3 – Neste contexto, o acordo com a troika era nada menos que inevitável e por muito que nos custe admitir, absolutamente necessário, em face da incapacidade demonstrada pelo Estado para levar a cabo as reformas necessárias para que Portugal passe a viver de acordo com as suas possibilidades.
4 – O acordo com a troika é um verdadeiro programa de governo, com implicações em diversas áreas, embora com carácter economicista subjacente em todas as suas medidas. A sua aplicação vai doer e é bom que estejamos preparados para isso. Vai doer aos portugueses, no seu conjunto, pela forma como nos vai entrar no bolso todos os dias, vai doer a muitos que vão perder o seu emprego, vai doer a muitos que terão que readaptar as suas prioridades e conceitos de vida, nem que seja pela força.
5 – No campo político, a aplicação do acordo poderá significar uma verdadeira revolução na sociedade portuguesa que alguns partidos terão dificuldade em acompanhar, concretamente o Partido Socialista, se António José Seguro e os demais militantes não adoptarem rapidamente um discurso mais apropriado para a actual situação política e económica.
6 – Como pode o PS criticar o aumento dos preços nos transportes públicos, quando esse aumento faz parte do acordo assinado pela troika e por um governo socialista? Pretende o PS que se fizesse apenas um aumento minimalista que em nada contribuísse para resolver o défice crónico das empresas de transportes? Pretende o PS que os portugueses que não beneficiam dos transportes públicos em causa continuem a financiar os seus prejuízos brutais, ano após ano?
7 – Como pode o PS criticar o negócio feito na venda do BPN, quando foi um governo socialista que abordou de forma absolutamente errada a problemática do banco? Como pode alguém vir criticar o actual Governo pelo facto de a venda implicar a recapitalização do banco em cerca de 500 milhões de euros, quando antes o Estado já injectou cerca de 2.000 milhões de euros no BPN, sem que isso tenha servido para resolver o problema?
8 – Como pode o PS manter a critica de que o actual Governo não corta na despesa como deveria cortar, quando a tomada de posse foi há pouco mais de um mês e quem de facto se revelou incapaz de cortar na despesa foi um Governo socialista ao longo de seis longos anos? O Partido Socialista não pode cair na tentação de defender tudo e o seu contrário, qual Bloco de Esquerda, porque enquanto maior partido da oposição faz parte da solução e não do problema.
9 – Num momento em que por força do programa acordado com a troika e também por força da natureza dos partidos que formam a coligação de Governo, Portugal se apresta para ver concretizadas algumas políticas que podem mudar o país tal como o conhecemos hoje, exige-se a todos que não falhem. Devemos exigir aos actores políticos que não desperdicem esta oportunidade de mudança, mantendo velhos hábitos de combate político aos quais os portugueses também devem aprender, definitivamente, a dizer não. Sob pena de continuarmos a evoluir apenas pela força.
"IM_Pressões de Direita" in Jornal de Amarante de 4 Agosto 2011» in http://simaomarinho.blogspot.com/2011/08/evoluir-pela-forca.html
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