«Entre-os-Rios: Tragédia foi há 7 anos
O sétimo aniversário da queda da Ponte Hintze Ribeiro, que colapsou a 4 de Março de 2001, vitimando 59 pessoas, assinala-se hoje no local do acidente. Familiares já não acreditam que se faça justiça.
O colapso da ponte de Entre-os-Rios matou os 59 ocupantes de um autocarro e de três automóveis ligeiros que passavam no tabuleiro na altura do acidente. Faz hoje sete anos.
Famílias desistem de indemnizações
"Somos pessoas de bem, sabemos quando devemos parar. A nossa intenção é proteger as pessoas de um processo longo e com poucas possibilidades de sucesso, afirmou o presidente da AFVTE-R, recordando um acórdão do Tribunal de Castelo de Paiva de Outubro de 2006 que "não condenou, nem imputou culpas a ninguém pelo colapso da ponte.
Os familiares das 59 vítimas mortais da tragédia de Entre-os-Rios não acreditam numa justiça que em sete anos não conseguiu encontrar culpados pela queda da ponte. Por isso, desistiram de pedir qualquer indemnização ao Estado.
"Não vamos pedir nenhuma indemnização ao Estado. Chegamos a equacionar pedir uma indemnização simbólica, para que o tribunal dissesse que o Estado teve responsabilidades, mas concluímos que seria um caso muito longo, com poucas possibilidades de sucesso, atendendo ao passado deste processo", disse à Lusa o presidente da AFVTE-R.
Uma decisão que "tem o acordo" de todas as famílias das vítimas, sublinhou o responsável.
A Associação de Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios (AFVTE-R) assinala a data com uma missa e a deposição de uma coroa de flores em memória das vítimas.
Deverá ser ainda efetuada uma visita ao futuro Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em Risco, referiu à Lusa o presidente da associação, Horácio Moreira.
O apoio a crianças em risco é a grande aposta da AFVTE-R, uma instituição particular de solidariedade social que foi criada para defender os interesses das famílias das vítimas.
“Esperamos que as obras estejam concluídas em Julho e que as primeiras crianças possam começar a ser recebidas no centro em Setembro”, salientou o presidente da associação.
O centro, que será o maior do Vale do Sousa, está a ser construído em Oliveira do Arda, na freguesia de Raiva, onde moravam 34 das 59 vítimas mortais da tragédia ocorrida na noite de 4 de Março de 2001.
Fazer o luto
Sete anos depois da tragédia, há famílias que nunca conseguiram fazer o luto, por falta dos corpos que nunca apareceram, apesar das intensas buscas.
Estas famílias continuam a reclamar apoio psicológico para ultrapassar o luto que não puderam fazer.
“As necessidades de ajuda psicológica são mais do que evidentes. Se há pessoas que estão a pagar consultas do seu próprio bolso, é porque precisam mesmo dessa ajuda”, afirmou Horácio Moreira.
O presidente da AFVTE-R que perdeu pai e mãe no acidente, salientou que a maioria das pessoas que ainda necessitam de apoio psicológico “são familiares das vítimas cujos corpos nunca foram encontrados”.
Entretanto, o apoio psicológico que estava a ser assegurado por uma psicóloga contratada pelo Ministério da Saúde terminou em Outubro de 2007, por não ter sido renovado o contrato com aquela especialista.
“Foi uma decisão de gabinete, sem o mínimo conhecimento da situação”, denunciou Horário Moreira, recordando que “a psicóloga não foi ouvida e a associação também não, apesar de serem os que melhor conhecem a realidade”.
A este problema não é alheio o presidente da Junta de Freguesia de Raiva, António Rodrigues, onde residiam 34 das 59 vítimas do acidente.
“Isto não é justo. Há pessoas ainda com muitas dificuldades”, admitiu o autarca, salientando que essas pessoas “estão muito debilitadas e sentem grandes dificuldades para reatar o seu dia-a-dia”.
“Não estamos a pedir dinheiro, mas apenas ajuda psicológica para estas pessoas que tanto sofreram”, frisou.» in http://q3.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ae.stories/8635
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Não posso jamais esquecer esta penosa data, em que 59 pessoas de Castelo de Paiva perderam a sua vida, duma forma brutal e pior do que isso, desnecessária! Sim, porque depois do trágico acontecimento alguém do poder disse que tinham que haver culpados... já lá vão sete anos e nada! Entretanto os senhores que ficam sempre bem passeiam-se pelas empresas privadas com gordos ordenados, neste país em que se salta do público para o privado, só por casualidade, nada de negociatas implícitas, nada, é tudo gente que serve o país, não se serve dele! Como dei aulas nessa terra, Castelo de Paiva, nos anos imediatamente anteriores a essa tragédia e como gostei muito desses alunos, dessa gente e passei muitas vezes nessa ponte a abanar, aqui deixo a minha singela homenagem. O mais triste disso tudo, é que se aquele ano não tivesse sido tão chuvoso, a ponte ainda era a mesma. Mas como houve mortes por manifesta negligência no tocante à manutenção da ponte centenária, construída para o trânsito de carroças puxadas a cavalos, fizeram-se duas. Neste país é preciso morrer gente para se agir, triste sina a nossa!
A seguinte apresentação, cujas fotografias foram gentilmente cedidas pela minha colega e amiga, Anabela Magalhães, retrata a violência das cheias do ano de 2001 que, inclusive, colocaram em risco a Ponte de S.º Gonçalo. Saliente-se que o Tâmega lança toda a sua água na Ponte Hintze Ribeiro, pois a sua foz é uns metros a montante da mesma, em Entre os Rios, Penafiel:
O Tâmega furioso é uma força da natureza!