«MAIS DE 90% DO LIXO ENCONTRADO NAS PRAIAS PORTUGUESAS É PLÁSTICO
A grande maioria (90%) do lixo marinho encontrado nas praias portuguesas é plástico, e quase todo mais pequeno do que uma tampa de garrafa, o que dificulta a sua identificação para posterior remoção.
“A quantidade que existe de lixo de pequenas dimensões é muitíssima, porque resulta em grande parte da fragmentação dos objetos maiores que andam na água há muito tempo e vão ficando quebradiços”, transformando-se em “incontáveis partículas” de dimensões muito reduzidas e “muito difíceis de remover”, disse a investigadora Paula Sobral do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
Paula Sobral falava a propósito da I Conferência Portuguesa sobre lixo marinho, promovida pela Associação Portuguesa de Lixo Marinho (APLM) e pelo MARE, que decorrerá entre quinta e sábado, na Faculdade de Ciências de Lisboa.
O lixo marinho consiste numa “ampla variedade de materiais”, como plástico, metal, madeira, borracha, vidro, têxteis e papel, e constitui uma “ameaça de dimensões globais, com efeitos negativos em inúmeras espécies de peixes, mamíferos marinhos, aves e tartarugas”, segundo os investigadores. Mas a maior prevalência é o plástico, porque é uma matéria que se degrada “muito lentamente e dura muito tempo no oceano”, explicou Paula Sobral.
A 25 de maio, um relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEA) dava conta da "má qualidade" de três zonas balneares, duas delas na Região Autónoma da Madeira, ainda que Portugal esteja acima da média europeia com 84,5% de zonas balneares com qualidade excelente.
Agora, os investigadores alertam para os “impactos estéticos, económicos e sociais” do lixo marinho, uma vez que, por ação das correntes marítimas, ondas, ventos e águas da chuva, pode viajar grandes distâncias.
“Ninguém quer estar numa praia que esteja suja”, disse Paula Sobral, observando que “os municípios costeiros gastam milhões de euros a limpar as praias, sobretudo na época balnear”.
Aves morrem com estômago cheio de plástico
Este problema também tem impacto sobre “os navios, que encontram lixo, redes abandonadas, etc., que lhes podem danificar as hélices, o que representa perdas para a economia, perdas para a pesca”, e também sobre os “animais aquáticos”, que ingerem esses materiais. “Há aves marinhas que acabam por morrer com o estômago cheio de pedaços de plástico, mas também com isqueiros, escovas de dentes e outras coisas”, elucidou.
Segundo Paula Sobral, “a maioria do lixo que circula no oceano provém das atividades que são desenvolvidas em terra, sendo transportado pelos rios” até ao mar.
O lixo marinho tem uma distribuição global no ambiente, sendo que, em termos de proporção, 15% é encontrado nas praias e nas zonas costeiras, 15% à superfície e na coluna de água, e os restantes 70% estão longe da vista, no fundo do mar.
O tempo de degradação do lixo marinho é variável, sendo muito elevado no caso do plástico ou do vidro.
Os investigadores dão como exemplos uma garrafa de vidro que demora um milhão de anos a degradar-se, um fio de pesca (600 anos), uma garrafa de plástico (450 anos) e uma fralda descartável (450 anos).
“É um problema que nos afeta a todos e é um problema para o qual todos já contribuímos de alguma maneira e que só unindo esforços e sentando-nos à mesma mesa, criando parcerias em torno do mesmo objetivo, é que será possível contrariar esta tendência e eventualmente reduzir o problema do lixo marinho”, sublinhou.
O primeiro passo para que esta parceria possa acontecer será dado no final da conferência, com a leitura de uma carta de compromisso para reduzir os impactos do lixo marinho, avançou Paula Sobral.» in http://lifestyle.sapo.pt/saude/noticias-saude/artigos/mais-de-90-do-lixo-encontrado-nas-praias-portuguesas-e-plastico?pagina=2
Sopa Plástica: o Lixão do Oceano Pacífico (Fantástico - Globo)
(Jovem cria técnica que remove todo o plástico do oceano)
Mar de plastico (b.s.o) Helena Goch (Nonsense)