Há já algum tempo que não via este vulto da cultura amarantina, o Sr. A. Magalhães... diz-me que lhe fez falta o comboio, pois a mobilidade entre Passinhos e Amarante, tornou-se mais difícil e cara para as populações, de Passinhos e Vilarinho, nas deslocações até ao centro de Amarante.
Este Senhor, cronista em vários jornais locais, desde a saudosa "Flôr do Tâmega", ex-trabalhador da Construtora do Tâmega, escreve e escreveu sempre por Amor, dito por ele.
Não são os bens materiais que levaram este Senhor a escrever à noite as suas Crónicas e Poemas, depois de pesados dias de trabalho.
Excelente conversador, eu era desde pequeno um ouvinte atento entre as conversas dele e do meu falecido Pai, no "Nosso Café".
Homem com ideais de esquerda, cuja vida simples e exemplar, conferiu uma coerência pouco comum, à ligação teoria-práxis da sua ideologia.
Um cronista excelente, com milhares de crónicas, das quais se poderiam editar obras literárias de excelente quilate.
Leio desde pequeno os seus textos, guiado pelo Meu Pai, que igualmente muito apreciava a escrita e o carácter do Sr. A. Magalhães. Na minha opinião, a crónica não é de forma alguma um parente menor da literatura.
Ninguém imagina o esforço semanal de contar uma história, narrar um estado de alma, colocar em escrita um sentimento complexo... em poucas linhas...
Pesquisando um pouco sobre a categorização da crónica, gostei especialmente da caracterização da Wikipédia:
«A cronica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à cronica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.
Há semelhanças entre a cronica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da cronica.
Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.
Com base nisso, pode-se dizer que a cronica situa-se entre o jornalismo e a literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.
A cronica na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a cronica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam.
Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.
Em resumo, podemos determinar cinco pontos:
Narração histórica pela ordem do tempo em que se deram os fatos.
Secção ou artigo especial sobre literatura, assuntos científicos, desporto, etc., num jornal ou outro periódico.
Pequeno conto baseado em algo do quotidiano.
Normalmente possui uma crítica indireta.
Muitas vezes a cronica vem escrita em tom humorístico.» in
wikipedia.
Foi uma honra e um gosto levar a Minha Mãe e a Minha Filha a Passinhos, para visitar esta encantadora personagem.
Em cima podemos ver um verso dedicado ao Sr. A. Teixeira da Silva, no livro de Poesia escrito pelo escritor Amarantino, de Fregim, José Dinis, no livro "Os Meus Primeiros Versos", editado em 1964, com o título de "Manhã de Outono!", em consequência de uma grande amizade que os unia.
Amarante é, foi e será uma terra de grande inspiração literária, com muita gente que merece ser estudada, com obra publicada ou a publicar... O Sr. A. Magalhães, na casa dos 90 anos, prometeu um livro lá para o Outono! Anseio a sua aparição!