«Pedaços de borracha descobertos em praias europeias alarmam ambientalistas
Publicado em 11 de Novembro de 2014.
Há dois anos que vários pedaços de borracha estão a dar à costa nas praias do norte de Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Holanda e Dinamarca e Suécia. Os fragmentos pertencem à plantação de borracha Tjipetir, na Indonésia, e poderão ter mais de cem anos.
Os fragmentos estão em excelentes condições, o que está a alarmar os ambientalistas, uma vez que os materiais, supostamente biodegradáveis, permanecem completamente intactos. Segundo estes, os pedaços estão em tão boas condições que poderiam ter vindo de algum navio que se tenha afundado recentemente. No entanto, o material é feito de um material bastante popular há 100 anos – muitos acreditam que estes fragmentos poderão ter vindo, inclusive, do Titanic.
Só na última semana, numa praia do Dorset britânico, foram recolhidos mais de 100 pedaços de borracha. “É um grande mistério. Apenas sabemos que eles vêm de uma plantação de borracha na Indonésia, há 100 anos, e que tinham a Europa como destino. Eles são de uma era pré-plastico e eram utilizados para vários produtos, de solas de sapatos ao isolamento dos primeiros cabos de telegrafia”, explicou ao Daily Mail o ambientalista Steve Trewhella.
Algumas das peças têm cerca de um metro de comprimento e são feitas de gutta percha, uma forma de latex feita de seiva da árvore homónima. Aos poucos, as peças do puzzle vão-se encaixando, mas por agora o mistério continua.» in http://greensavers.sapo.pt/2014/11/11/pedacos-de-borracha-descobertos-em-praias-europeias-alarmam-ambientalistas-com-fotos/
«O mistério das placas de borracha da Indonésia que desaguam em praias europeias
1/12/2014, 18:26324 PARTILHAS
A história de como uma plantação numa ilha do Oceano Índico levou pessoas de toda a Europa a unir-se em redor de um mistério que envolve navios naufragados, guerra e placas. Muitas placas.
Tjipetir. A palavra era absolutamente desconhecida para Tracey Williams no verão de 2012, quando, certa manhã, enquanto passeava o cão numa praia da Cornualha, Reino Unido, deu de caras com uma placa com essa inscrição. A Benjamin, um francês que passeava com a família na praia de Mimizan, perto de Bordéus, aconteceu o mesmo. E também a Lou, a Yael, a Nick e a muitos outros. Desde há uns anos, placas com a palavra Tjipetir têm dado à costa em várias praias da Europa e, agora, parece ter-se descoberto finalmente a sua origem.
Primeiro os factos: Tjipetir é uma pequena localidade da ilha indonésia de Java onde existiu, entre o fim do século XIX e início do XX, uma plantação de borracha e derivados. As placas que chegam às costas europeias não são de borracha, como pensaram inicialmente aqueles que as encontraram, mas sim de guta-percha, uma substância semelhante à borracha obtida a partir da árvore Palaquium, encontrada em países do subcontinente asiático.
Como é que placas de uma substância semelhante à borracha produzidas há mais de 80 anos na Indonésia acabam nas praias europeias? É isso que Tracey Williams tenta descobrir desde aquele verão de 2012. Para tal, criou a página de Facebook “Tjipetir Mistery“, onde são publicadas fotografias e testemunhos de pessoas que também encontraram placas destas. Para já, não há registo de que Tjipetir tenha chegado a praias lusas, mas isso não será improvável, uma vez que já se encontraram exemplares na Galiza, em Espanha.
Neste momento, parece ponto assente que a guta-percha de Tjipetir chegou à Europa devido ao naufrágio de um navio. Resta saber qual. Quando, em abril, o jornal francês Le Figaro contou como Benjamin tinha descoberto a sua placa, avançou no mesmo artigo que o mais provável era que esses materiais viessem no Titanic. “Consultei o manifesto de bordo e descobri que realmente transportava guta-percha”, conta Tracey Williams à BBC.
Poderia ser o fim da história, o último segredo do Titanic, como o apelidou o Le Figaro. Mas, em 2013, um navio japonês veio interferir com a lenda e adensar o mistério em redor das placas. Miyazaki Maru. Era assim que se chamava o barco nipónico construído em 1909 e afundado em plena Primeira Guerra Mundial, em 1917, por um submarino alemão, enquanto viajava de Yokohama para Londres. Entre a carga que transportava, placas de Tjipetir.
Essa informação chegou a Tracey através de duas pessoas diferentes sem qualquer relação entre si. E parece encontrar apoio junto das autoridades britânicas responsáveis pelos navios naufragados e sua carga. “As nossas investigações com estes materiais apontam para esse náufragio específico. Apesar de ainda não o termos confirmado, o Miyazaki Maru é a fonte mais provável dessas placas”, explicou à BBC Alison Kentuck, responsável governamental por naufrágios.
Mistério resolvido? Talvez. Mas é muito provável que as placas continuem a aparecer nas praias da Europa. Segundo alguns especialistas em destroços oceanográficos, até podem continuar a chegar nos próximos cem anos. Portanto o caro leitor fica desde já convidado: se encontrar alguma destas placas nas praias portuguesas, avise o Observador.» in http://observador.pt/2014/12/01/o-misterio-das-placas-de-borracha-da-indonesia-que-desaguam-em-praias-europeias/
(The Tjipetir Mystery)