«PORTISTAS CONTINUAM DE PÉ FRIO EM INGLATERRA
FC Porto derrotado pelo Leicester (0-1) na segunda jornada do grupo G da Liga dos Campeões.
Diz-nos o dicionário que maldição é o ato ou efeito de amaldiçoar, uma imprecação, uma praga. Trazê-la para o contexto de um jogo de futebol, sujeito a múltiplas variáveis, é, obviamente, um excesso. Há, porém, possíveis aproximações, em forma de metáfora, e é por isso que a maldição é invocada quando olhamos, por exemplo, para o registo do FC Porto quando joga em Inglaterra. E ela resistiu em Leicester, casa do atual campeão inglês, de onde os azuis e brancos sairam vergados a uma derrota (0-1) - a 15.ª em 17 partidas -, num jogo em que tiveram mais ataques periogos (31 contra 24), mais remates (12 contra seis), mas em que o Leicester foi bem mais eficaz e em que fez valer a força que tem quando joga em casa.
Em equipa que ganha não se mexe, diz o ditado popular carregado de um conservadorismo que na verdade não se aplica no futebol, mas que desta vez até foi seguido por Nuno Espírito Santo. Ao décimo jogo da temporada, o treinador do FC Porto lançou o mesmo onze que iniciou o jogo com o Boavista na passada sexta-feira, desenhando no campo um 4-4-2 que encaixava no 4-4-2 em que também se apresentava o Leicester, embora assente numa ideia de jogo diferente.
No dia em que se estreava na Liga dos Campeões, a casa onde as raposas já não perdiam há 13 jogos teve lotação esgotada, mas nem por isso intimidou os Dragões, tão habituados a estes palcos. O FC Porto protagonizou uma entrada forte, circulando bem a bola e podia ter chegado ao golo logo ao terceiro minuto, num chapéu de André Silva a Schmeichel, após um passe magistral de Otávio,. Do outro lado, o Leicester pareceu algo surpreendido com a forma como o FC Porto entrou e demorou a impor o seu jogo. Quando, no entanto, foi capaz de colocar rapidez nas transições em que é tão perigoso e a ocupar o campo em toda a sua largura, começou a aproximar-se da área azul e branca. E chegou ao golo no primeiro desequilíbrio que conseguiu criar, no segundo remate que fez à baliza, através de um cabeceamento de Slimani, que não deu hipóteses a Casillas, no dia em que o guarda-redes espanhol cumpriu o 50.º jogo oficial com a camisola azul e branca.
O golo animou os blues de Inglaterra que, em velocidade e através de processos simples, passaram a chegar facilmente chegar à baliza contrária, beneficiando de uma fase de menor inspiração dos portistas, que pareceram afetados pela desvantagem no marcador, precipitando-se em algumas decisões. A verdade é que até ao intervalo foi a eles que pertenceu o lance de maior perigo, num livre em que Layún levou a bola a rasar o poste da baliza de Schmeichel (35m).
A segunda parte trouxe um FC Porto diferente na forma como se dispunha em campo, porque Nuno mudou a estratégia, apostando num 4-3-3 híbrido, que a nível defensivo se transformava praticamente num 4-4-2. O Leicester deixou de conseguir explorar tantas vezes o contra-ataque, mas mantinha-se se fiel ao 4-4-2, com duas linhas muito próximas, o que obrigava os azuis e brancos a apostar em lançamentos longos e, quase sempre, sem grande sucesso.
Nesse sentido, Nuno voltou a mexer no jogo, lançando Diogo Jota e Herrera para os lugares de Adrián López e André André e a verdade é que os Dragões começaram a ter mais posse de bola, a chegar mais vezes à área contrária e a conseguir rematar mais vezes. Faltava-lhes, porém, decidir melhor e mais pontaria, não tanta quanto aquela que teve Jesús Corona (que tinha entrado para o lugar de Óliver Torres), quando, de primeira, rematou ao poste da baliza britânica. Nesta altura, os azuis e brancos eram claramente a melhor equipa em campo perante um adversário que acabou o jogo encostado à sua baliza, a defender com unhas e dentes a vantagem magra alcançada num dos seis remates que fez durante o jogo contra os 12 do FC Porto. A eficácia fez, portanto, toda a diferença.» in http://www.fcporto.pt/pt/futebol/fichas-de-jogo/Pages/Leicester-City-FC-Porto.aspx