Grupo internacional responsável pela gestão do sincronismo do relógio atómico com a rotação da Terra decidiu 'descontinuar ' a aplicação do segundo intercalar, algo que tem vindo a ser pedido por algumas das maiores empresas de tecnologia.
As entidades responsáveis pela manutenção do tempo e do sincronismo dos relógios reuniram-se na sexta-feira passada para votar o futuro do segundo intercalar – um ajuste de um segundo que tem como objetivo ajustar a hora mantida por uma rede de relógios atómicos à hora solar do planeta, calculada segundo a rotação da Terra. O Gabinete Internacional de Pesos e Medidas (BIPM na sigla em francês) decidiu que a aplicação do segundo intercalar, que tem sido aplicado nos últimos 50 anos para sincronizar os relógios atómicos, deve terminar.
O organismo alertou que “a introdução de segundos intercalares cria descontinuidades que trazem o risco de causar avarias sérias em infraestruturas digitais críticas”, elencando os sistemas de navegação por satélite, telecomunicações e transmissão de energia como algumas das ‘vítimas’. A recomendação é de que o fim do segundo intercalar aconteça em 2035, mas não se exclui a possibilidade de acontecer mais cedo. O BIPM recomenda que a nova política esteja em curso durante um século.
A decisão surge em linha com as preocupações já levantadas por algumas das principais tecnológicas: por exemplo, em agosto, a Meta (ex-Facebook) tinha pedido o fim do segundo intercalar, alertando para o efeito de aumento de complexidade desta alteração no desenvolvimento e manutenção de software. Um painel de peritos em medições e tecnologia, assim como cientistas de outras áreas ouvidos pelo BIPM têm uma opinião semelhante.
Nos últimos anos, o segundo intercalar tem sido a causa para algumas disrupções de serviços tecnológicos, como o da Reddit em 2012, da Mozilla, LinkedIn, Yelp e Amadeus nos anos seguintes, e em 2017 na Cloudflare, que afetou depois vários dos seus clientes, segundo a publicação CNet.
O segundo intercalar consiste numa adição artificial aos relógios para compensar o abrandamento da rotação da Terra. Agora, sabe-se que o planeta está na verdade mais rápido, o que leva à conclusão de que o segundo intercalar tem de ser removido, algo que nunca foi testado. A BIPM deixa a porta aberta a ajustes, mas a decisão é de que o segundo intercalar não seja mais adcionado ao Tempo Universal Coordenado (UTC).» in https://visao.sapo.pt/exameinformatica/noticias-ei/ciencia-ei/2022-11-21-esta-decidido-o-segundo-intercalar-tem-os-dias-contados/