08/08/11

Natureza - Rãs preferem machos que cantem mas não exagerem!

«Rãs preferem machos que cantem mas não exagerem



Num estudo publicado na revista Science, realizado com fêmeas de uma espécie de rã da América do Sul, verificou-se que à medida que os chamamentos dos machos se tornam mais complexos, as fêmeas perdem a capacidade de os distinguir. Desta forma, os autores concluíram que a capacidade cognitiva das fêmeas pode limitar a evolução dos machos no que respeita aos seus comportamentos para atrair as fêmeas para o acasalamento.
Uma investigação realizada por Karen Akre, da Universidade do Texas, estudou o chamamento para o acasalamento da rã Physalaemus pustulosus, da América Latina. Este estudo comprovou que as fêmeas preferem aqueles que coaxam mais mas, só até um determinado ponto. 
A equipa descobriu que as fêmeas perdem a capacidade de detectar as diferenças dos chamamentos de acasalamento dos machos quando se tornam demasiado elaborados. “Demonstrámos que o cérebro desta rã fêmea evoluiu para processar algum tipo de informação mas não outro”, refere Mike Ryan, professor da Universidade de Austin, no Texas, que integrou o estudo. “Isto limita a evolução desses sinais.”
Os autores do estudo dão o exemplo. Se olharmos para um grupo de 5 laranjas próximo de um grupo de 6, apenas com um olhar rápido conseguimos verificar que um grupo tem mais uma laranja do que outro. Contudo, se tivermos um grupo de 100 laranjas junto a um de 101 é pouco provável notarmos a diferença. Isto é conhecido como a Lei de Weber que afirma que os estímulos são comparados com base em diferenças proporcionais e não em diferenças absolutas.
Através de uma série de experiências conduzidas no Panamá, Ryan e os seus colegas de equipa verificaram que os machos juntam-se em grandes grupos para atrair as fêmeas. O seu chamamento inicia-se com um coaxar longo seguido por um ou mais “croacs” curtos. À medida que os machos elaboram o seu chamamento adicionado mais “croacs” a sua atractividade diminui devido às restrições perceptuais das fêmeas.
Os “croacs” destes machos também atraem um predador: o morcego. Para confirmar que a complexidade dos chamamentos dos machos não era limitada por este predador os investigadores também estudaram como os morcegos respondem a “croacs” adicionais.
Verificaram que também os morcegos escolhem as suas presas com base no tipo de chamamentos realizados. Os machos que realizam os chamamentos mais complexos, apresentam menor risco de serem predados. “É pouco provável que seja o risco de ser predado a limitar a evolução do chamamento,” refere Karin Akre, da mesma universidade. “É a capacidade cognitiva das fêmeas que limita a evolução.”
Apesar de se tratarem de duas espécies diferentes, desenvolveram comportamentos semelhantes relativamente ao mesmo sinal, o que foi considerado por um dos investigadores como “surpreendente”.

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