Fernando Pascoal Neves faria 77 anos esta segunda-feira.
Pavão escreve-se com S maiúsculo, S de saudade. Glória e drama fundem-se na breve história de um grande guerreiro transmontano, que a morte levou aos 26 anos. Toda a mística de Pavão é balizada por ilustres portistas: António Feliciano descobriu-o nas ruas de Chaves, Artur Baeta lutou com toda a alma para o trazer para o Porto, José Maria Pedroto faria dele o estratega inspirado que limitaria quase ao extremo o fosso de desigualdades na luta pelos títulos.
Foi, é e será difícil falar de Pavão, a primeira morte súbita nos estádios portugueses. Caiu fulminado no minuto 13 da jornada 13, num dia de bola nas Antas, triste dia que escureceu subitamente, à notícia da sua morte, anunciada depois de uma vitória por comemorar. Tristeza que nunca mais teve fim.
Pavão era Fernando, até um ser inspirado lhe colocar o mais galante dos rótulos: a forma como ultrapassava adversários em cadeia, sempre de braços abertos, ficou como intrigante e graciosa imagem e apelido desse rapaz que, um mês depois de completar 19 anos, liderava insuspeitamente as tropas de Flávio Costa, numa flamante vitória sobre o Benfica, em que Pavão já exerceu a influência dos predestinados.
Infatigável e erudito, capaz de reprimir linhas de adversários e desarmar, com assistências de príncipe, as melhores estratégias, Pavão viria a emancipar-se definitivamente através da visão de José Maria Pedroto. Visão e visionário em sintonia perfeita, a sintonia harmoniosa que só traz boas memórias antes da morte.
A qualidade do seu jogo permanecerá flutuante no imaginário do Dragão, e os limites dessa memória só atraem superlativos: transmontano de raça, lutador implacável, futebolista cerebral, de qualidade técnica superior e passe adocicado e letal, Pavão caiu prostrado numa das mais perversas partidas que o destino pode pregar. A lenda nasceu no próprio dia, porque ele era a parte mais bela da essência do futebol. Alguém que ousava arredondar todos os caminhos, esculpindo jogadas com o nome do futebol.
Épocas no FC Porto: 9
Jogos: 229
Golos: 25
Títulos: Taça de Portugal 1967/68
Outros clubes: Desportivo de Chaves (camadas jovens)
Seleção Nacional de Portugal: 6 internacionalizações» in https://www.fcporto.pt/pt/noticias/20240812-pt-pavao-escreve-se-com-s
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