«Monóptero de São Gonçalo
IPA.00000692
Arquitetura religiosa, maneirista. Nicho de planta circular composto por soco com vários degraus, sobre o qual assentam seis plintos paralelepipédicos com colunas salomónicas, de capitéis jónicos, sobrepostas por entablamento e remate em platibanda balaustrada, encobrindo o arranque da cobertura em cúpula que, no interior, cobria a imagem central. A construção inspira-se nos templetes clássicos.
Número IPA Antigo: PT010408120037
Descrição
Planta circular composta por soco formado por quatro degraus, com toro e escócia invertidos, sobre o qual se dispõem seis plintos paralelepipédicos, com o remate das faces laterais mais largo e a face posterior menos cuidada, onde assentam seis colunas salomónicas, de 1.90m de altura, de capitéis jónicos. Nas colunas, apoia-se duplo entablamento circular, de 3.00m, com vários frisos e cornijas, mais salientes no enfiamento das colunas, sobre o qual se desenvolve platibanda em balaustrada de cantaria, com acrotérios no alinhamento das colunas, constituindo o remate superior. A balaustrada encobre o arranque de uma cúpula semi-destruída, em tijolo, com vestígios de reboco. No interior, encostados a cada plinto surgem elementos de cantaria frontalmente afeiçoados e perece terem existido bancos de cantaria. Possui pavimento de lajes tendo ao centro uma cavidade rectangular, de 0.87 x 0.58, onde estaria implantada a base da imagem de São Gonçalo.
Acessos
Largo da Quinta Nova, Quinta da Nogueira
Protecção
MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 647/2012, DR, 2.ª série, n.º 212, de 02 novembro 2012
Grau
1 – imóvel ou conjunto com valor excepcional, cujas características deverão ser integralmente preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Monumento Nacional.
Enquadramento
Rural, isolado, nas proximidades da Ribeira de São Gonçalo. Insere-se no Lg. da Quinta Nova, na confluência com a Quinta da Nogueira, a qual é envolvida por altos muros e conserva dois altos portais de acesso. O monóptero implanta-se adaptado ao declive do terreno, envolvido por área circular pavimentada a pedras soltas miúdas, sendo enquadrado por árvores de grande porte; na proximidade, existe uma pequena construção.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Religiosa: nicho
Utilização Actual
Cultural e recreativa: marco histórico-cultural
Propriedade
Privada: pessoa singular
Época Construção
Séc. 17 / 18 (conjectural)
Cronologia
Séc. 15 - A "Villa" de Mogadouro passa a ter como donatário os Távoras; 1571, 8 Junho - nas casas em que repousava Luís Álvares de Távora, do Conselho do Rei e Senhor da vila de Mogadouro, autorizou com D. Filipa de Vilhena, a construção de uma ermida na sua Quinta de Negrão Frio, no termo da vila de Penas Róias, com invocação de São Gonçalo, onde se pudesse dizer missa, pelo ermitão da ermida de Santiago do termo da vila de Mogadouro, Fernando Álvares; para se poder refazer e consertar a capela quando necessário, os senhores hipotecavam tudo o que na altura rendia a dita quinta de Negrão Frio e as outras duas terras que estavam junto da quinta, estipulando também que os ditos senhores e seus sucessores do morgado sejam sempre padroeiros da dita ermida, podendo apresentar ermitão depois do falecimento de Fernando Álvares e tirá-los quando quisessem, não podendo Fernando Álvares pôr em sua vida ali outro ermitão; Fernando Álvares aceitou a doação e comprometeu-se a fazer a capela na quinta à sua própria custa; posteriormente, um documento da História do Bispado de Miranda refere que dentro da propriedade da Casa de Távora ficou a dita igreja que se mandou arruinar ficando somente a capela-mor, que de momento serve para se recolherem os gados e em memória da devoção que os lugares vizinhos tinham ao santo, erigiu o Senhor um "capitel" sobre colunas salomónicas em que está a imagem de São Gonçalo, obra de alabastro, mas com a impossibilidade de nela se dizer missa; séc. 17 / 18 - provável construção do monóptero pelos Távoras, dedicado a São Gonçalo, possivelmente para abrigo de caçadores, onde estes oravam e agradeciam a caçada, na confluência da Quinta da Nogueira, no tempo uma reserva de caça grossa, e a Quinta Nova, mas onde era impossível dizer-se missa, conforme o documento refere; 1958 - segundo Moraes Machado "até mesmo a estátua do famoso patrono, esculpida em dura e escura pedra, desapareceu em época recente..."; 1993, 21 junho - proposta de classificação de particular; 26 agosto - proposta de abertura do processo de classificação da DRPorto; 31 agosto - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2001, 29 junho - proposta da DRPorto para a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2011, 18 abril - nova proposta da DRCNorte para a classificação como Monumento de Interesse Público e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 05 dezembro - parecer favorável à classificação do imóvel e estabelecimento de Zona Especial de Proteção da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 14 março - Anúncio n.º 5711/2012, DR, 2.ª série, n.º 53, do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respectiva Zona Especial de Protecção.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura em cantaria de granito; cobertura em cúpula de tijolo revestida superiormente a argamassa e interiormente rebocada; pavimentos e degraus em granito.
Bibliografia
ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico - Históricas do Distrito de Bragança, vol. 10; Guia de Portugal, vol. 5, Coimbra, 1988; MACHADO, Casimiro de Moraes, O Culto do Beato Fr. Gonçalo de Amarante, Boletim da C. de Etnografia e História, série VII - VIII, Porto, 1958; MOURINHO, António Rodrigues, Documentos para o estudo da arquitectura religiosa na antiga diocese de Miranda do Douro - Bragança, 1545 a 1800, s.l., Tipalto - Tipografia do Planalto, Lda. 2009.
Observações
A imagem que dizem ter existido no centro da construção terá sido roubada e levada para uma aldeia das redondezas.
Autor e Data