«Quais os empregos que precisarão de trabalho humano daqui a dez anos
Estudo apresentado na Austrália aponta para o reforço dos meios digitais e da automação. Há tendências identificadas e operador de veículos por comando remoto é uma profissão de futuro.
Ese, em 2035, uma das funções com maior número de ofertas de emprego fosse, por exemplo, operador de veículos por controlo à distância? Os desafios no mercado de trabalho são permanentes e representam exigências que evoluem a cada dia que passa. Um estudo da CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) apresentado na Austrália pela ministra do Trabalho, Michaelia Cash, em plena conferência da Sociedade de Computadores, aponta precisamente neste sentido, segundo revelou o diário britânico “The Guardian”. Cash referiu mesmo a inevitabilidade de alguns trabalhos “se tornarem automatizados nos próximos anos”, embora realçasse uma outra ideia: “A verdade é que o recurso à tecnologia servirá para melhorar outros empregos e até para diversificar trabalhos e oportunidades.”
Para a governante australiana, aquilo que o futuro representa não é um “concurso entre pessoas e máquinas”, mas “a utilização que as pessoas farão das máquinas para terem à disposição um tipo de trabalho que será mais interessante e mesmo gratificante”.
De acordo com o relatório, Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemáticas (que, em inglês, corresponde à sigla STEM) representam as áreas de conhecimento usadas em três quartos das vagas de emprego que mais crescimento têm registado.
O relatório identifica seis tendências principais no que diz respeito ao mercado de trabalho, sublinhando “uma explosão na conectividade entre dispositivos, volumes de informação e velocidade de ligação dos computadores em conjugação com os mais velozes progressos dos sistemas automatizados e da inteligência artificial”. Tudo isto para obter um resultado: “Aparelhos de robótica que sejam capazes de desempenhar inúmeras tarefas com maior rapidez, segurança e eficiência por comparação com os seres humanos.”
Uma das questões é que este caminho de reforço da automatização terá custos, designadamente, conforme refere o diário britânico, no capítulo da complexidade de tarefas para cada trabalhador. “Muitos empregos menos qualificados estão a ser alvo de deslocalização ou automatização. A primeira consequência é a elevação da fasquia em termos qualitativos e educacionais para aceder a diversas profissões”, resume o documento.
Empreendedores e ‘freelancers’
O relatório deixa ainda indicações positivas quanto a outras possibilidades, mesmo sublinhando que o emprego ideal não existe e que poderá ter de ser o próprio trabalhador a criá-lo. “Capacidades na área do empreendedorismo apresentam-se como cada vez mais importantes para criadores de pequenos negócios e empregados num contexto de grandes organizações”, lê-se no relatório.
A via dos ‘freelancers’ é outra que pode ser percorrida, conforme já acontece, em maior escala, nos Estados Unidos, onde um em cada três trabalhadores é um empresário por conta própria.
Indústrias como a dos serviços, em particular nos sectores da educação e da saúde, vão continuar a estimular a criação de emprego, significando isso que “qualidades no campo da interacção social e da inteligência emocional vão ser cada vez mais determinantes”.
A mensagem transmitida pela ministra australiana visava alertar os compatriotas no sentido de que, “mais do que nunca, a educação e a preparação são peças fundamentais para o sucesso no mercado de trabalho”. E adiantava: “Em 2019, o número de empregos disponíveis para trabalhadores com elevados níveis de qualificação tem uma estimativa que representa o dobro dos que estavam à disposição em 1991.”
O estudo refere que as tendências na área do emprego vão gerar novos tipos de trabalho, admitindo que estes possam englobar “mais especialistas na análise de dados, analistas de apoio a decisões com o mais elevado grau de complexidade, operadores de veículos com controlo à distância, especialistas no sector do consumo, pessoal de apoio no campo da saúde e controladores de online”. “O crescimento no uso de veículos que operam sob controlo remoto está a contribuir para o surgimento de outro tipo de pilotos, condutores e operadores de barcos que não têm necessidade de desempenhar a sua missão no ar, no mar ou em minas, mas num escritório através de simples comando à distância”, exemplifica o documento.
No final do ano passado, em discurso sobre a produtividade no trabalho, Dave Oliver, membro do Conselho Australiano dos Sindicatos, avisou: “As mudanças extremas representadas pelo progresso tecnológico estão a resultar num cada vez mais profundo, mais vasto e mais permanente esvaziamento do mercado de trabalho. Apesar dos enormes benefícios das novas tecnologias, queremos evitar, de forma desesperada, a queda num mercado de trabalho que force os funcionários a competir entre si de modo brutal ao estilo de um leilão no eBay por pequenas parcelas de emprego”, informou. “O desafio para todos nós - sindicatos, empregadores, reguladores e governos - reside em aproveitar as oportunidades que a tecnologia proporciona e fazê-las funcionar a favor, em vez de contra, os interesses dos trabalhadores”, defendeu.» in http://economico.sapo.pt/noticias/quais-os-empregos-que-precisarao-de-trabalho-humano-daqui-a-dez-anos_244460.html