O português Ricardo Araújo e dois paleontólogos moçambicanos anunciaram hoje a descoberta, província de Tete, em Moçambique, da mais extensa floresta fossilizada do continente africano e do período Pérmico, com cerca de 250 milhões de anos.
"Esta descoberta contribui para o conhecimento de como eram as florestas num período imediatamente antes à extinção de mais de 95% da vida na terra, em que os ecossistemas ficaram totalmente destruídos", disse à Lusa Ricardo Araújo, paleontólogo do Instituto Superior Técnico e do Museu da Lourinhã.
A descoberta é considerada surpreendente para a comunidade científica, uma vez que foram encontrados "troncos fossilizados de grandes dimensões e densamente povoados ao longo de mais de 75 quilómetros", adiantou, dando o exemplo de "troncos de mais de 12 metros de altura, o que quer dizer que as árvores teriam o triplo da altura, e com dois metros de diâmetro".
Para os paleontólogos, trata-se da floresta fossilizada mais extensa do período Pérmico até agora encontrada em África, com cerca de 250 milhões de anos (anterior ao período em que viveram os dinossauros).
Os paleontólogos acreditam que os troncos descobertos pertencem ao género de árvores 'Dadoxylon', uma classificação antiga em que cabem muitas espécies diferentes, motivo pelo qual o estudo mais aprofundado do material fóssil recolhido poderá não só confirmar essa hipótese, mas acima de tudo vir a determinar novos géneros e novas espécies botânicas.
"O potencial de existirem novos géneros e novas espécies é grande", apontou Ricardo Araújo, para quem "há a necessidade de reclassificação" do que já é conhecido.
A expedição durante a qual foi feita a descoberta, e em que participaram ainda os moçambicanos Nelson Nhamutole e Dino Milisse, do Museu de Geologia de Moçambique, decorreu entre 29 de julho e 17 de agosto e permitiu descobrir três novos locais que ainda não se encontravam na rota da paleobotânica de Moçambique e revisitar outros dois.
Moçambique é o país do mundo com mais registos de florestas fossilizadas do Pérmico e encontra-se entre as seis áreas do mundo com mais registos de troncos fossilizados, sendo os restantes África do Sul, Namíbia, Brasil, Antártida e Zâmbia.