Os machos da espécie Dasyurus hallucatus, com o nome comum quoll-do-norte, têm uma vida mais curta do que as fêmeas porque preferem sexo a sono, conclui um estudo australiano.
Pretende partilhar este texto? Utilize as ferramentas de partilha que encontra na página de artigo. Todos os conteúdos da VISÃO são protegidos por Direitos de Autor ao abrigo da legislação portuguesa. Apoie o jornalismo de qualidade, não partilhe violando Direitos de Autor.
Um grupo de investigadores australianos descobriu que os marsupiais Dasyurus hallucatus machos – ou quoll-do-norte – sacrificam o sono a favor do sexo, o que pode ajudar a entender as causas das suas mortes precoces.
Esta espécie é conhecida por serem os maiores mamíferos com a estratégia de reprodução de semelparidade, que se caracteriza por ter apenas um evento reprodutivo ao longo da vida. Isto significa que os machos acabam por morrer após uma temporada de acasalamento, enquanto que as fêmeas, apesar de reproduzirem só uma vez, vivem mais, até quatro anos.
Os investigadores acompanharam os mamíferos nas suas atividades em Groote Eylandt, a maior ilha do Golfo, durante sete semanas. Na revista revista Royal Society Open Science, os especialistas escreveram que, dos dados recolhidos de sete machos e seis fêmeas, os machos descansavam apenas cerca de 8% do tempo, enquanto as fêmeas passavam três vezes mais tempo a repousar: 24% do tempo.
Além disso, os machos passam muito mais tempo em movimento: especificamente dois quolls andaram 10,4 km e 9,4 km numa noite, o equivalente a um humano caminhar cerca de 35 a 40 quilómetros, estimam os especialistas. Os machos Dasyurus hallucatus podem pesar até 600 gramas e atingir o tamanho de um pequeno gato doméstico.
“Os machos estão a investir toda a sua energia em … procurar as fêmeas, porque é assim que maximizam o sistema reprodutivo. Mas eles simplesmente não descansam no meio”, analisa Christofer Clemente, coautor do estudo.
Apesar de estas descobertas serem importantes, os investigadores não podem afirmar se a privação do sono é tecnicamente a culpada das mortes precoces, mas acreditam que pode ser responsável por um desgaste gradual dos machos. Isto “poderia explicar as causas de morte registadas nos machos após a época de reprodução (por exemplo, eles tornam-se presas mais fáceis, incapazes de evitar colisões ou morrem de exaustão)”, escreveram.
Os especialistas concluem afirmando que, se estes mamíferos efetivamente renunciam o sono em função da sua sobrevivência, são uma espécie “excelente” para demonstrar como a privação do sono afeta as funções do corpo.» in https://visao.sapo.pt/visao_verde/ambiente/2023-02-01-o-marsupial-que-deixa-de-dormir-para-procriar-e-que-por-causa-disso-morre-mais-cedo/